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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Tempos Modernos - Rosilda da Silva


O músico Luiz Maurício Pragana dos Santos, mais conhecido como Lulu Santos, já cantava no começo dos anos 80 “Hoje o tempo voa, amor; escorre pelas mãos; mesmo sem se sentir; não há tempo que volte, amor; vamos viver tudo o que há pra viver; vamos nos permitir...” prenunciando através da canção “um novo começo de era”. A era dos tempos modernos, tão caótica e conflituosa; era da escassez do autoconhecimento e, por conseguinte, da solidão e inquietação.  
As pessoas de um modo geral inquietam-se porque a solidão as assusta.  Buscam a todo custo a felicidade nas mais variadas fontes; baladas, internet e tecnologias afins; na satisfação sexual; no culto às eternas beleza e  juventude fabricadas pelo bisturi; no acúmulo de riquezas materiais e em tantas outras fugas existenciais que acabam por perder-se no caminho das efemeridades tornando-se reféns dessa “nova era” permissiva, que aprendeu com tamanha “habilidade a dizer mais sim do que não”;    desencontrando-se do seu verdadeiro eu.
Há uma necessidade muito grande de aceitação, de seguir os padrões midiáticos, tornando-se cópias das “celebridades” produzidas nesses tempos modernos e globalizados para suprirem o vazio deixado pela ausência de uma visão mais significativa e crítica do mundo e de si mesmos.  É preciso que se entenda que a produção de sentidos e o autoconhecimento são os fatores que podem servir de guia na busca pela felicidade, considerando o alcance de cada um, bem como, paradoxalmente, uma efetiva possibilidade de reencontro conosco mesmos.  É o olhar que direcionamos para nosso interior o que nos coloca na posição de sujeitos, conscientes e agentes da felicidade que tanto buscamos.
Portanto, “vamos nos permitir”, pensar mais e copiar menos, divergir mais e concordar menos, questionar mais e aceitar menos. “Vamos nos permitir” reverter esta situação alienante de não conseguirmos perceber sequer que não é quem o quê nos faz felizes, mas que somos felizes a partir do momento em que nos conhecemos verdadeiramente, a partir do momento em que nos pertencemos;  que agimos, reagimos e deliberamos, a partir do momento em que a solidão não mais assustar, mas, pelo contrário, suprir o vazio inquietante produzido pela fragilidade desses tempos modernos, “repletos de toda satisfação”.



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