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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

106 Memórias de um ribeirinho - Aluna: Daniele Oliveira Cunha

Já faz tanto tempo, mas as lembranças dos meus tempos de infância vividos na zona
rural não me saem da memória.
Ao primeiro cantar do galo, meu pai já estava de pé e pronto para começar mais um
longo e fatigado dia de trabalho. O vento frio da manhã acariciava nossos rostos, eu e
meus irmãos pulávamos da cama e corríamos para a lojinha, atraídos pelo delicioso cheiro
de café que só a mamãe sabia preparar. A mesa estava repleta dos produtos da terra,
frutos do suor de um incansável ribeirinho que trabalhava de sol a sol para garantir o
sustento da família.
E, nos “maravilhosos” dias de sol, quando ainda brincávamos sem nos preocupar
com a intensidade dos raios solares, íamos para o rio das Velhas, que passava perto lá
de casa. O cheiro de mato verdinho adentrava em nossas narinas. O céu azul límpido
irradiava felicidade.
Ah, como era gostoso! Saíamos correndo e tchibum! Caíamos na água, nadávamos como
peixinhos, flutuávamos sobre as águas que ainda não haviam sofrido os efeitos da poluição e
chegávamos a adormecer, recebendo aquela brisa suave misturada ao calor do sol.
Então, já cansados e famintos, íamos fazer a festa nos pés de jacas, subíamos nos mais
altos galhos daquela frondosa árvore e saíamos de lá fartos. Como não tínhamos compromisso
com horário, retornávamos ao rio para pescar.
Quando me lembro disso, lágrimas vêm aos olhos, pois aquele majestoso rio, palco das
nossas peraltices de criança, transformou-se em um pequeno riacho ofegante, que insiste
em ressurgir após cada temporada de chuva. Mas nada à altura do que era antes. Naquela
época, ele corria solto, tanto é que uma das nossas brincadeiras prediletas era disputar
quem conseguia chegar à outra margem.
Nisso passávamos quase o dia inteiro.

Naquelas águas claras e límpidas perdíamos tempo a observar a briga dos peixes que
disputavam os farelos que atirávamos na água. A ansiedade tomava conta de todos nós. O
coração acelerava de tanta felicidade e quando um ingênuo peixinho caía em nossas mãos
era uma folia! Não víamos o tempo passar. Só percebíamos quando o céu começava a escurecer,
em um belo pôr do sol, levando consigo aquele lindo dia de diversão!
Mas o tempo passou, e a infância marcante desse ribeirinho agora fica registrada apenas
em minha memória. Um rio de águas límpidas, intermináveis dias de sol estão agora
guardados em meu coração. Sinto saudades de uma época em que meus netos não terão a
oportunidade de viver, de um tempo mágico, cheio de alegrias e encantos.
Minha maravilhosa infância!

(Texto baseado na entrevista feita com o sr. Joaquim Santos Cunha, 53 anos.)
Professora: Analita Dias Rebouças Oliveira
Escola: E. E. Reunidas Castro Alves • Cidade: Jiquiriçá – BA

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