Em vez de compreender, com profundo
reconhecimento, o milagre que havia ocorrido: a conquista do cristianismo em
sua sede – usou o espetáculo apenas para alimentar seu próprio ódio. O homem
religioso pensa apenas em si mesmo. – Lutero viu apenas a corrupção do papado,
enquanto exatamente o oposto estava tornando-se visível: a velha corrupção, o
peccatum originale, o cristianismo já não ocupava mais o trono papal! Em seu
lugar havia vida! Havia o triunfo da vida! Havia um grande sim a tudo que é
grande, belo e audaz!... E Lutero restabeleceu a Igreja: a atacou... A
Renascença – um evento sem sentido, uma grande futilidade! – Ah, esses alemães,
quanto já nos custaram! Tornar todas as coisas vãs – sempre foi esse o trabalho
dos alemães. – A Reforma; Leibniz; Kant e a assim chamada filosofia alemã; as
guerras de “independência”; o Império – sempre um substituto fútil para algo
que existia, para algo irrecuperável... Estes alemães, eu confesso, são meus
inimigos: desprezo neles toda a sujidade nos valores e nos conceitos, a
covardia perante todo sim e não sinceros. Há quase mil anos embaraçam e
confundem tudo que seus dedos tocam; têm sobre suas consciências todas as
coisas feitas pela metade, feitas nas suas três oitavas partes, de que a Europa
está doente – e também pesa sobre suas consciências a mais imunda, incurável e
indestrutível espécie de cristianismo – protestantismo... Se a humanidade nunca
conseguir
livrar-se do cristianismo, os culpados serão os alemães...
livrar-se do cristianismo, os culpados serão os alemães...
LXII
– Com isto concluo e pronuncio meu julgamento: eu condeno o cristianismo; lanço contra a Igreja cristã a mais terrível acusação que um acusador já teve em sua boca. Para mim ela é a maior corrupção imaginável; busca perpetrar a última, a pior espécie de corrupção. A Igreja cristã não deixou nada intocado pela sua depravação; transformou todo valor em indignidade, toda verdade em mentira e toda integridade em baixeza de alma. Que se atrevam a me falar sobre seus benefícios “humanitários”! Suas necessidades mais profundas a impedem de suprimir qualquer miséria; ela vive da miséria; criou a miséria para fazer-se imortal... Por exemplo, o verme do pecado: foi a Igreja que enriqueceu a humanidade com esta desgraça! – A “igualdade das almas perante Deus” – essa fraude, esse pretexto para o rancor de todos espíritos baixos – essa ideia explosiva terminou por converter-se em revolução, ideia moderna e princípio de decadência de toda ordem social – isso é dinamite cristã... Os “humanitários” benefícios do cristianismo! Fazer da humanitas(1) uma autocontradição, uma arte da autopoluição, um desejo de mentir a todo custo, uma aversão e desprezo por todos instintos bons e honestos! Para mim são esses os “benefícios” do cristianismo! – O parasitismo como única prática da Igreja; com seus ideais “sagrados” e anêmicos, sugando da vida todo o sangue, todo o amor, toda a esperança; o além como vontade de negação de toda a realidade; a cruz como símbolo representante da conspiração mais subterrânea que jamais existiu – contra a saúde, a beleza, o bem-estar, o intelecto, a bondade da alma – contra a própria vida...
Escreverei esta acusação eterna contra o cristianismo em todas as paredes, em toda parte onde houver paredes – tenho letras que até os cegos poderão ler... Denomino o cristianismo a grande maldição, a grande corrupção interior, o grande instinto de vingança, para o qual nenhum meio é suficientemente venenoso, secreto, subterrâneo ou baixo – chamo-lhe a imortal vergonha da humanidade...
E conta-se o tempo a partir do dies nefastus(2) em que essa fatalidade começou – o primeiro dia do cristianismo! – Por que não contá-lo a partir do seu último dia? – A partir de hoje? – Transmutação de
– Com isto concluo e pronuncio meu julgamento: eu condeno o cristianismo; lanço contra a Igreja cristã a mais terrível acusação que um acusador já teve em sua boca. Para mim ela é a maior corrupção imaginável; busca perpetrar a última, a pior espécie de corrupção. A Igreja cristã não deixou nada intocado pela sua depravação; transformou todo valor em indignidade, toda verdade em mentira e toda integridade em baixeza de alma. Que se atrevam a me falar sobre seus benefícios “humanitários”! Suas necessidades mais profundas a impedem de suprimir qualquer miséria; ela vive da miséria; criou a miséria para fazer-se imortal... Por exemplo, o verme do pecado: foi a Igreja que enriqueceu a humanidade com esta desgraça! – A “igualdade das almas perante Deus” – essa fraude, esse pretexto para o rancor de todos espíritos baixos – essa ideia explosiva terminou por converter-se em revolução, ideia moderna e princípio de decadência de toda ordem social – isso é dinamite cristã... Os “humanitários” benefícios do cristianismo! Fazer da humanitas(1) uma autocontradição, uma arte da autopoluição, um desejo de mentir a todo custo, uma aversão e desprezo por todos instintos bons e honestos! Para mim são esses os “benefícios” do cristianismo! – O parasitismo como única prática da Igreja; com seus ideais “sagrados” e anêmicos, sugando da vida todo o sangue, todo o amor, toda a esperança; o além como vontade de negação de toda a realidade; a cruz como símbolo representante da conspiração mais subterrânea que jamais existiu – contra a saúde, a beleza, o bem-estar, o intelecto, a bondade da alma – contra a própria vida...
Escreverei esta acusação eterna contra o cristianismo em todas as paredes, em toda parte onde houver paredes – tenho letras que até os cegos poderão ler... Denomino o cristianismo a grande maldição, a grande corrupção interior, o grande instinto de vingança, para o qual nenhum meio é suficientemente venenoso, secreto, subterrâneo ou baixo – chamo-lhe a imortal vergonha da humanidade...
E conta-se o tempo a partir do dies nefastus(2) em que essa fatalidade começou – o primeiro dia do cristianismo! – Por que não contá-lo a partir do seu último dia? – A partir de hoje? – Transmutação de
todos os valores!
...
1 – Caráter humano, sentimento humano.
2 – Dia nefasto.
1 – Caráter humano, sentimento humano.
2 – Dia nefasto.
Lei contra o cristianismo Datada do dia da Salvação: primeiro dia do ano Um (em 30 de Setembro de 1888, pelo falso calendário).
Guerra de morte contra o vício: o
vício é o cristianismo Artigo Primeiro – Qualquer espécie de antinatureza é
vício. O tipo de homem mais vicioso é o padre: ele ensina a antinatureza.
Contra o padre não há razões: há cadeia.
Artigo Segundo – Qualquer tipo de
colaboração a um ofício divino é um atentado contra a moral pública. Seremos
mais ríspidos com protestantes que com católicos, e mais ríspidos com os
protestantes liberais que com os ortodoxos. Quanto mais próximo se está da
ciência, maior o crime de ser cristão. Consequentemente, o maior dos criminosos
é filósofo.
Artigo Terceiro – O local amaldiçoado
onde o cristianismo chocou seus ovos de basilisco deve ser demolido e
transformado no lugar mais infame da Terra, constituirá motivo de pavor para a
posteridade. Lá devem ser criadas cobras venenosas.
Artigo Quarto – Pregar a castidade é uma incitação pública à antinatureza. Qualquer desprezo à vida sexual, qualquer tentativa de maculá-la através do conceito de “impureza” é o maior pecado contra o Espírito Santo da Vida.
Artigo Quarto – Pregar a castidade é uma incitação pública à antinatureza. Qualquer desprezo à vida sexual, qualquer tentativa de maculá-la através do conceito de “impureza” é o maior pecado contra o Espírito Santo da Vida.
Artigo Quinto – Comer na mesma mesa
que um padre é proibido: quem o fizer será excomungado da sociedade honesta. O
padre é o nosso chandala – ele será proscrito, lhe deixaremos morrer de fome,
jogá-lo-emos em qualquer espécie de deserto.
Artigo Sexto – A história “sagrada” será chamada pelo nome que merece: história maldita; as palavras “Deus”, “salvador”, “redentor”, “santo” serão usadas como insultos, como alcunhas para criminosos.
Artigo Sétimo – O resto nasce a partir daqui.
Artigo Sexto – A história “sagrada” será chamada pelo nome que merece: história maldita; as palavras “Deus”, “salvador”, “redentor”, “santo” serão usadas como insultos, como alcunhas para criminosos.
Artigo Sétimo – O resto nasce a partir daqui.
FIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário