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domingo, 2 de junho de 2013

Confissões - Rosilda da Silva

Desfragmentada de mim,
Essência roubada,
Não sei mais compor.
Falta-me leveza,
Teu cheiro, meus sonhos,
Faltas-me tu, meu amor!

Ciúme dos dias que te consomem,
Dos desejos que te atiçam,
Dos riscos que te desafiam.
Do tempo gasto em viagens,
No trabalho e nos silêncios.
Ciúmes de tuas conquistas,
Teus portos e ancoragens.

Quisera eu ser teu perfume,
Tatuada em ti quebrar limites.
Narrar nossos avanços,
Que no balanço da vida
Não pouparão emoções,
Artifícios, ousadias, vazão,
Necessidade-vontade!

Minha tentação e desejo!
Tua loucura e maturidade
Me brindam em distrações.
És meu homem-menino!
Para meu deleite, no teu leito
Do leite que vertes de ti
Se encarrega tua menina,
Eu, tua Potira Cunhataí.

Que como flor faceira,
Te lembra a seta que levas
E o alvo de teus encantos.
- Pássaro preso canta triste!
Tem saudade das nuvens,
Da alegria, das cores,
Do sol e do calor...
Se contorce, geme baixinho,
Assíncrono e sem fervor.

Da gaiola aberta flui a vida.
Liberdade, voo alto, imensidão. 

Pássaro esculpido na pedra,
Ergues tuas asas, disfarças
Tua imensa satisfação.
Inventes um novo tempo
Sem ponteiros, sem vícios,
Sem fim nem início!
Traga, entretanto, contigo,
Da certeza, o mais forte indício,
Sem lapsos nem colapsos,
Meu carinho quer ser teu abrigo.



Um comentário:

Sandra Pereira disse...

Que coisa mais linda, Rosilda! Estou emocionada até agora. Parabéns!