O verão chegou e com ele as chuvas de alta intensidade. Ano após
ano, o cenário se repete: calor intenso, aglutinação rápida de milhões de gotas
na forma de uma nuvem escura que de repente desaba. Normalmente, trazem a reboque
prejuízos econômicos, ambientais e sociais derivados das indesejáveis
inundações. A água, fora do seu lugar, assume potencial destrutivo e na companhia de sedimentos (lama) adentra as casas,
carros e o pior, por vezes leva com ela vidas.
Embora as inundações sejam um fenômeno natural, o acelerado
processo de urbanização vem acorrentado à impermeabilização do solo, aos
aterros das planícies de inundação, aos desflorestamentos, à ocupação de áreas
de risco, entre outros, que aumentam de sobremaneira o seu potencial
destrutivo.
A população reclama e no afã de resolver a questão o Poder Público
responde com obras de engenharia. As práticas mais usuais limitam-se a
retificar e tubular córregos, a aumentar o diâmetro da tubulação, a limpeza e desassoriamento
de rios.
Por vezes, considerando que água não obedece às fronteiras
políticos administravas dos municípios, a titulo de exemplo, ao se tubular
córregos e aterrar planícies de inundação nos municípios de Schroeder, Corupá e
Massaranduba, transfere-se a água mais rapidamente e em maior volume para os
municípios da jusante (Jaraguá e Guaramirim), gerando um aumento no nível das
inundações. Logo, com base no acima citado, bacia hidrográfica do rio Itapocu
deve ser considerada no planejamento territorial do uso e ocupação do solo.
Desde o principio higienista do século XIX, as práticas de drenagem
urbana vem evoluindo, a saber: 1940 – melhoria do fluxo; 1960 – planejamento da
ocupação das planícies de inundação; 1970 – medidas compensatórias; 1980 – as soluções desejáveis são aquelas que atuam sobre as causas e
hoje, Drenagem Urbana Sustentável, ou, carinhosamente a “DUS”. É nesse contexto
que para minimizar o potencial destrutivo da inundação, o Poder Público e a
população podem valer-se dos princípios da “DUS”, notadamente, o controle do escoamento na fonte, ou seja, no próprio
lote.
Como a Bela Adormecida da história dos Irmãos Grimm, presente em manuais
de engenharia e em alguns Planos Diretores, jaz adormecida a taxa de
permeabiliadade. Acordá-la significa ir além de minimizar o prejuízo das inundações,
uma vez que a água infiltrada no solo alimenta os mananciais no período de estiagem.
Na prática, se cada cidadão conservar e cuidar do jardim, da horta,
do pomar, estará bem alocando a água. Em Joinville, mais que isso, contribuindo
efetivamente para o título de “Joinville Cidade das Flores”.
Adilson
Gorniack
Engenheiro
Civil da Prefeitura de Joinville
Msc.
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental.- UDESC
Nenhum comentário:
Postar um comentário