Fim de tarde. Saio da escola, satisfeito por mais um dia de aprendizado. Sigo em frente, passo por todas as avenidas, atravesso as pistas da BR-060 e me dirijo à parada para esperar
o ônibus que me levará para casa.
Passam-se alguns minutos, avisto de longe o número da linha que irei pegar. Dou sinal com a mão, o ônibus para. Como de costume, está lotado. Entro, e mesmo em pé me acomodo
entre os passageiros, e o motorista segue viagem.
Muita conversa tomava conta do ambiente. Porém, entre todo esse alvoroço, notava-se um som, que era, ao mesmo tempo, conhecido e estranho. Procurei descobrir de onde vinha
aquele barulho. Olhei para um lado, olhei para o outro, e nada. As pessoas estão tão aglomeradas que é impossível ver algo.
O ônibus para. Descem dois passageiros. Mas ainda está muito cheio. Desisto de procurar. Abaixo a cabeça, mas continuo ouvindo todo aquele batuque, que soava no fundo do ônibus. Então imaginei: será alguma pessoa ensaiando, naquele espaço, uma
apresentação? Será algum show em meio a todos aqueles rostos cansados e esgotados?
Ou será apenas algumas pessoas brincando com o tal instrumento? A dúvida prevalecia.
Novamente o ônibus para. Cerca de quatro ou cinco pessoas descem. A parte da frente do carro já não tem muitos passageiros em pé. Pago a passagem, passo pela roleta, com a
ansiedade de saber quem era o artista que viajava conosco.
Tento mais uma vez ver quem era... Impossível!
Pela terceira vez o ônibus para. Ponto movimentado, descem muitas pessoas. As que permanecem, disputam entre si os lugares vazios. O ônibus anda.
Ouço várias vozes e palmas que acompanham atentamente a batucada. Parada à vista,
sei que mais pessoas irão descer, me preparo para ir ao fundão.
O ônibus para. As pessoas descem. Então, olho para a frente e me deparo com um cego
tocando um pandeiro, passando toda a sua alegria ao instrumento.
Enfim, é hora de descer. Estampo um belo sorriso em meu rosto, admirando todo aquele
talento. Desço do ônibus com a certeza de que a verdadeira beleza de Brasília não está apenas
nas curvas de Niemeyer e sim nas pessoas que dão vida à nossa cidade.
Professora: Jane dos Santos Carrijo
Escola: Centro de Ensino Médio – 01 – CEMNB • Cidade: Núcleo Bandeirante – DF
Nenhum comentário:
Postar um comentário