Citações
“...a questão do vínculo social, enquanto questão, é um jogo
de linguagem, o da interrogação, que posiciona imediatamente aquele que a
apresenta, aquele a quem ela se dirige e o referente que ela interroga: esta
questão já é assim o vínculo social.”
[29]
“...os enunciados de comando nas forças armadas, de prece
nas igrejas, de denotação nas escolas, de narração nas famílias, de
interrogação nas filosofias, de desempenho nas empresas... A burocratização é o
limite extremo dessa tendências” [32]
“O saber não é a ciência, sobretudo em sua forma atual; e
esta, longe de poder ocultar o problema de sua legitimidade, não pode deixar de
apresentá-lo em toda sua amplitude, que não é menos sociopolítica que epistemológica. Precisemos, de início, a natureza do saber
narrativo; este exame permitirá, por comparação, discernir melhor pelo menos
certas características da forma de que se reveste o saber científico na
sociedade contemporânea.” [35]
“O saber geral não se reduz à ciência, nem mesmo ao
conhecimento. O conhecimento seria o
conjunto dos enunciados que denotam ou descrevem objetos, excluindo-se todos os
outros enunciados, e suscetíveis de serem declarados verdadeiros ou falsos. A ciência seria um subconjunto do
conhecimento. Feita também de enunciados
denotativos, ela imporia duas condições suplementares à sua aceitabilidade: que
os objetos aos quais ele se referem sejam acessíveis recursivamente, portanto,
nas condições de observação explícitas; que se possa decidir se cada um destes
enunciados pertence ou não pertence à linguagem considerada como pertinente
pelos experts.” [35]
“...o saber é aquilo que torna alguém capaz de proferir
‘bons’ enunciados denotativos, mas também ‘bons’ enunciados prescritivos, avaliativos...
Não consiste numa competência que abranja determinada espécie de enunciados,
por exemplo, os cognitivos, à exclusão
de outros. Ao contrário, permite
‘boas’ performances a respeito de
vários objetos de discursos: a se
conhecer, decidir, avaliar, transformar... Daí
resulta uma de suas principais características: coincide com uma “formação” considerável de
competência , é a forma única encarnada em um sujeito, constituído pelas
diversas espécies de competência que o compõe.”
[36]
“O saber...determina...o que é preciso dizer para ser
entendido, o que é preciso escutar para poder falar e o que é preciso
representar (sobre a cena da realidade diegética) para poder se constituir no
objeto de um relato.” [39]
“...a ciência pós-moderna torna a teoria de sua própria
evolução descontínua, catastrófica, não reitificável, paradoxal. Muda o sentido da palavra saber e diz como
esta mudança pode se fazer. Produz, não
o conhecido, mas o desconhecido. E
sugere um modelo de legitimação que não é de modo algum o da melhor performance, mas o da diferença
compreendida como paralogia.” [108]
“P. B. Medawar dizia que ‘ter ideias é o supremo êxito para
um cientista’, que não existe ‘método científico’ e que um cientista é em
princípio alguém que ‘conta histórias’, cabendo-lhe simplesmente
verificá-las.” [108]
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