Planalto do Oeste é pequenina sem ser uma cidadezinha qualquer. A vida na vila vai
devagar, mas eta vida boa, meu Deus! Que o diga um lugar conhecido como “quadrado”.
Um frio quadrado de concreto, que fica à sombra das árvores no quadrado da praça. Em si,
ele não tem graça nenhuma, afinal é apenas um quadrado, mas ele se enche de graça, riso
e calor quando, nos finais de semana – durante a semana também –, o quadrado enquadra
os jovens que tomam conta dele.
Ah, se o quadrado falasse... O quadrado é testemunha da gestação e nascimento de
amizades guardadas a sete chaves dentro do coração e da agonia e morte de outras; testemunha
de bisbilhotices inofensivas e de fofocas venenosas. Testemunha de amores que foram
eternos enquanto duraram; de amores que juraram amor para sempre na igrejinha em
frente à praça, ao som da Marcha nupcial, com imensos e vaporosos vestidos portando
noiva, aias e alianças.
O quadrado assistiu e assiste ao consumo da agregadora bebida chamada tereré – nós
enquadramos o “e” num acento circunflexo: tererê –, de muito refrigerante e dos nada saudáveis
chips – mas quem resiste? –, adquiridos com o dinheiro de democráticas vaquinhas.
Quando eu estudava na escola de Planalto do Oeste, todos os dias, antes do início da
aula, eu e meus amigos estávamos lá, no quadrado, para conversar, terminar trabalhos e tarefas
que tínhamos “esquecido” de fazer, ou estudar para avaliação, para não sermos enquadrados
num outro quadrado: o de alunos relaxados e irresponsáveis.
O quadrado de Planalto do Oeste, geometricamente, é um quadrilátero cujos lados
são iguais entre si e cujos ângulos são retos, mas as figuras que nele cabem não são
iguais, não cabem em nenhuma figura geométrica. São humanos sujeitos às contingências
da humana condição.
Professora: Maidi Migliorança
Escola: Colégio Estadual Marechal Gaspar Dutra • Cidade: Nova Santa Rosa – PR
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