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sexta-feira, 6 de maio de 2011

POESIA MATEMÁTICA

Millôr Fernandes







Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a, do Ápice à Base,
uma figura impar:
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo octogonal, seios esferóides
Fez da sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical
"Sou a soma do quadrado dos
catetos
Mas pode me chamar de
Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas
sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das
fórmulas euclidianas
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções
newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar,
construir um lar, 
mais que um lar, 
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma
secante e três cones
muito engraçadinhos
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
Frequentador de círculos
concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma graneza absoluta
e reduziu-a a um denominador
comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um
todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein
descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.
DESAFIO:  Monte seu grupo e crie você também, utilizando a tecnologia em seu favor, (movie maker, power point ou afins) a representação da Poesia Matemática.

Não esqueça que para realizar a interpretação é preciso ler, pensar, discutir, sonhar, acordar, pesquisar e conhecer,  para enriquecer, lembrar, esquecer, sentir, definir, ver, ouvir e muitas vezes rir... por quê não?

SUCESSO A TODOS E ATÉ BREVE. PROFESSORA ROSILDA

"Em suma: um humorista nato. Muita gente, eu sei, preferiria que eu fosse um humorista morto, mas isso virá a seu tempo. Eles não perdem por esperar.”
Millôr Fernandes

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