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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Branca lembrança de uma infância - Aluna: Gizeli Alves de Oliveira

Naquela época, o carreirinho que ia à igreja já estava branquinho de neve, como se tivesse
chovido algodão sobre a mata ainda virgem. Os galhos dos pinheiros – até os mais
fortes – quebravam devido ao peso da neve. Os barrancos ficavam todos cobertos por uma
manta branca e suave, formando um verdadeiro escorregador. Fazíamos bonecos de neve
com nariz de cenoura, braços de galhos secos e uma panela velha como chapéu. Foi a nossa
maior diversão!
Contrastando com a neve, estava o marrom carnado do pinhão no chão. Pinhão, tinha
bastante! Por isso era pinhão no almoço, na janta... Como a comida era pouco diversificada,
a gente dava graças quando tinha alguma coisa diferente. O pinhão dava um sabor a mais
a nossas refeições!
A gente sabia que o pinhão só dava no inverno, mas queria catar pinhão o ano todo.
Ah, que saudades daquela época em que a gente fazia o sapecado! O pinhão quentinho e
o chimarrão eram nossos tesouros, nossa tradição...
Velhos e bons tempos eram aqueles!
Namoro? Só com o pai no meio de nós dois, mesmo nós sabendo que não podíamos
nem pegar na mão! Os bailes eram bonitos e nos clubes Guarani e 1º- de Janeiro eram agitados,
uma alegria só! Quando os casais começavam a dançar, todo mundo aplaudia, com
muito respeito. Respeito, por sinal, era a marca registrada daquela época.
A escola não era tão fácil, assim como é hoje. Não podia olhar para o lado que a professora
já dava a palmatória. A temida e respeitada palmatória! Talvez, devido a ela, havia
mais respeito com os pais, com os professores e com as pessoas mais velhas. Bastava uma
olhadinha e nós já sabíamos o que era!

Tenho saudades daquele tempo, do sabor do pinhão e da suavidade da neve que
quando passava deixava tudo com um inesquecível gosto de “quero mais”...
Nessa cidade, que hoje não é mais tão pequena, e é bastante diferente da Santa Cecília
de antigamente, eu morei e moro até hoje, relembrando o passado. E é de onde não quero
sair, porque é para mim o meu cantinho gelado, mas o melhor para viver, enquanto existirem
as lembranças dessa terra de alma suave como a neve e imponente como a araucária.

(Texto baseado na entrevista feita com a sra. Isaura Grimes dos Santos, 78 anos.)
Professor: Elizeu Domingos Tomasi
Escola: E. E. B. Irmã Irene • Cidade: Santa Cecília – SC

Um comentário:

larissa disse...

goste desta historia emuito legal