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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Beleza cega - Aluno: Pedro Kennedy Oliveira de Sousa

Fim de tarde. Saio da escola, satisfeito por mais um dia de aprendizado. Sigo em frente, passo por todas as avenidas, atravesso as pistas da BR-060 e me dirijo à parada para esperar
o ônibus que me levará para casa.
Passam-se alguns minutos, avisto de longe o número da linha que irei pegar. Dou sinal com a mão, o ônibus para. Como de costume, está lotado. Entro, e mesmo em pé me acomodo
entre os passageiros, e o motorista segue viagem.
Muita conversa tomava conta do ambiente. Porém, entre todo esse alvoroço, notava-se um som, que era, ao mesmo tempo, conhecido e estranho. Procurei descobrir de onde vinha
aquele barulho. Olhei para um lado, olhei para o outro, e nada. As pessoas estão tão aglomeradas que é impossível ver algo.
O ônibus para. Descem dois passageiros. Mas ainda está muito cheio. Desisto de procurar. Abaixo a cabeça, mas continuo ouvindo todo aquele batuque, que soava no fundo do ônibus. Então imaginei: será alguma pessoa ensaiando, naquele espaço, uma
apresentação? Será algum show em meio a todos aqueles rostos cansados e esgotados?
Ou será apenas algumas pessoas brincando com o tal instrumento? A dúvida prevalecia.
Novamente o ônibus para. Cerca de quatro ou cinco pessoas descem. A parte da frente do carro já não tem muitos passageiros em pé. Pago a passagem, passo pela roleta, com a
ansiedade de saber quem era o artista que viajava conosco.
Tento mais uma vez ver quem era... Impossível!
Pela terceira vez o ônibus para. Ponto movimentado, descem muitas pessoas. As que permanecem, disputam entre si os lugares vazios. O ônibus anda.

Ouço várias vozes e palmas que acompanham atentamente a batucada. Parada à vista,
sei que mais pessoas irão descer, me preparo para ir ao fundão.
O ônibus para. As pessoas descem. Então, olho para a frente e me deparo com um cego
tocando um pandeiro, passando toda a sua alegria ao instrumento.
Enfim, é hora de descer. Estampo um belo sorriso em meu rosto, admirando todo aquele
talento. Desço do ônibus com a certeza de que a verdadeira beleza de Brasília não está apenas
nas curvas de Niemeyer e sim nas pessoas que dão vida à nossa cidade.

Professora: Jane dos Santos Carrijo
Escola: Centro de Ensino Médio – 01 – CEMNB • Cidade: Núcleo Bandeirante – DF

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