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sábado, 19 de janeiro de 2013

As chuvas de verão, a Drenagem Urbana Sustentável e a Bela Adormecida - Adilson Gorniack

O verão chegou e com ele as chuvas de alta intensidade. Ano após ano, o cenário se repete: calor intenso, aglutinação rápida de milhões de gotas na forma de uma nuvem escura que de repente desaba. Normalmente, trazem a reboque prejuízos econômicos, ambientais e sociais derivados das indesejáveis inundações.  A água, fora do seu lugar, assume potencial destrutivo e na companhia de sedimentos (lama) adentra as casas, carros e o pior, por vezes leva com ela vidas.


Embora as inundações sejam um fenômeno natural, o acelerado processo de urbanização vem acorrentado à impermeabilização do solo, aos aterros das planícies de inundação, aos desflorestamentos, à ocupação de áreas de risco, entre outros, que aumentam de sobremaneira o seu potencial destrutivo.

A população reclama e no afã de resolver a questão o Poder Público responde com obras de engenharia. As práticas mais usuais limitam-se a retificar e tubular córregos, a aumentar o diâmetro da tubulação, a limpeza e desassoriamento de rios.

Por vezes, considerando que água não obedece às fronteiras políticos administravas dos municípios, a titulo de exemplo, ao se tubular córregos e aterrar planícies de inundação nos municípios de Schroeder, Corupá e Massaranduba, transfere-se a água mais rapidamente e em maior volume para os municípios da jusante (Jaraguá e Guaramirim), gerando um aumento no nível das inundações. Logo, com base no acima citado, bacia hidrográfica do rio Itapocu deve ser considerada no planejamento territorial do uso e ocupação do solo.

Desde o principio higienista do século XIX, as práticas de drenagem urbana vem evoluindo, a saber: 1940 – melhoria do fluxo; 1960 – planejamento da ocupação das planícies de inundação; 1970 – medidas compensatórias; 1980 – as soluções desejáveis são aquelas que atuam sobre as causas e hoje, Drenagem Urbana Sustentável, ou, carinhosamente a “DUS”. É nesse contexto que para minimizar o potencial destrutivo da inundação, o Poder Público e a população podem valer-se dos princípios da “DUS”, notadamente, o controle do escoamento na fonte, ou seja, no próprio lote.

Como a Bela Adormecida da história dos Irmãos Grimm, presente em manuais de engenharia e em alguns Planos Diretores, jaz adormecida a taxa de permeabiliadade. Acordá-la significa ir além de minimizar o prejuízo das inundações, uma vez que a água infiltrada no solo alimenta os mananciais no período de estiagem.

Na prática, se cada cidadão conservar e cuidar do jardim, da horta, do pomar, estará bem alocando a água. Em Joinville, mais que isso, contribuindo efetivamente para o título de “Joinville Cidade das Flores”.


Adilson Gorniack
Engenheiro Civil da Prefeitura de Joinville
Msc. Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental.- UDESC

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