Ideias Principais
Objeto do texto – Mostrar noções que unem a ideia de
patrimônio como preservador da memória e dos espaços como veiculador da mesma,
resultando daí a categoria “lugares de Memória”; que por sua vez, têm o espaço
físico material como suporte para formar uma memória coletiva imaterial.
O fim da
história-memória
Aceleração da história construída pela morte do passado
(desestabilização) indo ao encontro do calor das tradições, da vontade de
patrimonializar.
SOCIEDADES-MEMÓRIA: Todas aquelas que asseguravam a conservação e a transmissão
dos valores, como igreja, escola, família ou estado.
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BASE:
IDEOLOGIAS-MEMÓRIA: Asseguravam a passagem
regular do passado ao futuro e indicavam, a partir do passado, o que era
preciso guardar para preparar o futuro.
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SOCIEDADES-HISTÓRIA: Condenadas ao
esquecimento porque são levadas pelas mudanças. A partir dos tempos modernos,
homens se reconhecem portadores do direito, poder e mesmo do dever de
mudança.
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A separação entre memória e história na sociedade
contemporânea produz significados bem definidos para o autor:
MEMÓRIA
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HISTÓRIA
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Integrada
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Impulso conquistador e
erradicador: memória
sequestrada pela história
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Ditatorial
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Fim da adequação da memória e da histórica (igualdade dos termos história - vivida – e História – operação intelectual)
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Inconsciente dela mesma
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Onde há pegadas, distância, mediação (pesquisa) está-se sob o domínio da história
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Organizadora
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Construção problemática
e incompleta do que já
não existe
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Todo poderosa
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Representação do passado
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Espontaneamente atualizadora. Sem passado: reconduz herança
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Requer análise e discurso crítico
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Sempre levada por grupos vivos: em evolução permanente
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(Profissional e crítica)
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Aberta à dialética da lembrança e da amnésia
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Vulnerável às utilizações e manipulações
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Suscetível a longas latências e revitalizaçoes
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Afetiva e mágica
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Operação intelectual e
laicizante
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Instala a lembrança
no sagrado
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Desaloja a lembrança
do sagrado. É laicizante.
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Há tantas memórias quanto grupos: múltipla, coletiva, plural e individualizada
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Pertence a todos e a ninguém: vocação para o "universal"
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Se enraíza no
concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto
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Agarra-se a continuidades temporais, evoluções
e relações entre
coisas
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É um absoluto
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Só conhece o relativo
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Árvore da memória
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Córtex da história
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“No coração da
história trabalha um criticismo destruidor da memória espontânea. A memória é
sempre suspeita. Para a história, cuja missão verdadeira consiste em
destruí-la, fazê-la recuar. A história é a deslegitimação do passado vivido."
A sociedade utiliza-se hoje da história para lhe conferir
lugares onde pode pensar que não somos feitos de esquecimentos, mas, de lembranças:
"Os lugares de memória são, antes de tudo, restos. A forma extrema onde
subsiste uma consciência comemorativa numa história que a chama, porque ela a
ignora"
A dinâmica da sociedade de massas parece estar sempre em
ruptura com o passado. Para Nora, no entanto, a necessidade de passado se
mostra latente através da busca pela memória.
A história é o correlato opositor,
como narrativa unificadora ela separa e seleciona os fatos. Petrifica, congela
e, sobretudo, mata os momentos de memória, pois coloca o passado como algo
distante e misterioso, portador de uma aura que deve ser sempre analisada,
criticada e revista. A história cria uma identidade universal que precisa ser
absorvida em contraposto às várias identidades fragmentadas, cada qual com sua
memória específica.
A sociedade precisa da história como
instrumento para encontrar um significado que não lhe é mais inteligível.
Nora apresenta sua categoria de
"Lugares de Memória" como resposta a essa necessidade de
identificação do indivíduo contemporâneo.
Os ritos seriam a reprodução de uma essência
expressa através da cultura, aqui entendida como comportamento, pois é a
forma com que os homens se relacionam com a natureza.
Portanto, o ritual teria, nessa
definição, o papel narrativo de consolidação, é através de sua prática que se
reúnem elementos característicos de um grupo, conferindo-lhe sentido,
unificando-o.
Nora utiliza-se enfaticamente da
ritualização de uma memória-história em um determinado espaço denominado Lugares
de Memória na esperança de que essa possa reunificar o individuo
fragmentado com o qual lidamos na sociedade contemporânea.
O autor, assim como tantos outros, na
sua desilusão com a modernidade e o desejo de explicar a sociedade
contemporânea, está tentando encontrar meios de adaptar essa sociedade do
"pós", de entendê-la, estudá-la.
Ainda que o ritual não sirva mais como
formador de identidade, tem a função de coesão e assim, através dos lugares de
memória, onde os indivíduos podem se reconhecer como sujeitos, reuniria aquilo
que o fim da história memória provocou: "a multiplicação de memórias
particulares, que reclamam sua própria história".
Nora utiliza ainda de categorias da
modernidade para explicação da sociedade que ele diz surgir com sua ruptura,
afinal, o desejo de resgatar uma memória que autolegitima uma ação no presente
evidencia a concepção da história como processo que encadeia passado, presente
e futuro.
"Menos a memória é vivida do
interior, mais ela tem necessidade de suportes exteriores e de referências
tangíveis de uma existência que só vive através delas".
2 comentários:
Obrigado pelo texto, me ajudou bastante a um melhor entendimento!
Ueslei
nossa, obrigada pelo texto!! muito bom.
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