Logo pela manhã acordamos com o cheirinho do café que passeia pelo meio da casa.
Comemos um pedaço de pão para enganar o estômago, e nem deixamos o sol abrir os
olhos direito já apanhamos a baladeira e saímos como foguetes descendo pela Rua dos
Pioneiros até chegar a um caminho estreito cheio de mato, sem errar a passada para o sítio
do seu Jorge, à beira do rio dos Garimpos.
O lugar é cheio de coqueiros, cajueiros e pés de manga que de tão alto quase toca o
céu. De vez em quando um pé de vento nos arrasta para o rio, que nos agracia com o seu
frescor. E as árvores? Ah, aquelas árvores cheias de frutas deliciosas, suculentas, de cores
variadas que nos convidam para um banquete delicioso! Não demora muito para toda a
molecada chegar e começar a algazarra.
De todas as brincadeiras que inventamos aquela de que mais gostamos é mesmo
pega-pega e pular de galho em galho. Somos verdadeiros macacos, habilidosos e brincalhões,
pulamos cheios de artimanhas sem errar o galho escolhido. Ficamos no topo das
árvores e, de lá, os meninos que não conseguem subir são vistos como formiguinhas revoltadas
indo de um lugar para outro. A tristeza estampada nos seus rostos mostra o descontentamento
inevitável, protestos e gritos são ouvidos lá de baixo: “Assim eu não brinco!”,
“Isso é covardia!”, “Fazem isso porque não conseguimos subir”.
Quando o sol começa a se pôr, com seu tom avermelhado engolindo as árvores, é o sinal
para interrompermos a brincadeira. Indo embora, o quase escuro é frio e calmo, uma brisa
gostosa corre entre os matos rasteiros; o barulho dos carros passando e dos pássaros do dia
a recolher as suas melodias é o anúncio de que estamos em casa.
Até que o cheirinho de café gostoso sirva, mais uma vez, como despertador.
Professor: Ronaldo da Silva Santos
Escola: E. M. E. F. Duque de Caxias • Cidade: Rondon do Pará – PA
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