É hora do sino, os galos cantam, anunciando o amanhecer. São seis da manhã, hora de
levantar, ir para a escola. Viro para o lado, adormeço novamente.
Batem na porta, alguém chama:
— Está na hora de levantar, o sino já bateu.
Ah, o sino começa a bater novamente! Dessa vez com pancadas mais calmas e tão mais
fortes. O coração acelera.
— Quem será dessa vez, porque a Ave-Maria já tocou. Meu Deus, será o seu José? As
pancadas são fortes, o sino não para de bater, de um lado só, já dá uma angústia no peito.
— Rápido, levante, abra a janela. Menina, pergunte quem morreu.
— Ah, não! Não quero saber, tenho medo de morto, vou para a escola.
— Não vá, menina, se foi mesmo o seu José, não haverá aula, ele é muito importante
para a comunidade.
Na escola, todos já estavam sabendo: era mesmo o seu José. Que pena! Homem simples,
dedicado, querido por todos, honesto e colaborador, não podia morrer.
A hora passa, a sirene toca, está na hora de entrar na sala. O diretor anuncia que vamos
ao velório fazer orações ao falecido, pois era avô de uma das professoras. E, então, fomos,
uns à frente dos outros, sem muita vontade.
Voltamos para a sala de aula e todos comentam: — Tomara que não aconteça novamente.
Aqui é assim, quando morre um, vai mais uns dois ou três, parece que um vem
buscar o outro.
E assim foi. Nesta semana já é o segundo, e todos começam a ficar com muito medo,
mas é uma coisa muito natural, como falam os mais velhos
Passaram-se uns dias, mais uma vez o sino bate.
— Será missa de sétimo dia?
Talvez, mas o sino novamente bate de um lado só e com pancadas fortes.
— Não acredito.
Dessa vez penso que é o seu João, ele estava doente. Que tristeza quando meu avô
contava que neste lugar quando morre um, abre a porta para outro. Não acreditava, mas é
verdade, vou ter que enfrentar outro velório, não tenho escolha. E o sino continua a bater...
Não há como este momento não ser o pior da vida.
Professora: Cleci Clara Obadowski Bordignon
Escola: E. E. E. M. São Roque • Cidade: Sete de Setembro – RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário