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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Análise do Filme Meia noite em Paris a partir das leituras de Candau, Hartog e Huyssen

                Woddy Allen é um diretor bastante conhecido por seus filmes que retratam o inusitado, assim como também o corriqueiro, mas através de um viés diferente. Este é o caso encontrado no filme Meia noite em Paris, no qual Allen apresenta um romance saturado entre Gil (Owen Wilson) e Inez (Rachel McAdams).  Que em uma viagem aparentemente romântica, passam algum tempo em Paris, juntamente com os pais da moça. Ele fica fascinado pela Cidade Luz, quer conhecer todos os seus mistérios; quer adentrar profundamente no conhecimento da produção artística local, quer viver a arte. Ela, em contrapartida, aproveita seu tempo de maneira diversa, deixando-se seduzir por um antigo namorado, que foi seu      ex-professor, e que também está na cidade. Sua sedução a princípio é pelo conhecimento que ele faz questão de demonstrar em um exibicionismo desmedido. Mais tarde, Inez envolve-se de maneira mais sedutora e relaciona-se sexualmente com seu ex-professor.
                Para alguns menos atentos, a trama não passa disto. Entretanto, outros elementos dão consistência à história evidenciando a familiaridade do diretor com o tema e com as estratégias usadas para trabalhar com o tempo ficcional, bem como com os simulacros apresentados.

                O tempo cronológico nesse filme é desconstruído por Allen. O autor apresenta idas e vindas constantes entre passado e presente e traça uma tênue linha entre o real e o idealizado, o que lembra a problemática construída por Huyssen (2000, p. 9), ao afirmar que esse desejo de volta ao passado é um fenômeno cultural, além de político e central nas sociedades ocidentais. E isso, o diretor conseguiu representar por meio do protagonista da trama, Owen Wilson, deixando à mostra a essência do ser humano, pautada por sua necessidade de se apropriar de experiências de épocas passadas para traçar o futuro. E sobre isso, Candau (p.45) diz que "o desejo de memória procederia, sobretudo, do medo do vazio de sentidos que caracterizaria as sociedades modernas.”
                Talvez por conta disso, Woody Allen apresenta para o espectador um protagonista que demonstra falta de pertencimento ao meio em que está, e busca no passado um refúgio para o presente nostálgico em que se encontra.  Para Gil, a época perfeita seria a de 1920. E isso lhe foi possibilitado vivenciar pelas aventuras realizadas à meia noite, quando ao aceitar o convite para entrar em um carro antigo, parecia entrar em um portal do tempo, pois, permitia-se jogar a acomodação de lado e viver entre grandes gênios como Salvador Dali, Scott Frietzgerald, Ernest Hemingway, Pablo Picasso, entre outros, o que Huyssen (p.32) teoriza como “quanto mais rápido somos empurrados para o futuro global que não nos inspira confiança, mais forte é o nosso desejo de ir mais devagar e mais nos voltarmos para a memória em busca de conforto.”
                Diferente de Gil, sua noiva Inez, preocupava-se apenas com o momento vivido e com o que em torno disso girasse; assim como o futuro casamento, o status social e a rede de amigos com suas convenções, lembrando em muito a fala de Hartog (p.262) “Vivemos a imposição de um presente onipresente, o presentismo”; ou seja, vale o agora, a ansiedade do momento, a agitação perene, a falta de memória ou de algum interesse um pouco mais denso pela cultura na qual a cidade estava mergulhada, e pela qual seu noivo tinha verdadeira adoração. Enquanto ele era seduzido pela memória do que não vivenciou, ela era cada vez mais contaminada pelo presente e suas modernas comodidades.
                A paixão pela arte que contaminava Gil, provocando-lhe inúmeras vezes a embriaguez de sentidos, não era partilhada por sua noiva, mas, o protagonista encontrou correspondência para essa paixão em uma vendedora de produtos antigos, que assim como ele, permitia-se encantar com o passado e com a vida mantendo uma relação de proximidade entre esses dois importantes focos; o que para Candau (p. 50)  é visto da seguinte forma, “a memória coletiva, como a identidade da qual ela é o combustível, não existe se não diferencialmente, em uma relação sempre mutável mantida com o outro.”
                E, esta relação mutável que Gil experimentou através das viagens que fez no tempo, proporcionou-lhe um novo olhar para o seu entorno. Proporcionou-lhe também perceber que a “época de ouro” com a qual sonhava não estava no passado, pois, a cada nova viagem que fazia no tempo, notava que assim como ele, as pessoas de outros tempos também supunham ser outra, a melhor época para se viver; indo ao encontro do que foi dito por Huyssen (p.30) “uma das lamentações permanentes da modernidade se refere à perda de um passado melhor, da memória de viver em um lugar seguramente circunscrito, com um senso de fronteiras estáveis e numa cultura construída localmente com o seu fluxo regular de tempo e um núcleo de relações permanentes.”

                Ao final da longa jornada de idas e vindas entre passado e presente, o roteirista de Hollywood, Gil, rompe com sua noiva, rompe seu laço de paixão com o passado e finalmente encontra outras possibilidades de futuro; o que no filme nos é apresentado pela chuva que cai e banha o casual encontro dele com Gabrielle, interpretada por Léa Seydoux, a vendedora de artefatos antigos. A água, símbolo de vida nova, regenerescência, força e harmonia, surgiu em forma de chuva, para despertar emoções, talvez adormecidas no protagonista, como a possibilidade de um relacionamento verdadeiramente profundo e a de se transformar num artista como aqueles que ele venerava, dando um novo sentido para sua vida.

Mestranda - Rosilda da Silva

Um comentário:

Bruno Bryan Amaral disse...


Minha Tarde No Asilo

Chegamos lá, encontramos vários idosos , uns simpáticos e uns meio chatos, encontramos alguns lá fora e alguns lá dentro na sala, outros em seus próprios quartos, ou nos bancos do jardim.
Andamos por lá encontramos vários idosos,estavam muito felizes, porque gostam muito do lar , mas também tem uns que estão muito triste por estarem abandonados e que quase nem recebem visitas de seus familiares e amigos .
Começamos então as entrevistas,a primeira a ser entrevistada e que mais me chamou a atenção foi a Dona Sigre.
Seus 88 anos são muito bem vividos , está a quatro anos e meio no Asilo. Ela diz que gosta muito do lar , pois é muito bem tratada, viúva, gosta muito de balas , chocolates e todos os tipos de doces .
Seu dia começa quando acorda ás 7:00, vai a missa da capela que fica no próprio Asilo ,depois tem o café, mais tarde tem a caminhada e ás 11:45 os idosos almoçam. Atarde no seu tempo livre ela faz crochê e tem o hábito de ler muito jornal. A noite antes de dormir toma seu banho para dormir descansada !
Enfim essa é a rotina de um tipico idoso do asilo!!
"Gostei muito de ter ido pois, lá são idosos muito legais, aprendemos que não é porque as pessoas são idosas devemos descrimina-las, me fez refletir muito sobre isso, além de tudo lá todos são muito divertidos e educados"



Bruno Bryan Amaral-8ºano 4