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terça-feira, 7 de agosto de 2012

O maltrapilho - Aluna: Mikaelle Stephanie Pereira Martins

Em uma badalada loja, situada em um famoso shopping de Belo Horizonte, entrou um
maltrapilho. Tudo parou nesse momento. O silêncio reinou, contrapondo-se à costumeira
agitação entre vendedores e fregueses. Todos assistimos inertes à ousadia desse esfarrapado
em cruzar a barreira entre o cá e o lá, entre ricos e pobres. Que impertinência! Seria
um assalto? Nosso olhar foi da incredulidade ao medo. Discretamente apertei o botão,
acionando a segurança do shopping.
Indiferente ou alheio à nossa repugnância (talvez por estar acostumado a ela), o homem
prosseguiu com seu passo arrastado. Nossa hostilidade não deteve sua ousadia. Seria um
ladrão ou um louco?

Assustada, temendo o pior e vendo os nossos clientes retirarem-se um a um, me aproximei
do farrapo:
— Quer alguma coisa?
Acanhado, ele sorriu um sorriso sem dentes:
— Amanhã minha filha faz quinze anos, ela sempre quis ter um vestido de festa.
Percebi que o segurança entrava na loja e fiz sinal para que ele esperasse. Afinal o sujeito
já passaria pela vergonha (se é que ele a tinha) de não ter dinheiro, para que retirá-lo
à força?
— Faço economias há muito tempo para isso – continuou ele humildemente, como se
lesse meus pensamentos.
Resolvi mostrar alguns vestidos a ele, felizmente havia alguns em liquidação (embora
esses ainda fossem muito caros!). Ele olhava um a um com os olhos brilhantes, mas não
ousava tocá-los. Sorrindo seu sorriso aberto e sincero, apontou para um vestido.
— Ela vai ficar linda com esse!
Sorri também, mas agora pensando no desapontamento dele por não poder pagar o
preço do vestido. Não disse nada, ele sorria tão alegremente! Tirei a nota e indiquei o caixa.
Nem separei o vestido.
Mas ele pagou o vestido. E teve troco!
Eu não acreditei. Esse homem?! Nessa loja?! Quem definia lugares?
Sentimentos confusos agitaram meu ser enquanto embrulhava o vestido com um embrulho
no estômago. Olhando-me com ternura, ele agradeceu sorrindo. Apenas acenei,
sem conseguir sorrir.

Professora: Andréia Silva de Faria
Escola: E. M. Josefina Alves Vieira • Cidade: Vespasiano – MG

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