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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Da escuridão para o colorido - Aluna: Évelin Cristina Nascimento da Silva

Tristeza! É o que sinto quando abro meus olhos e vejo a mais terrível escuridão, que não
cessa. O único remédio é fechá-los e deixar-me levar pelas lembranças.
Lembro-me como se fosse ontem: bem cedinho, o sol não havia nem acordado ainda,
eu já estava na estrada da minha cidade Santa Branca que nem asfaltada era, pura terra,
com uma brochura e alguns lápis dentro de uma sacolinha de arroz – pois nossa vida era
difícil e papai só ganhava o suficiente para não morrermos de fome e frio. Enquanto caminhava,
a poeira batia em meus olhos e os fazia ficar cheios d’água.
Eu ia cantarolando que nem um sabiá até chegar à escola Barão de Santa Branca,
hoje bem conhecida na cidade e antigamente a única. Recordo-me de que lá havia um
muro para meninos e meninas não ficarem misturados. Bobagem! Ai de nós se tentássemos
olhar para elas... A régua cantava na palma de nossas mãos, parecia que os professores
sentiam prazer em fazer isso, eram rígidos demais.
Assim que saíamos da escola, eu e meus amigos íamos nadar atrás da fábrica de trigo,
que hoje não existe mais – nem a fábrica, nem as águas limpas. Depois íamos jogar
bola atrás do mercado municipal, onde hoje é o posto de saúde. Ficávamos parecendo
tatus, a terra grudava nas roupas e na pele molhada. Depois disso dávamos mais um pulo
na cachoeira, pois se chegássemos assim em casa a vara de amora era o presente para
nossas pernas.
O mais engraçado era ver d. Dolores dirigindo. Se surgia uma nuvem de poeira, podíamos
ter a certeza de que era ela com seu Chevrolet. Afinal, era a única mulher de Santa
Branca que dirigia.
Não posso me esquecer dos cortejos: a cidade inteira seguindo um caixão, sem saber
quem estava dentro. Havia uma banda que tocava para o defunto e ele tinha direito até a
foto. Dá para acreditar nisso? Mamãe me dizia para não dar risadas nem ir ver o rosto do
morto, principalmente se fosse gente ruim, senão ele poderia voltar para assombrar. O sino da delegacia tocava pontualmente às 21 horas para todos se recolherem, era uma época
bem perigosa. De noite a cidade era iluminada por lampião de querosene – isso a deixava
mais sombria.
Foi minha melhor época, mas hoje sou velho, e a cegueira tomou conta dos meus olhos.
Tenho saudade do colorido que hoje só vejo em minha mente através das lembranças do
passado. Escuridão é o que eu vejo, mas jamais sairá de mim a magia de recordar.

(Texto baseado na entrevista feita com o sr. Sarkis Ramos Alwan, 41 anos.)

Professora: Fernanda de Souza Mendez
Escola: E. M. E. F. Professora Palmyra Martins Rosa Perillo • Cidade: Santa Branca – SP

5 comentários:

Évelin Nascimento disse...

Eu ainda me emociono lendo e relendo essa Memória ! <3

Unknown disse...

O texto está narrando em qual pessoa do discurso

gabrielkoroll disse...

qual e o significado do tir=tulo do texto me fala pfvrrrrrrrrrrr???

gabrielkoroll disse...

pode me falar pfvr qual é o significado do titulo do texto?

Anônimo disse...

Escuridão, ele quis se basear na cegueira. Colorido se baseia nas cores e nas lembranças que ficaram em sua mente