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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Confissões à quatro mãos - Ebron Geser Muller

Ah mulher, fosse eu uma girafa te alcançaria na janela!
Mas sou só um miserável homem; te espero na próxima primavera...
De repente melhor seria uma ponte entre nós,
Daquelas de madeira
Onde pudéssemos andar sobre os rios
E imaginar o quão difícil nossa travessia.
Talvez pudéssemos apreciar a noite,
O toque suave e leve da luz em nossa pele.
Ah, como seria bom chegar pertinho do poço só para te ver
Virias buscar a água que a sede não te mataria
Olhar a bela paisagem...
As árvores, o tampo em madeira escurecida pelo tempo
A disposição entre a casa e árvore.
Ah mulher, por tantas vezes te esperei nesse poço
Por que não vinhas?
Por onde andavas?
Era a cozinha que te prendia?
Ou o forno que não te permitias vir?
...
Homem, esperava eu por um convite que nunca chegou.
Por que me ignoravas?
Teus olhos por onde andavam que os meus não viam?
...
Fui eu então tão insensível que ler-te não consegui?
Hoje essas ausências me apertam.
Para outros lados olhei,
Outros rumos tomei,
Sem saber que me olhavas tu.
E eu que só queria olhar-te...
Dois minutinhos me bastariam,
Te olharia e sairia correndo, como de costume.
Tudo ensaiado em meu peito.
Trazia nele a alegria de uma vitória conseguida.
Vitória só minha, de mais ninguém.
Seriam então sorrisos despercebidos,
Um correr entusiasmado sem destino certo,
Uma vitória inenarrável,
Ninguém desconfiaria.
Mas o tempo, apressado que é nos separou.
Fui morar em outra rua e de lá já não te via
Nutria, porém, o sonho de pertinho olhar-te...
Sonhei-te!
No poço me esperavas,
Teus olhos os meus buscavam
E não mais correria de ti bela mulher,
Meu ensaio enfim criou coragem para rasgar o peito e atravessar a rua.

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