Citações
“Embora não se possa negar que a quantidade de textos
produzidos no século XX seja imensa, os meios de impressão não podem competir
com o plano espetacularizado das imagens.
Por isso mesmo, para muitos, o século XX foi o século das imagens e da
proeminência dos meios audiovisuais.”
[299]
“Os processos de digitalização do computador absorveram-no,
provocando sua migração para as telas dos monitores. Ao ser absorvido para este
novo suporte, o texto passou por transformações, por verdadeira mudança.” [300]
“...o hipertexto passou, há alguns anos, a coabitar com os
multimeios, misturas de sons, ruídos, imagens de todos os tipos, fixas e
animadas, configurando os ambientes de hipermídia. O que se tem aí é uma linguagem inaugural em
um novo tipo de meio ou ambiente de informação no qual ler, perceber, escrever,
pensar e sentir adquirem características inéditas (Landow, 1994, p.11) [300]
“Quanto à digitalização, essa
linguagem universal que permite tratar todos os tipos de informação sob um
mesmo princípio, suas primeiras aplicações comerciais não têm ainda duas
décadas (Rosnay, 1997, p.92). A
acelerada expansão da hipermídia nos últimos anos permite prever o papel que
ela deverá desempenhar na cultura emergente e futura dos ambientes virtuais.”
[300]
“Um bit não tem cor, tamanho ou peso e é capaz de viajar à velocidade
da luz. É o menor elemento atômico no
DNA da informação.” [301]
“Foi a digitalização computacional
que ofereceu o suporte perfeito para a operacionalização do hipertexto.” [301]
“...o computador é capaz de
amplificar o repertório humano de habilidades, linguagem, metodologia e
treinamento.” [305]
“...hipermídia, junção do
hipertexto com a multimídia, esta formada pela justaposição de textos, sons e
imagens das mais diversas ordens.” [305]
“O hipertexto não necessita que a
sequência entre os módulos seja fixa. A
não obrigatoriedade de acesso a um conteúdo específico garante a manutenção do
sistema.” [307]
“Transitando entre informações
modularizadas, reticuladas, as opções do caminho a seguir são de inteira
responsabilidade do leitor. O hipertexto
não é feito para ser lido do começo ao fim, mas sim através de buscas,
descobertas e escolhas.” [308]
“...hipertexto... não existe
início, meio e fim. A exploração das
lexias deixa o usuário à vontade para
explorar apenas um ou vários módulos de informação. Segundo Ted Nelson, isso permite aos leitores
analisar o conteúdo de diferentes pontos de vista e diferentes níveis de
profundidade até encontrarem a perspectiva que desejam. É também uma maneira de
não se precisar escrever para um tipo específico de leitor, mas escrever e
separar diferentes níveis de profundidade relacionados ao assunto. Com isso, o leitor se aprofunda na medida
desejada no conteúdo de seu interesse.”
[309]
“O ideal é que o usuário tenha a
liberdade de ‘falar’ à medida que queira. Assim ocorre o processo
interativo em que dois elementos falam,
pensam e ouvem.” [309]
“O hipertexto é eminentemente
interativo. O leitor não pode usá-lo de modo reativo ou passivo. Ao final de
cada página ou tela, é preciso escolher para onde seguir. É o usuário que determina que informação deve
ser vista, em que sequência e por quanto tempo.
Quanto maior a interatividade, mais profunda será a experiência de
imersão do leitor, imersão que se expressa na sua concentração, atenção e
compreensão da informação. O desing da interface é feito para
incentivar a determinação e tomada de decisão por parte do usuário.” [310]
“Entretanto, a grande
flexibilidade do ato de ler um hipertexto – leitura em trânsito – pode se
transformar em desorientação se o receptor não for capaz de formar um mapa
cognitivo – mapeamento mental do desenho estrutural do documento. Para a
formação desse mapa, contudo, ele precisa encontrar pegadas que funcionem como
sinalizações do design do hipertexto.” [310]
“O que deve haver é um equilíbrio
entre os dispositivos de orientação para a leitura e o potencial para as escolhas
polisequênciais do leitor.” [315]
“...definidores do hipertexto: o
convite à exploração, a exploração sem
mapa e à vista desarmada e a inteligência astuciosa.” [315]
“O texto dá a sensação de ter sido
dirigido a nós. A mensagem em
circuito é tanto dirigida quanto
dirigível por nós; o modo é fundamentalmente interativo ou dialógico (Nichols,
1996, p.127).” [316]
“A não-linearidade é uma
propriedade do mundo digital. Nele não
há começo, meio ou fim. Quando concebidas em forma digital, as ideias tomam
formas não-lineares. A chave mestra para
essas sintaxes da descontinuidade se chama “hiperlink”,
a conexão entre dois pontos no espaço digital, um conector especial que
aponta para outras informações disponíveis, e é o capacitador essencial do hipertexto.” [316]
“Hoje, cada vez menos os
hiperdocumentos estão constituídos apenas de texto verbal, mas integrados em
tecnologias que são capazes de produzir e disponibilizar som, fala, ruído,
gráficos, desenhos, fotos, vídeos etc.
Essas informações multimídia também constituem os nós. Assim, os nós de informação podem aparecer na
forma de texto, gráficos, sequências de vídeos ou de áudio, janelas ou de
misturas entre eles.” [317]
“...o termo ‘hiper’ se reporta à
estrutura complexa da informação.” [317]
“Hipermídia significa ‘a
integração sem suturas de dados, textos, imagens de todas as espécies e sons
dentro de um único ambiente de informação digital’ (Feldman, 1995, p.4). Trata-se de conglomerados de informação multimídia
de acesso não sequencial, navegáveis através de palavras-chave
semi-aleatórias. São assim um paradigma
para a construção coletiva do sentido, novos guias para a compreensão
individual e grupal (Piscitelli, 2002, p. 26)”. [317]
“Tendo sua base na digitalização,
foram dois os fatores que levaram à emergência da hipermídia: a hibridização
das tecnologias e a convergência das mídias.”
[318]
“...os programas multimídias (software) literalmente programam as misturas de
linguagem a partir dessas três fontes
primordiais: os signos audíveis (sons, músicas, ruídos), os signos imagéticos
(todas as espécies de imagens fixas e animadas) e os signos verbais (orais e
escritos).” [320]
“Longe de ser apenas uma nova
técnica, um novo meio para a transmissão de conteúdos preexistente, a hipermídia
é, na realidade, uma nova linguagem que nasce da criação de hipersintaxe
capazes de refuncionalizar linguagens (textuais, sonoros, visuais) que antes só
muito canhestramente poderiam estar juntas, combinando-as e retecendo-as em uma
mesma malha multidimensional. Toda nova
linguagem traz consigo novos modos de pensar, agir, sentir. Brotando de convergência fenomenológica de
todas as linguagens e pensamento sonoro, visual e verbal, com todos os seus
desdobramentos e misturas possíveis (ver Santaella, 2001).” [320]
“Com a tecnologia atual, seja ela
CD-ROM multimídia, seja DVD, WWW ou um mundo virtual, o usuário dirige o
ponteiro do mouse e clica em um
conexão iluminada. Uma referência
informacional imediatamente aparece.
Clica-se de um lugar para outro, em uma miríade de caminhos, com o
potencial de rastrear um vasto mundo de informações. Esse processo interativo é chamado
‘navegação’. A navegação responde a
nossas escolhas. A experiência de
leitura ou de navegação não é predeterminada, ela carrega uma dose de
aventura.” [321]
“No seu caráter movente, fluido,
submetido às intervenções do usuário, as estruturas da hipermídia constituem-se
em ‘arquiteturas líquidas.” [321]
“...com base numa pesquisa
conceitual empírica, cheguei à caracterização de três perfis cognitivos ou
estilos de navegação para o leitor imersivo, ou seja, esse novo tipo de leitor
que navega de uma informação a outra no espaço virtual ou ciberespaço: o
navegador ou internauta errante, o internauta detetive e o internauta previdente.” [322]
“O internauta errante é aquele que
navega utilizando o ponteiro magnético do instinto para adivinhar, isto é,
movimenta-se orientado primordialmente pelas adivinhações. Estas são
inferências que situam o navegador dentro de uma lógica que não vai além do
plausível, pois a adivinhação, tecnicamente chamada de ‘abdução’, é a mais
frágil das inferências.” [322]
“...o navegador enfrenta a sua
tarefa como quem brinca, explorando aleatoriamente o campo de possibilidades
aberto pela trama hipermidiática com o desprendimento típico daqueles que não
temem o risco de errar.” [322]
“Navegar de maneira errante é
ficar à deriva por causa da ausência de um predeterminado, o que significa que
esse internauta não traz consigo o suporte da memória, pois ele navega como
quem percorre territórios.” [322]
“O internauta detetive, por seu
lado, é aquele que, orientado pelas inferências indutivas, segue, com muita
disciplina, as trilhas dos índices de que os ambientes hipermidiáticos estão
povoados. Os resultados que alcança resultam do emprego de uma lógica
provável. Como um experimentador ad hoc, munido de uma memória operativa
aguçada, esse navegador se movimenta no campo de contingente. Suas estratégias de busca são acionadas
através de avanços, erros e autocorreções.
Seu percurso se caracteriza, portanto, como um processo
auto-organizativo próprio daquele que aprende com a experiência. Por meio desse aprendizado, o navegador
detetive vai gradativamente transformando as dificuldades em adaptação.” [323]
“O internauta previdente, por fim,
hábil no desenvolvimento das inferências dedutivas, é aquele que, tendo já
passado pelo processo de aprendizagem, adquiriu tal familiaridade com os
ambientes informacionais que neles se movimenta seguindo a lógica da previsibilidade. Por isso, é capaz de antecipar as
consequências de cada uma de suas escolhas, que são muito mais escolhas
necessárias do que contingente. Isso é
possível porque a atividade mental mestra do previdente é a da elaboração...
Sua navegação se dá em percursos ordenados, norteados por uma memória de longo
prazo que o livra dos riscos inesperados.”
323]
“Assim, disciplinas como
filosofia, psicologia, antropologia, sociologia, hoje, são básicas em muitos
cursos diferentes dentro das humanidades, mais cedo ou mais tarde, a hipermídia
deverá entrar como disciplina também básica em uma grande diversidade de
cursos, da engenharia à medicina, da comunicação à história, das letras à
informática.” [327]
2 comentários:
Maravilhoso fichamento, Rosilda! Brigaduuuuu
Agradeço a visita e fico feliz em ter ajudado. É sempre bom poder compartilhar, pois também estamos sempre precisando.
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