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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Lembranças da nova capital - Aluna: Joyce Hellen Braga de Jesus

Conheci Brasília lá pelos idos de 1964, quando vim visitar meu irmão que veio trabalhar
aqui. Ele nos mostrava a cidade e ia dizendo: “Aqui vai ser o Teatro Nacional, aqui vai ser o
setor hospitalar, aquele prédio que está sendo construído vai ser o Banco Central”, e assim
por diante. Eu dizia: “Não quero morar aqui, numa cidade onde tudo ainda vai ser...”
Os espaços vazios, com sua terra vermelha, era o que eu avistava quando subia na
torre de TV. Um prédio aqui, outro acolá; no traçado que se avistava podia se perceber
perfeitamente o projeto original: o avião com suas asas bem definidas – norte e sul. No eixo
monumental avistava já os ministérios, porém sem seus anexos, que só foram surgindo
tempos depois.
Quando mudei para cá, já era uma Brasília diferente, onde o que ia ser “já era”.
Muita coisa ainda tinha para se fazer, mas a nova cidade já estava bem pronta para
acolher e para se criar os filhos.

Das cidades-satélites só me lembro do Núcleo Bandeirante, Cruzeiro, Taguatinga e Ceilândia.
O acesso para Taguatinga e Ceilândia era a mesma Estrada Parque, hoje conhecida
como CPTG; lembro-me muito de um restaurante do Júlio e só muito tempo depois é que
surgiu a Via Estrutural. Uma característica bem marcante de Brasília era a poeira ou lama
com as construções que iam brotando da noite para o dia. Um lindo canteiro de obras era
o nosso visual diário!
A W3, tanto Sul como Norte, era como o projeto previa: residências de um lado e comércio
de outro.
A Asa Sul ficou pronta primeiro e aos poucos iam surgindo as construções da Asa Norte.
Para as compras, tinha o Ceasa, a Feira do Guará, e a rede de supermercado que existia
era o Jumbo, hoje Pão de Açúcar.
No trânsito, eu treinava descendo e subindo as tesourinhas para aprender a dirigir em
Brasília, que tinha um número de veículos bem reduzido comparado com o que temos hoje.
Era muito tranquilo dirigir na cidade, não se falava em engarrafamento – isso era coisa do
Rio de Janeiro e de São Paulo.
Hospitais foram surgindo; faculdade particular, lembro-me bem, era só a Ceub, a UnB
hoje é uma cidade universitária e as escolas públicas foram previstas para todas as quadras.
A igrejinha de Nossa Senhora de Fátima já nos encantava, a catedral já aparecia exuberante,
assim como a Igreja Dom Bosco, pontos turísticos obrigatórios.
Os museus, no início, eram poucos. Hoje temos o Memorial JK, o Museu do Índio, Museu
da Arte etc.
Orgulho-me muito de falar de Brasília. Nas minhas recordações percebi que o passado,
junto com o presente, se confundem, para mostrar que todos os sonhos podem se tornar
realidade: basta acreditar e agir.

(Texto baseado na entrevista feita com a sra. Maria Lúcia Azevedo Campos, 68 anos.)
Professora: Odenice Rodrigues Lopes Mariz
Escola: Centro de Ensino Fundamental 05 de Brasília • Cidade: Brasília – DF

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