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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Entre Memória e História - A problemática dos Lugares - Pierre Nora

Ideias Principais

Objeto do texto – Mostrar noções que unem a ideia de patrimônio como preservador da memória e dos espaços como veiculador da mesma, resultando daí a categoria “lugares de Memória”; que por sua vez, têm o espaço físico material como suporte para formar uma memória coletiva imaterial.

O fim da história-memória
Aceleração da história           construída pela morte do passado (desestabilização) indo ao encontro do calor das tradições, da vontade de patrimonializar.
SOCIEDADES-MEMÓRIA: Todas aquelas que asseguravam a conservação e a transmissão dos valores, como igreja, escola, família ou estado.
 BASE: IDEOLOGIAS-MEMÓRIA: Asseguravam a passagem regular do passado ao futuro e indicavam, a partir do passado, o que era preciso guardar para preparar o futuro.
SOCIEDADES-HISTÓRIA: Condenadas ao esquecimento porque são levadas pelas mudanças. A partir dos tempos modernos, homens se reconhecem portadores do direito, poder e mesmo do dever de mudança.


A separação entre memória e história na sociedade contemporânea produz significados bem definidos para o autor:

MEMÓRIA
HISTÓRIA
Integrada
Impulso conquistador e erradicador: memória sequestrada pela história
Ditatorial
Fim da adequação da memória e da histórica (igualdade dos termos história - vivida – e História operação intelectual)
Inconsciente dela mesma
Onde há pegadas, distância, mediação (pesquisa) está-se sob o domínio da história
Organizadora
Construção problemática
e incompleta do que já
não existe
Todo poderosa
Representação do passado
Espontaneamente atualizadora. Sem passado: reconduz herança
Requer análise e discurso crítico
Sempre levada por grupos vivos: em evolução permanente



(Profissional e crítica)





Aberta à dialética da lembrança e da amnésia
Vulnerável às utilizações e manipulações
Suscetível a longas latências e revitalizaçoes
Afetiva e mágica
Operação intelectual e laicizante

Instala a lembrança no sagrado
Desaloja a lembrança do sagrado. É laicizante.
Há tantas memórias quanto grupos: múltipla, coletiva, plural e individualizada
Pertence a todos e a ninguém: vocação para o "universal"

Se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto
Agarra-se a continuidades temporais, evoluções e relações entre coisas
É um absoluto
Só conhece o relativo
Árvore da memória
Córtex da história

“No coração da história trabalha um criticismo destruidor da memória espontânea. A memória é sempre suspeita. Para a história, cuja missão verdadeira consiste em destruí-la, fazê-la recuar. A história é a deslegitimação do passado vivido."


A sociedade utiliza-se hoje da história para lhe conferir lugares onde pode pensar que não somos feitos de esquecimentos, mas, de lembranças: "Os lugares de memória são, antes de tudo, restos. A forma extrema onde subsiste uma consciência comemorativa numa história que a chama, porque ela a ignora"

A dinâmica da sociedade de massas parece estar sempre em ruptura com o passado. Para Nora, no entanto, a necessidade de passado se mostra latente através da busca pela memória.


A história é o correlato opositor, como narrativa unificadora ela separa e seleciona os fatos. Petrifica, congela e, sobretudo, mata os momentos de memória, pois coloca o passado como algo distante e misterioso, portador de uma aura que deve ser sempre analisada, criticada e revista. A história cria uma identidade universal que precisa ser absorvida em contraposto às várias identidades fragmentadas, cada qual com sua memória específica.

A sociedade precisa da história como instrumento para encontrar um significado que  não lhe é mais inteligível.

Nora apresenta sua categoria de "Lugares de Memória" como resposta a essa necessidade de identificação do indivíduo contemporâneo.


Os ritos seriam a reprodução de uma essência expressa através da cultura, aqui entendida como comportamento, pois é a forma com que os homens se relacionam com a natureza.

Portanto, o ritual teria, nessa definição, o papel narrativo de consolidação, é através de sua prática que se reúnem elementos característicos de um grupo, conferindo-lhe sentido, unificando-o.

Nora utiliza-se enfaticamente da ritualização de uma memória-história em um determinado espaço denominado Lugares de Memória na esperança de que essa possa reunificar o individuo fragmentado com o qual lidamos na sociedade contemporânea.

O autor, assim como tantos outros, na sua desilusão com a modernidade e o desejo de explicar a sociedade contemporânea, está tentando encontrar meios de adaptar essa sociedade do "pós", de entendê-la, estudá-la.

Ainda que o ritual não sirva mais como formador de identidade, tem a função de coesão e assim, através dos lugares de memória, onde os indivíduos podem se reconhecer como sujeitos, reuniria aquilo que o fim da história memória provocou: "a multiplicação de memórias particulares, que reclamam sua própria história".

Nora utiliza ainda de categorias da modernidade para explicação da sociedade que ele diz surgir com sua ruptura, afinal, o desejo de resgatar uma memória que autolegitima uma ação no presente evidencia a concepção da história como processo que encadeia passado, presente e futuro.


"Menos a memória é vivida do interior, mais ela tem necessidade de suportes exteriores e de referências tangíveis de uma existência que só vive através delas".

2 comentários:

Anônimo disse...

Obrigado pelo texto, me ajudou bastante a um melhor entendimento!

Ueslei

Anônimo disse...

nossa, obrigada pelo texto!! muito bom.