Total de visualizações de página

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O Texto em Ambiente de Hipermídia – Lúcia Santaella

 Citações

“Embora não se possa negar que a quantidade de textos produzidos no século XX seja imensa, os meios de impressão não podem competir com o plano espetacularizado das imagens.  Por isso mesmo, para muitos, o século XX foi o século das imagens e da proeminência dos meios audiovisuais.”  [299]

“Os processos de digitalização do computador absorveram-no, provocando sua migração para as telas dos monitores. Ao ser absorvido para este novo suporte, o texto passou por transformações, por verdadeira mudança.”  [300]

“...o hipertexto passou, há alguns anos, a coabitar com os multimeios, misturas de sons, ruídos, imagens de todos os tipos, fixas e animadas, configurando os ambientes de hipermídia.  O que se tem aí é uma linguagem inaugural em um novo tipo de meio ou ambiente de informação no qual ler, perceber, escrever, pensar e sentir adquirem características inéditas (Landow, 1994, p.11)   [300]


“Quanto à digitalização, essa linguagem universal que permite tratar todos os tipos de informação sob um mesmo princípio, suas primeiras aplicações comerciais não têm ainda duas décadas (Rosnay, 1997, p.92).  A acelerada expansão da hipermídia nos últimos anos permite prever o papel que ela deverá desempenhar na cultura emergente e futura dos ambientes virtuais.” [300]

“Um bit não tem cor, tamanho ou peso e é capaz de viajar à velocidade da luz.  É o menor elemento atômico no DNA da informação.”  [301]

“Foi a digitalização computacional que ofereceu o suporte perfeito para a operacionalização do hipertexto.”  [301]

“...o computador é capaz de amplificar o repertório humano de habilidades, linguagem, metodologia e treinamento.”  [305]

“...hipermídia, junção do hipertexto com a multimídia, esta formada pela justaposição de textos, sons e imagens das mais diversas ordens.”  [305]

“O hipertexto não necessita que a sequência entre os módulos seja fixa.  A não obrigatoriedade de acesso a um conteúdo específico garante a manutenção do sistema.”  [307]

“Transitando entre informações modularizadas, reticuladas, as opções do caminho a seguir são de inteira responsabilidade do leitor.  O hipertexto não é feito para ser lido do começo ao fim, mas sim através de buscas, descobertas e escolhas.”  [308]

“...hipertexto... não existe início, meio e fim.  A exploração das lexias deixa  o usuário à vontade para explorar apenas um ou vários módulos de informação.  Segundo Ted Nelson, isso permite aos leitores analisar o conteúdo de diferentes pontos de vista e diferentes níveis de profundidade até encontrarem a perspectiva que desejam. É também uma maneira de não se precisar escrever para um tipo específico de leitor, mas escrever e separar diferentes níveis de profundidade relacionados ao assunto.  Com isso, o leitor se aprofunda na medida desejada no conteúdo de seu interesse.”  [309]

“O ideal é que o usuário tenha a liberdade de ‘falar’ à medida que queira. Assim ocorre o processo interativo  em que dois elementos falam, pensam e ouvem.”  [309]

“O hipertexto é eminentemente interativo. O leitor não pode usá-lo de modo reativo ou passivo. Ao final de cada página ou tela, é preciso escolher para onde seguir.  É o usuário que determina que informação deve ser vista, em que sequência e por quanto tempo.  Quanto maior a interatividade, mais profunda será a experiência de imersão do leitor, imersão que se expressa na sua concentração, atenção e compreensão da informação.  O desing da interface é feito para incentivar a determinação e tomada de decisão por parte do usuário.”  [310]

“Entretanto, a grande flexibilidade do ato de ler um hipertexto – leitura em trânsito – pode se transformar em desorientação se o receptor não for capaz de formar um mapa cognitivo – mapeamento mental do desenho estrutural do documento. Para a formação desse mapa, contudo, ele precisa encontrar pegadas que funcionem como sinalizações do design do hipertexto.”  [310]

“O que deve haver é um equilíbrio entre os dispositivos de orientação para a leitura e o potencial para as escolhas polisequênciais do leitor.”  [315]

“...definidores do hipertexto: o convite à  exploração, a exploração sem mapa e à vista desarmada e a inteligência astuciosa.”  [315]

“O texto dá a sensação de ter sido dirigido a nós.  A mensagem em circuito  é tanto dirigida quanto dirigível por nós; o modo é fundamentalmente interativo ou dialógico (Nichols, 1996, p.127).”    [316]

“A não-linearidade é uma propriedade do mundo digital.  Nele não há começo, meio ou fim. Quando concebidas em forma digital, as ideias tomam formas não-lineares.  A chave mestra para essas sintaxes da descontinuidade se chama “hiperlink”, a conexão entre dois pontos no espaço digital, um conector especial que aponta para outras informações disponíveis, e é o capacitador essencial do hipertexto.”  [316]

“Hoje, cada vez menos os hiperdocumentos estão constituídos apenas de texto verbal, mas integrados em tecnologias que são capazes de produzir e disponibilizar som, fala, ruído, gráficos, desenhos, fotos, vídeos etc.  Essas informações multimídia também constituem os nós.  Assim, os nós de informação podem aparecer na forma de texto, gráficos, sequências de vídeos ou de áudio, janelas ou de misturas entre eles.”  [317]

“...o termo ‘hiper’ se reporta à estrutura complexa da informação.”   [317]

“Hipermídia significa ‘a integração sem suturas de dados, textos, imagens de todas as espécies e sons dentro de um único ambiente de informação digital’ (Feldman, 1995, p.4).  Trata-se de conglomerados de informação multimídia de acesso não sequencial, navegáveis através de palavras-chave semi-aleatórias.  São assim um paradigma para a construção coletiva do sentido, novos guias para a compreensão individual e grupal (Piscitelli, 2002, p. 26)”.   [317]

“Tendo sua base na digitalização, foram dois os fatores que levaram à emergência da hipermídia: a hibridização das tecnologias e a convergência das mídias.”  [318]

“...os programas multimídias (software)  literalmente programam as misturas de linguagem a partir  dessas três fontes primordiais: os signos audíveis (sons, músicas, ruídos), os signos imagéticos (todas as espécies de imagens fixas e animadas) e os signos verbais (orais e escritos).”  [320]
“Longe de ser apenas uma nova técnica, um novo meio para a transmissão de conteúdos preexistente, a hipermídia é, na realidade, uma nova linguagem que nasce da criação de hipersintaxe capazes de refuncionalizar linguagens (textuais, sonoros, visuais) que antes só muito canhestramente poderiam estar juntas, combinando-as e retecendo-as em uma mesma malha multidimensional.  Toda nova linguagem traz consigo novos modos de pensar, agir, sentir.  Brotando de convergência fenomenológica de todas as linguagens e pensamento sonoro, visual e verbal, com todos os seus desdobramentos e misturas possíveis (ver Santaella, 2001).”  [320]

“Com a tecnologia atual, seja ela CD-ROM multimídia, seja DVD, WWW ou um mundo virtual, o usuário dirige o ponteiro do mouse e clica em um conexão iluminada.  Uma referência informacional imediatamente aparece.  Clica-se de um lugar para outro, em uma miríade de caminhos, com o potencial de rastrear um vasto mundo de informações.  Esse processo interativo é chamado ‘navegação’.  A navegação responde a nossas escolhas.  A experiência de leitura ou de navegação não é predeterminada, ela carrega uma dose de aventura.”  [321]

“No seu caráter movente, fluido, submetido às intervenções do usuário, as estruturas da hipermídia constituem-se em ‘arquiteturas líquidas.”  [321]

“...com base numa pesquisa conceitual empírica, cheguei à caracterização de três perfis cognitivos ou estilos de navegação para o leitor imersivo, ou seja, esse novo tipo de leitor que navega de uma informação a outra no espaço virtual ou ciberespaço: o navegador ou internauta errante, o internauta detetive e o internauta previdente.”  [322]

“O internauta errante é aquele que navega utilizando o ponteiro magnético do instinto para adivinhar, isto é, movimenta-se orientado primordialmente pelas adivinhações. Estas são inferências que situam o navegador dentro de uma lógica que não vai além do plausível, pois a adivinhação, tecnicamente chamada de ‘abdução’, é a mais frágil das inferências.”  [322]

“...o navegador enfrenta a sua tarefa como quem brinca, explorando aleatoriamente o campo de possibilidades aberto pela trama hipermidiática com o desprendimento típico daqueles que não temem  o risco de errar.”  [322]

“Navegar de maneira errante é ficar à deriva por causa da ausência de um predeterminado, o que significa que esse internauta não traz consigo o suporte da memória, pois ele navega como quem percorre territórios.”  [322]

“O internauta detetive, por seu lado, é aquele que, orientado pelas inferências indutivas, segue, com muita disciplina, as trilhas dos índices de que os ambientes hipermidiáticos estão povoados. Os resultados que alcança resultam do emprego de uma lógica provável.  Como um experimentador ad hoc, munido de uma memória operativa aguçada, esse navegador se movimenta no campo de contingente.  Suas estratégias de busca são acionadas através de avanços, erros e autocorreções.  Seu percurso se caracteriza, portanto, como um processo auto-organizativo próprio daquele que aprende com a experiência.  Por meio desse aprendizado, o navegador detetive vai gradativamente transformando as dificuldades em adaptação.”  [323]

“O internauta previdente, por fim, hábil no desenvolvimento das inferências dedutivas, é aquele que, tendo já passado pelo processo de aprendizagem, adquiriu tal familiaridade com os ambientes informacionais que neles se movimenta seguindo a lógica da previsibilidade.  Por isso, é capaz de antecipar as consequências de cada uma de suas escolhas, que são muito mais escolhas necessárias do que contingente.  Isso é possível porque a atividade mental mestra do previdente é a da elaboração... Sua navegação se dá em percursos ordenados, norteados por uma memória de longo prazo que o livra dos riscos inesperados.”  323]

“Assim, disciplinas como filosofia, psicologia, antropologia, sociologia, hoje, são básicas em muitos cursos diferentes dentro das humanidades, mais cedo ou mais tarde, a hipermídia deverá entrar como disciplina também básica em uma grande diversidade de cursos, da engenharia à medicina, da comunicação à história, das letras à informática.”  [327]








2 comentários:

ribeiro, d g disse...

Maravilhoso fichamento, Rosilda! Brigaduuuuu

Profª Rosilda disse...

Agradeço a visita e fico feliz em ter ajudado. É sempre bom poder compartilhar, pois também estamos sempre precisando.