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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Em busca da sorte Aluna: Scheila Tatiane Teider

Naquele domingo! A comunidade dos Prestes me lembrava a fábula da cigarra e da
formiga: uns trabalhando, outros cantando. Era a festa do padroeiro, que acontece uma vez
ao ano. Por sorte ou ajuda de Deus, estava um sol muito forte, sem risco de chuva. Eu ajudava
nos preparativos da festa, era uma correria: gente pra lá e pra cá, de um lado para
outro, numa euforia coletiva. Ninguém reclamava; ao contrário, todos estavam entusiasmados
e ansiosos pela realização da festa.
No meio daquele vai e vem, vi uma menina andando em minha direção. Observei que
era uma criança humilde, com roupas simples e um olhar triste. Já a tinha visto antes na
igreja, mas não sabia seu nome. Ao chegar mais perto de mim, envergonhada, perguntou:
— Posso fazer alguma coisa para ajudar?
Aquela pergunta me surpreendeu. Jamais pensei que uma menina tão simples quisesse
ajudar. Respondi num impulso:

— Claro que sim. Você sabe vender rifa?
— É a rifa daquela bicicleta? Eu sei. — Nesse momento vi um brilho diferente em
seu olhar.
Entreguei-lhe o bloco de rifas. Ela pegou e saiu correndo sem me dar tempo de perguntar-
lhe o nome.
Depois de algum tempo, com a festa em pleno vapor, senti um puxão na blusa. Virei-me
rápido e dei com a menina me entregando o bloco de rifas e o dinheiro. Percebi, intrigada,
que ela deixou um bilhete sem vender. Agradeci-lhe e perguntei seu nome.
— Maria de Lurdes - disse ela e foi se retirando.
Não pude lhe dar atenção, pois estava trabalhando na barraca dos jogos. Com o canto
do olho vi que ela saiu triste.
Quase ao final da festa, veio uma das pessoas pegar a rifa para sortear. Como faltava um
bilhete para vender, resolvi comprá-lo para Maria de Lurdes, como sinal de agradecimento.
A festa foi um sucesso. Tinha gente de todas as comunidades da redondeza. Ao anoitecer,
todos se reuniram no salão para o sorteio da rifa.
Uma senhora é chamada para retirar o bilhete premiado. Ao ser anunciado o nome do
ganhador, me sobe um arrepio: “Maria de Lurdes”. Como ninguém se apresentou para receber
o prêmio, o animador chamou novamente.
Procurei em meio à multidão e vi Maria de Lurdes olhando assustada para mim. Então,
fui até ela e disse:
— Você ganhou a bicicleta.
— Mas eu não comprei bilhete. Não tenho dinheiro!
— Eu comprei para você, pois ajudou muito vendendo aquela rifa. Vá receber seu prêmio,
você merece!
Nesse instante, vi no rosto daquela criança o sorriso mais puro e o olhar mais sincero
de agradecimento.

Professora: Josiane Lourenço
Escola: E. E. Trajano Ehlke Pires • Cidade: Lapa – PR

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