Ouço a voz da violência; escuto o barulho de um tiro... vejo pessoas gritando... fica-me
o pensamento em agonia, pela aflição de imaginar: “Poderia eu ter sido atingida por uma
bala à procura de um destino”.
Na vida, tudo se pensa. Só não pensei que esse cenário dramático se armaria no meio
do sertão, numa cidadezinha de interior que, para a violência, vendeu suas tradições pacíficas,
a sua paz.
Porém, mesmo sendo atingida pela “globalização da violência”, a minha cidade, em alguns
aspectos, reage e consegue registrar em sua memória novos contos de amizade e
práticas tradicionais de “curtição” e entretenimento.
O estranho é que até os lugares destinados a festas e confraternizações têm se transformado
em palco de brigas e desassossego! E o que era “a graça de curtir a vida” virou
“curtir a desgraça”.
O nó na minha garganta é expressado nos versos: “Queria poder voar sem cair com um
tiro na asa, pois um pássaro só canta feliz sem a gaiola, e as pessoas só vivem felizes sem a
violência”.
O que me conforta é olhar em volta e sentir ainda algo preservado: famílias que convivem
em famílias; igrejas que ainda pregam o Cristo; clubes de diversão que divertem de
verdade; a natureza resistente que, embora contaminada, insiste em florescer.
E, por último, penso: “Como é viver aqui?” Não critico nem adulo... não odeio ou idolatro.
Quero apenas viver... viver feliz, mesmo com medo. Afinal, se nenhum lugar é perfeito,
fico por aqui... VIVO aqui...
Professora: Sara Jane Alves de Amorim Maia
Escola: E. E. F. Zilá Zilda Carneiro • Cidade: Quixeramobim – CE
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