Total de visualizações de página

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Perto até demais - Rosilda da Silva

Não me digas isso,
não fales assim tão sem cuidado,
que despertas em mim
um estranho ciúme.
Sim,
ciúme do teu travesseiro.

Ou, quem sabe, mais de um?

Ah... que ciúme deles!
Eles, sim, os teus travesseiros,
tão brancos e tão macios
e que tão perto de ti podem dormir,
perto até demais.

Tão perto, que chegam a sentir teu cheiro,
e chegam a perceber teus sonhos,
e chegam a não entender por que respiras tão fundo,
e por que sonhas se ainda não dormes,
e por que te apertas, te viras, te angustias,
se deitaste para relaxar.

Que ciúme de teus travesseiros,
que tão brancos e tão macios
dividem a mesma cama contigo
e já não sofrem quando insone,
pois ali te tem. Ou os jogas no chão?


Não faças isso.
Não assim, tão sem cuidado,
que despertas em um mim
um estranho ciúme.
Sim,
Ciúme de teus travesseiros,
Que por tuas mãos

Vão e voltam,

Vão e voltam,

Vão e voltam...

Mas que ao final,
tão perto de ti podem dormir,

perto até demais.

Nenhum comentário: