6 de Out
Na imaginação:
- Foi o Imperador que disse ao Ministro da Justiça, em
despacho: "Sr. Lafayette, não esqueça o Faro".
- Que Faro? - O Faro de Sergipe. - Cá está o decreto; digne-se Vossa Majestade de assiná-lo. E o Imperador, assinando o decreto, ia dizendo ao ministro: - Posso afirmar-lhe, Sr. Lafayette, que tenho as melhores notícias deste Faro. Também eu, acudiu o Ministro da Justiça. - Todos nós, disseram os outros. E foi um coro de elogios: cada qual notava o teu zelo, retidão e clareza de espírito, temperança dos costumes, afabilidade das maneiras, sintaxe, penteado, filosofia, etc., etc.
- Que Faro? - O Faro de Sergipe. - Cá está o decreto; digne-se Vossa Majestade de assiná-lo. E o Imperador, assinando o decreto, ia dizendo ao ministro: - Posso afirmar-lhe, Sr. Lafayette, que tenho as melhores notícias deste Faro. Também eu, acudiu o Ministro da Justiça. - Todos nós, disseram os outros. E foi um coro de elogios: cada qual notava o teu zelo, retidão e clareza de espírito, temperança dos costumes, afabilidade das maneiras, sintaxe, penteado, filosofia, etc., etc.
Tudo isso desaparece com a revelação do Sr. Prado Pimentel.
Não desaparece para esse somente, mas para todos os agraciados, que vão perder
os aplausos da consciência e as visões da imaginação; passaram a ser agraciados
de um amigo, de um compadre, de um colega, que vem à corte e escreve no rol de
lembranças: "arranjar para o Chico Boticário uma comenda". Lá se vai
toda a teoria das graças do Estado. Não, o Dr. Prado Pimentel não podia
desvendar o segredo profissional .
A segunda causa do meu atormento foi a notícia que li, nuns
versos publicados em honra de Vítor Hugo, versos cheios de sentimento e vigor,
entre os quais estes dois que me estromparam:
Com suas filhas e netos,
Levou a cruz ao Calvário
Como se vê, foi um suplício de família; mas, ainda sendo de
família, todos os suplícios são lamentáveis. E aqui a consternação foi imensa.
Ver aquele grande homem, ladeado de duas moças e duas crianças, Calvário
acima, para lá pôr uma cruz, é ainda mais doloroso; que estupendo. E para que
levaria lá aquela cruz, se não tinha de; morrer nela eis aí o que me pareceu
requinte da malvadez A compensação única de levar uma cruz ao Calvário é morrer
nela. Deram ao pobre velho um suplício, além de coletivo, gratuito.
Já me lembrou se o novo poeta apenas quis fazer uma figura
Em tal caso, desaparece esta segunda causa de atordoamento, para só ficar um
desejo íntimo, que não hesito em tornar público. O desejo e que deixemos
repousar o Calvário por algum tempo Há já muito o Calvário em verso e em prosa.
Para que trocar este dobrão de ouro em moedinhas de níquel? é reduzi-lo a
comprar cigarros
Do Calvário à torre de S. José é um passo. Ouçam agora a
terceira causa do meu atordoamento.
Ontem, ao passar pela igreja, ouvi tocar um belo tango ou
fadinho, o não sei bem o que era; mas realmente era coisa patusca. Os sons
vinham da torre; eram os sinos que falavam aos fiéis da paróquia Já os tenho
ouvido muitas vezes, e mais os da Lapa dos Mercadores, que também nos dão da
mesma música. Em qualquer outra ocasião, iria andando o meu caminho; mas Já
estava atordoado, e então quase caí.
Confesso-lhes que, a princípio, fui injusto; atribuí essa
mistura de piedade e troça a uma certa soma de pulhice e trivialidade que
suponho existir nos nossos miolos; mas adverti que a culpa, se há culpa deve
ser toda do sineiro, que aproveita a ocasião de anunciar aos fregueses a missa
da manhã para anunciar também o fandango da noite.
E realiza ao mesmo tempo o que o personagem de Boileau só
podia fazer em horas separadas:
Le matin catholique et le soir idolâtre,
il dîne de l'Eglise et soupe du théâtre.
il dîne de l'Eglise et soupe du théâtre.
Tu, meu sineiro, tu ceias e jantas de uma e de outra
cozinha, sem descer da torre. Os fregueses gostam, e a irmandade gosta ainda
mais. Artificioso muezim cristão. Ulisses do badalo! Unes assim o salmo ao
couplet, em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo.
[8 junho]
POR LlBELO acusatório, dizem cinqüenta cidadãos anônimos
contra a policia, e especialmente o Sr. Ciro de Azevedo, delegado, e, sendo
necessário.
P.P. que os autores estavam pacificamente reunidos na casa
n.° 130 da Praça Onze de Junho, assistindo a uma briga de galos, quando o réu
apareceu acompanhado de alguns esbirros, e dissolveu a reunião, com o pretexto
de que era um espetáculo bárbaro, lançando assim um labéu a cinqüenta cidadãos
contribuintes e católicos; pelo que
P.P. que o dito réu praticou um duplo atentado, perturbando
o uso do direito de reunião e deslustrando a fama dos que o exerciam; e mais,
P.P. que, sendo o pensamento secreto dos autores
profundamente político e patriótico, ainda mais grave se tornou o ato da
autoridade, que daquele modo, além de ferir a lei e afrontar os autores,
atrasou a marcha do Estado; tríplice violência que a justiça não deve nem pode
deixar impune, sob pena de abalar todos os alicerces da nossa vida nacional,
porquanto,
P.P. que, residindo na Inglaterra a origem do sistema
parlamentar e representativo, é a ela que devem recorrer todos os Estados
congêneres, quando quiserem fortificar a própria vida política; sendo aliás
certo e universal, e nem pode negá-lo o réu, que a imitação dos bons é um
preceito de costumes, tanto na vida do indivíduo como na dos povos, pelo que,
P.P. que, lendo os autores, um dia destes, os debates das
câmaras, acharam que, a propósito da lei de forças de terra e da resolução
prerrogativa do orçamento, foram discutidos alguns negócios de Sergipe, a
reforma do estado servil, a dissolução da Câmara em 1884, a organização do
conselho de estado, o poder pessoal e uma professora de primeiras letras, e
parecendo que esta prática não é inglesa assentaram de prover de remédio um mal
tão grave; e assim,
P.P. que, não tendo assento na Câmara, e não dispondo de um
jornal sequer, trataram de escolher algum remédio externo e indireto; e foi
então que um deles declarou possuir um galo, e fazendo outro igual declaração,
todos os demais autores, em número de quarenta e oito, bateram na testa e
exclamaram que o remédio estava achado, pois que a briga de galos é prática
essencialmente britânica; e ainda mais,
P.P. que, escolhendo a briga de galos, não tiveram os
autores a mais remota intenção de aludir à atual briga entre o Sr. Coelho e
Campos, da Câmara, e o Sr. Barão da Estancia, do Senado, - alusão sem mérito,
porque cada um dos combatentes está no seu poleiro; e se a alguma coisa
quisessem os autores aludir, seria antes ao melhoramento trazido pelo Diário de
Noticias, onde um altruísta conservador fala ao pé de uma articulista
republicano, à mesma mesa, como se estivessem em casa própria; e, sendo certo,
P.P. que, se não tiraram nenhuma comparação do conflito
entre os ditos senador e deputado, não lhes caiu no chão uma palavra do
discurso do primeiro destes, o citado Barão da Estancia, a qual palavra é que o
presidente de Sergipe, apenas ali chegou, demitiu todas as autoridades da
localidade de S. Ex.a, "parecendo assim que ia hostilizar o Partido
Liberal e não o Conservador", palavra que, atenta a probidade e singeleza
de quem a proferiu, vale por um capítulo de psicologia política; mas, sendo
certo,
P.P. que citam isto de passagem, e para se defenderem de
qualquer alusão menos cabida, não se demorando nisso, nem no trecho em que
outro digno senador, o Sr. Correia, se admira de que devam ao tesouro
17.250:902$917 de impostos, e aconselha o meio executivo para cobrá-los, como
querendo S. Ex.a acabar violentamente com um dos ofícios mais rendosos deste
país, que é não pagar impostos ao Estado; e, pois,
P.P. que, começando a perder o fio das idéias, voltam aos
galos e à casa n.° 130 da Praça Onze de Junho, onde os ditos galos brigavam e
onde o réu os foi dissolver, como se galo fosse gente para merecer tanto
barulho, e como se não fosse muito melhor fazer brigar os galos do que brigarem
as próprias pessoas umas com as outras, escorrendo sangue das ventas humanas,
sem divertimento para ninguém, e principalmente para os sangrados; e finalmente,
P.P. que param neste ponto, a fim de não os aborrecer mais,
aconselhando que, enquanto não chegam outros usos da Inglaterra, vamos fazendo
uso do galo e suas campanhas. Antes o galo que nada.
[14 junho]
A RAZÃO que me faz amar, sobre todas as coisas deste mundo,
a nossa alma. Câmara Municipal, é que ali a gente pode dizer o que tem no
coração.
Cá fora tudo são restrições e cortesias. Um homem crê que
outro é tratante e dá-lhe um abraço, e raramente um pateta morre com a
persuasão de que o é. Obra das conveniências, costumes da civilização, que
corrompe tudo.
Na ilustríssima é o contrário.
Tudo ali parece respirar o estado social de Rousseau, é a
pura delicia da natureza em primeira mão. Não há sedas rasgadas, nem outras
bugigangas e convenções.
Se nem todos observam a regra da casa, que é, logo à porta,
desabotoar o colete e tirar os sapatos, não só para estar à fresca como para
meter os pés nas algibeiras dos outros, é porque não se perdem facilmente os hábitos
corruptos, mas basta que a regra exista, para crer que a reforma total se fará.
A última sessão (para não ir mais longe) deu-nos um desses
espetáculos em que a natureza rude e ingênua vinga os seus foros. Tratava-se da
limpeza do matadouro.
Ao que parece, este serviço estava a cargo de Fuão Silva,
que o fazia de graça, e foi dado a outro por 400$000 mensais. Um dos vereadores
pegou do ato, e começou por dizer que o presidente não tinha culpa do que
fizera, visto que foi mal informado por outro vereador, e caiu em cima deste.
Não esteve com uma nem duas disse-lhe claramente que estava perseguindo o
Silva, e protegendo a alguém à custa dos cofres municipais; que era um
escândalo e já não era o primeiro; que o dito vereador é uma potência do
matadouro, onde prefere a quem quer; que prorroga contratos sem conhecimento da
causa; que protege também um certo Marinho, e muitas outras coisas, concluindo
por dizer ironicamente que esperava que o outro, com a eloquência que todos lhe
reconhecem, viria explicar tudo isso foi dito sem barulho, e respondido sem
barulho A resposta do outro foi que o novo empresário Fuão Dumas, que faz a
limpeza por 400$000, dá 200$000 mensais ao primeiro, que a fazia de graça. Juro
por Deus Nosso Senhor que não estou inventando.
A única coisa que faço é não entender nada. Nem isso, nem a
proposta com que o orador terminou, para que se faça o contrato definitivo com
o dito Fuão Dumas, pagando este à Câmara 100$000 mensais, em vez de receber os
400$000. Mas, repito, tudo isto sem barulho .
Pode-se dizer, é verdade, que os pontos mais escabrosos
deviam ser excluídos da ata, onde se relacionavam os serviços da Câmara, que
não são poucos nem fáceis. Com efeito, a natureza é rude e franca; mas os
ventos, que são os seus jornais, não transmitem tudo o que ela arranca do
coração; alguma coisa morre para todo o sempre. Não! o exemplo não presta;
vejamos outro.
A civilização, que não inventou o defluxo, inventou o lenço,
que dissimula o defluxo, guardando no bolso os seus efeitos. Mas a pura natureza
ainda está com o chamado lenço de cinco pontas, que são, Deus me perdoe, os
próprios dedos que ele nos deu, e a sua regra é ir deixando os defluxos pelo
caminho. Pois bem; deixe a Ilustríssima
Câmara o uso piegas do lenço, não guarde na algibeira os seus
defluxos, mas tão-somente o suor do seu trabalho. Deite o resto ao chão.
[20 de junho]
DIÁLOGO DOS ASTROS
DOM SOL - Mercúrio, dá cá os jornais do dia.
MERCÚRIO - Sim, meu senhor. (Procurando os jornais.) Sempre
lhe admira muito como é que Vossa Claridade pode ler tantos jornais. São todos
interessantes? Olhe, aqui tem o Escorpião.
DOM SOL - Uns mais que outros; mas ainda que não tivessem
interesse nenhum, era preciso lê-los, para saber do que vai pelo Um verso. Já
chegou a Via-Láctea?
MERCÚRIO - Aqui está.
DOM SOL - Esta folha é das menores; tem uma circulação de
trazer, os biliões de exemplares.
MERCÚRIO - Já não é mau! Aqui está o Eclipse e a Fase.
DOM SOL - Não são tão bons.
MERCÚRIO - O Crescente, a Bela Estrela Canopo e a Revista
das Constelações, Creio que é tudo. Falta só o Cometa, mas, como sabe,só
aparece de longe em longe; dizem até que vai fechar a porta.
DOM SOL (distraído) - 11 faut qu'une porte soit ouverte ou
fermée.
MERCÚRIO - Gracioso! mui gracioso!
DOM SOL - (à parte) - O que eu disse não tem graça nenhuma;
foi uma coisa como qualquer outra, mas ele há de rir por força. (Alto) Bem,
agora deixe-me ir.
MERCÚRIO - Perdão, mas . . . acho aqui uma folha que nunca
vi... Diário do Brasil, Vossa Claridade conhece-a?
DOM SOI. - Diário do Brasil? Não.
MERCÚRIO - Estava aqui com as outras; são três números.
Creio que é da Terra...
DOM SOL - Mercúrio, tu sabes que eu da Terra só leio o que
diz respeito ao aspecto do céu, e isso mesmo só para saber que figura fazemos
lá embaixo. Diário do Brasil? Tu vês que até o título é bárbaro. Leva, leva...
8 de Out
MERCÚRIO (percorrendo um número) - Contudo, há coisas ir
restantes... Oh! cá está o nome de Vossa Claridade, é uma ca que lhe mandam. Há
de haver outras nos outros números. Cá e mais uma, mais duas.
DOM SOL - Cartas a mim? Eles que me escrevem, é que t alguma
coisa nova ou interessante na cabeça. Se assim não fosse, me escreveriam.
MERCÚRIO - Exato! perfeitamente exato!
DOM SOL (à parte) - Isto que acabo de dizer é inteiramente
falso mas a manha dele é achar exato tudo o que não acha gracioso. (Alto)
Mercúrio, preciso de estar só; vi ali à constelação da Grande Ursa fazer-lhe
uma visita.
MERCÚRIO - Obedeço! (À parte) Os tais números do Diário do
Brasil foram recebidos por mim mesmo à porta do Firmamento, para fazê-los
chegar às mãos de Sua Claridade. Esperemos agora o efeito da leitura. (Sai.)
DOM SOL - Vejamos as tais cartas. São três. . . Tratam-me
com muito azedume e ainda pior. Elemento quê?... Servil. Não sei que é.
Elemento servil? Eu só conheço os antigos elementos, que eram quatro, e hoje
andam às dúzias. Diz aqui que eu, se mergulho numa polpa de azeite não saio
incólume; mas é que eu não mergulhei para que diabo havia de mergulhar numa
pipa de azeite? Confesso que não entendo. (Depois de algum tempo.) Aqui parece
que se exorta a não esquecer um inolvidável dever, e não acho isto bom: porque
o dever é coisa tão árdua, que, ainda sendo inolvidável, por ser olvidável.
Provavelmente a palavra está na moda, lá que é bonita, é. Inolvidável! Já me
disseram que naquele país certas palavras são como o feitio do fraque aparece
um com um feitio novo, todos pegam do feitio, até abandoná-lo; depois vem
outro. Houve o feitio imaculado, depois veio o feitio incomparável, depois o
feitio nítido agora é o inolvidável. (Pausa.) Começo a ficar aborrecido.
Mercúrio
MERCÚRIO - Pronto!
DOM SOL - Já tinhas saído?
MERCÚRIO - Já, sim, Senhor; estava ali a cinco mil
quilômetro quando Vossa Claridade se dignou chamar-me.
DOM SOL - Mercúrio, eu não entendo estas cartas. Dizem-me
coisas de que não sei absolutamente nada. Eu não mandei ninguém soprar coisa
nenhuma no seio da Representação Nacional. Não s mesmo onde é que ela fica. E
alguma constelação nova?
MERCÚRIO - Saberá Vossa Claridade que, metaforicamente, por
chamar-se uma constelação, mas não
o é, no natural sentido.
o é, no natural sentido.
DOM SOL - Então o que é?
MERCÚRIO - Com sua licença, é a assembléia das pessoas que
povo escolhe para tratar dos seus negócios, fazer as leis, votar os impostos.
Compõe-se de uma maioria e uma minoria.
DOM SOL - Mas então este pedaço de carta alude à Lua, que
também se divide em minguante e crescente...
MERCÚRIO - Gracioso! Mui gracioso!
DOM SOL (à parte) - E insuportável! Os senhores são
testemunhas de que eu disse aquilo somente para matar o tempo, mas o diabo acha
gracioso tudo o que não acha exato. (Alto) Mercúrio, estas cartas provavelmente
são para o imperador daquele país. Chamam-lhe soí, como a Luís XIV, mas é pura
sinonímia, não tem nada comigo.
MERCÚRIO - E o mais é, que bem pode ser assim. Pois agoira
direi a \/osso Claridade, que eu mesmo é que as recebi à porta, com
recomendação de as entregar em mão. E o que foi; enganaram-se com o nome.
DOM SOL - Manda-as ao imperador, que naturalmente terá
recebido multas outras. Sabes se ele
guarda-as todas?
guarda-as todas?
MERCÚRIO - Não, meu senhor, não sei.
DOM SOL - Eu, no caso dele, só guardava as que tivessem
estilo. Olha, Mercúrio, os arrufos passam, mas o estilo fica. (Àparte) Entendam
lá este paspalhão: agoira que eu disse uma coisa melhorzinha, é que ele se
deixa estar calado.
[26 junho]
CUSTÓDIO e Cristo Júnior! Tais são os nomes de duas
interessantes criaturas, cujos feitos andam nas folhas públicas e nos anais
judiciários. Podia dizer isso em palavras menos graves, mas então descairia do
assunto, que é gravíssimo, e das pessoas e dos nomes.
Vejamos o que fez Custódio: depois vejamos o que fez Cristo
Júnior.
Custódio (subentende-se anjo Custódio) não fez absolutamente
nada. Foi Deus que matou as reses, ou então foi algum perverso que as
envenenou. O certo é que elas apareceram erradas e mortas, na chácara
Castanheiro, que o leitor da corte não conhece, nem eu porque fica em Sorocaba.
Custódio o que fez, foi pegar das reses, cortá-las, salgá-las e vendê-las.
Daí alvoroço, pesquisa e interrogatório. Custódio confessa
nobremente o que fez e o que não fez. O que fez, foi como digo, cortar e salgar
as reses; mas nem foi ele que as matou, nem (atenção!) as vendeu para Sorocaba,
mas para fora, para longe, para onde nenhum sorocabano lhes metesse o dente.
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