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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Casos, cantos e encantos - Aluna: Thamires Luiza Lemos Pratt da Silva

I-ta-nha-ém. Nome indígena, significa pedra que canta. Cidade histórica, se enche de turistas nos finais de semana, férias e feriados. Fora dessas datas, é um lugar como outro, onde as pessoas estudam e trabalham.
Pois bem, em um desses dias comuns peguei o ônibus para o centro, como faço habitualmente.
Atrás de mim estavam sentadas duas senhoras, em uma conversa que me pareceu bem interessante. Como a curiosidade é um dos meus defeitos, comecei a prestar atenção ao que diziam:
— Mas quem é esse Benedito Calixto, que citam no hino da cidade? – indagou uma delas.
— Não sei, será que não é aquele que criou o Poço de Anchieta?
Ah, queria poder explicar que, como o nome diz, o Pocinho de Anchieta é obra do padre Anchieta. Ele criou uma espécie de cerca de pedras no mar, que prendia os peixes quando estes eram trazidos pela maré, facilitando a pesca. Mas, ao contrário da curiosidade, intromissão não é característica minha. Voltei à conversa:
— Acredito que não. Se ele tivesse criado, provavelmente se chamaria Poço de Calixto, não acha?
— Tem razão. E esse tal de Martim Afonso?
— Parece nome de poeta. Pode ser algum escritor famoso.
Imagine só a minha situação. Nessa hora comecei a ficar agoniada, minha língua coçava de vontade de dizer às senhoras o que elas ignoravam. Se ao menos prestassem um pouco de atenção na letra do hino: “... a natureza de Calixto em tons de amor...”, “Martim Afonso ancorava as caravelas...”, poderiam deduzir quem eles foram. E o papo continuava:
— Ei, Benedito Calixto não é o nome daquele lugar no centro, a Casa do Olhar?
— É, sim.
— Então! Quem sabe esse Calixto não foi um oftalmologista dos bons?

Esforcei-me para segurar o riso. A essa altura o ônibus já estava na ponte que passa sobre o rio Itanhaém. Era uma noite estrelada, e as luzes das casas, clubes e da própria ponte se refletiam no rio, formando uma imagem incrível, parecida com as cidades americanas que sempre aparecem em filmes românticos.
Despertei do meu sonho poético e percebi que as senhoras ainda estavam sem saber quem eram aquelas pessoas. Uma ideia surgiu-me para resolver o problema. Escrevi rapidamente em uma folha: “Benedito Calixto – pintor itanhaense que retratou como ninguém diversas paisagens da cidade. Martim Afonso – navegador que fundou Itanhaém. Padre Anchieta – catequista que ajudou os índios da cidade no período colonial”. Caso você conheça um pouco a história da minha cidade, poderá achar essas explicações simples demais, mas tente entender: eu estava sem tempo e sem uma solução melhor! Dobrei o papel e levantei-me. Dei o sinal e, assim que o ônibus parou, deixei cair o papelzinho no colo de uma das senhoras. Antes que ela pudesse dizer algo, desci rapidamente, certa de que não me perdoaria se não acabasse com aquelas dúvidas.
Olhei ao meu redor: encontrava-me na Praça Narciso de Andrade, entre a Igreja Matriz e a Casa de Câmara e Cadeia, construções necessárias para que Itanhaém fosse oficializada como cidade. Mais à frente estavam a Casa do Olhar Benedito Calixto, com suas exposições, e o Convento, uma das primeiras igrejas do Brasil. Todos esses lugares transmitem uma grande paz e enchem de orgulho os habitantes da cidade.
Benedito Calixto, Martim Afonso, Padre Anchieta... Grandes homens, grandes personalidades.
Fui andando certa de que eles estão imortalizados em cada canto da cidade, pois sem eles Itanhaém não seria o mar de história e cultura que é hoje, e sim apenas outra cidade praiana...

Professora: Sandra Regina de Camargo
Escola: E. M. Professora Maria da Conceição Luz • Cidade: Itanhaém – SP

6 comentários:

Antonio Pratt disse...

sem comentários...é minha filha...

Profª Rosilda disse...

Que maravilha é para os pais ver o talento e esforço de seus filhos reconhecido, não é mesmo? O texto de sua filha ficou realmente maravilhoso. Parabéns a ambos... a ela pela dedicação e a você pelo incentivo e acompanhamento.

Anônimo disse...

Olá professora Rosilda,obrigada por postar em seu blog textos maravilhosos,a grande maioria desses alunos escritores, retrataram em seus textos situações por eles vividas e de uma forma contagiante nos leva a sonhar e acreditar que estamos no caminho certo onde somente a educaçao e a prática da leitura são fatores de primordial importância para se construir uma Nação.Meu marido, Antônio Pratt no calor da emoção disse:"sem comentários...é minha filha...".Eu como mãe,só me resta agradecer à Deus por ter colocado no caminho da minha filha Thamires,pessoas tão maravilhosas como vocês educadores,que souberam com seus ensinamentos extrair da minha filha e dos demais alunos o que eles têm de melhor, vontade de estudar e aprender.Agradeço à vocês professores por esse empenho e dedicação.Muito,muito obrigada mesmo.Ah! Aproveito para informar que agora em novembro de 2012 a Thamires viaja para Belo Horizonte, representando São Paulo na Etapa Regional das Olimpiadas da Língua Portuguesa, vamos torcer para o êxito nessa etapa e assim, repetindo o feito de 2010 ela seguiirá para a etapa nacional. Quem sabe, você postará em seu blog um novo texto da Thamires, porém, ao invés de Crônicas é um Artigo de Opinião.Que Deus lhe abençõe professora Rosilda e mais uma vez obrigada. Stela Pratt.

roseli costa disse...

obrigada por postar textos tão belos.

luiza disse...

obrigada

Stela Pratt disse...

Conseguimos professora Rosilda,mais uma vez Thamires Pratt viajará para Brasília.É finalista nas Olimpíadas da Língua Portuguesa 2012, categoria Artigo de Opinião.Como mãe estou muito orgulhosa. Agradeço à todos vocês educadores.Muito obrigada. Stela Pratt.