Confissões à quatro mãos - Ebron Geser Muller
Ah mulher,
fosse eu uma girafa te alcançaria na janela!
Mas sou só
um miserável homem; te espero na próxima primavera...
De repente
melhor seria uma ponte entre nós,
Daquelas de
madeira
Onde pudéssemos
andar sobre os rios
E imaginar o
quão difícil nossa travessia.
Talvez pudéssemos
apreciar a noite,
O toque
suave e leve da luz em nossa pele.
Ah, como
seria bom chegar pertinho do poço só para te ver
Virias buscar
a água que a sede não te mataria
Olhar a bela
paisagem...
As árvores,
o tampo em madeira escurecida pelo tempo
A disposição
entre a casa e árvore.
Ah mulher,
por tantas vezes te esperei nesse poço
Por que não
vinhas?
Por onde
andavas?
Era a
cozinha que te prendia?
Ou o forno
que não te permitias vir?
...
Homem,
esperava eu por um convite que nunca chegou.
Por que me
ignoravas?
Teus olhos
por onde andavam que os meus não viam?
...
Fui eu então
tão insensível que ler-te não consegui?
Hoje essas
ausências me apertam.
Para outros
lados olhei,
Outros rumos
tomei,
Sem saber
que me olhavas tu.
E eu que só
queria olhar-te...
Dois minutinhos
me bastariam,
Te olharia e
sairia correndo, como de costume.
Tudo
ensaiado em meu peito.
Trazia nele
a alegria de uma vitória conseguida.
Vitória só
minha, de mais ninguém.
Seriam então
sorrisos despercebidos,
Um correr entusiasmado
sem destino certo,
Uma vitória
inenarrável,
Ninguém desconfiaria.
Mas o tempo,
apressado que é nos separou.
Fui morar em
outra rua e de lá já não te via
Nutria,
porém, o sonho de pertinho olhar-te...
Sonhei-te!
No poço me
esperavas,
Teus olhos
os meus buscavam
E não mais
correria de ti bela mulher,
Meu ensaio
enfim criou coragem para rasgar o peito e atravessar a rua.
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