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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Caminho das águas - Aluna: Victória Cristina Rodrigues

Numa dessas tardes – e porque não impessoais – sentei-me num daqueles bancos perdidos situados na orla da cidade. Digo perdidos para causar uma emoção boba talvez.
Na verdade, o que se perdeu mesmo foram meus olhos quando involuntariamente encontraram-se nas águas do Velho Chico.
Ah, o São Francisco... Opará... Velho Chico... não importa o nome, não importa onde nasceu, por onde passa, nem aonde quer que vá chegar! Tudo o que importa é a sua beleza que sempre se fez presente naquelas margens. São as histórias que ele tem para nos contar. 
São as rimas quase perfeitas e os versos certos e incertos que foram escritos aos seus pés, num momento de tristeza, de alegria, de loucura lúcida (sim, isso existe!), para um grande
amor, um amigo distante, pelo prazer de escrever, ou até mesmo em sua homenagem. Sim, pessoas metidas a escritores, artistas e apaixonados (que fique claro: me incluo em tudo
isso!) ousaram escrever versos, cantar músicas e definir o Velho Chico, que, convenhamos, não cabe em NENHUMA (assim em maiúscula mesmo) definição e racionalização.
Acho até insano e ousado da minha parte tentar enquadrá-lo, pois não há palavra nenhuma que defina a emoção que brota em nossos corações quando o sol pinta de dourado aquelas águas tão clandestinas e petulantes, que sem pedir licença cortam
os Estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, e separam dois povos, duas culturas: Petrolina e Juazeiro, e ainda ousam atirar-se ao mar, onde se fazem eternas.
Queria eu ter os olhos do Velho Chico para ver dona Ana das Carrancas à beira do rio construir seus sonhos todos feitos de barro... para ver a ponte levantar para as embarcações
passarem... para ver os pescadores trabalharem em perfeita harmonia, e até rir daqueles que foram atormentados pelo nego d’água... para ver a mãe d’água hipnotizar os homens que por ali passam de madrugada... para ver Juazeiro crescer e minha
Petrolina nascer.

As tardes sempre passam por entre meus dedos, é chegado o momento que encontro meus olhos naquelas águas cristalinas, levanto-me do banco perdido e saio caminhando a passos lentos, pois agora o que se perdeu foi o meu pensamento. Aonde ele foi parar? Nas águas do Velho Chico que vão desaguar no mar.

Professora: Jailde Maria de Sá Menezes de Oliveira
Escola: Escola de Aplicação Professora Vande de Souza Ferreira • Cidade: Petrolina – PE

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