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domingo, 9 de dezembro de 2012

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam

Citações

"Poderão julgar que seja isso uma insensatez, mas deverão concordar que uma coisa muito decorosa é zelar pelo próprio nome". [17]


"...as palavras são a imagem sincera do pensamento." [18]

"...haverá no mundo coisa mais doce e mais preciosa do que a vida"? [22]

"Todos sabem que a infância é a idade mais alegre e agradável. Mas, que é que torna os meninos tão amados? Que é que nos leva a beijá-los, abraçá-los e amá-los com tanta afeição? Ao ver esses pequenos inocentes, até um inimigo se enternece e os socorre.  Qual é a causa disso? É a natureza, que procedendo com sabedoria, deu às crianças um certo ar de loucura, pelo qual elas obtêm a redução de castigos dos seus educadores e se tornam merecedoras do afeto de quem as tem ao seu cuidado.  Ama-se a primeira juventude que se sucede à infância, sente-se prazer em ser-lhe útil, iniciá-la, socorrê-la.  Mas, de quem recebe a meninice os seus atrativos?  De quem, se não de mim, que lhe concedo a graça de ser amalucada e, por conseguinte, de gozar e de brincar?  Quero que me chamem de mentirosa, se não for verdade que os jovem mudam inteiramente de caráter logo que principiam a ficar homens e, orientados pelas lições e pela experiência do mundo, entram na infeliz carreira da sabedoria.  Vemos, então, desvanecer-se ao poucos sua beleza, diminuir a sua vivacidade, desaparecem aquela simplicidade e aquela candura tão apreciadas.  E acaba por extinguir-se neles o natural vigor". [24]


"...Os velhos são duas vezes crianças... bebem a grandes goles a água do Esquecimento. E é assim que dissipam insensivelmente as suas mágoas e recuperam a juventude... deliram  e enlouquecem... nisso consiste o tornar a ser criança. O delírio e a loucura não serão, talvez, próprios das crianças? Que é que a vosso ver, mais agrada nas crianças?  A falta de juízo". [25]

"...olhos de lince para descobrir os defeitos dos amigos, e de toupeira para ver os próprios". [34]

"A natureza, que em muitas coisas é mais madrasta do que mãe, imprimiu nos homens, sobretudo nos mais sensatos, uma fatal inclinação no sentido de cada qual não se contentar com o que tem, admirando e almejando o que não possui: daí o fato de todos os bens, todos os prazeres, todas as belezas da vida se corromperem e se reduzirem a nada". [36]

"...a felicidade consiste, sobretudo, em querer ser o que se é". [37]

"Os homens que se consagram ao estudo da ciência são, em geral, infelicíssimos em tudo, sobretudo com os filhos.  Suponho que isso provenha de uma precaução da natureza, que dessa forma procura impedir que a peste da sabedoria se difunda em excesso entre os mortais". [40]

"É sempre com semelhantes puerilidades que se faz mover a grande estúpida besta que se chama povo". [42]

"É a Loucura que forma as cidades; graças a ela é que subsistem os governos, a religião, os conselhos, os tribunais; e é mesmo lícito asseverar que a vida humana não passa, afinal, de uma espécie de divertimento da Loucura". [43]

"Não imaginais quanto perdem os pássaros da sua primitiva beleza quando aprendem, nas gaiolas, os nossos cantos.  E assim é verdade, sob todos os aspectos, que as produções da natureza ultrapassam de muito as da arte". [55]

"Diversa é a disposição do coração humano de indivíduo para indivíduo". [56]

"Mas os sábios, segundo mesmo Eurípedes, tem duas línguas, uma para dizer o que pensam e a outra para falar conforme as circunstâncias: quando o querem têm talento para fazer o preto aparecer como branco e o branco como preto, soprando com a mesma boca o calor e o frio e exprimindo com palavras exatamente o contrário do que sentem no peito". [57]

"Por que será que o príncipes não gostam de prestar ouvidos à verdade?  E por que detestam a companhia dos filósofos? Ah! bem vejo que isso se deve ao medo que têm os príncipes de encontrar, entre os filósofos, algum petulante que se atreva a dizer o que é verdadeiro e não o que é agradável". [58]

"Tudo na vida é tão obscuro, tão diverso, tão oposto, que não podemos certificar-nos de nenhuma verdade". [72]

"Se, finalmente, pudésseis observar, do mundo da lua, como o fez Menipo, a inúmeras agitações dos mortais, decerto acreditaríeis estar vendo uma densa nuvem de moscas ou de pernilongos brigando, insidiando-se, guerreando-se, invejando-se, espoliando-se, fornicando-se, nascendo, envelhecendo, morrendo. Não podeis sequer imaginar os horrores e as revoluções com que enche a terra esse animalzinho, tão pequeno e de tão pouca duração, que vulgarmente se chama homem". [79]

"...a loucura tem uma força maior do que a razão, porque, muitas vezes, aquilo que não se pode conseguir com nenhum argumento se obtém com uma chacota". [83]

"...o grande Arquiteto do universo proibiu que o primeiro e lindo par de esposos, por ele feitos e unidos em matrimônio, provassem o fruto da árvore da ciência do bem e do mal, sob pena de sua desgraça e morte.  É a melhor prova de que a ciência é o veneno da felicidade".  [124]

"...eu jamais desejaria beber com um homem que se lembrasse de tudo".  [131]

"...Odeio o ouvinte de memória fiel demais".  [131]

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