Assisti recentemente a exibição do Documentário Chega de Fiu-fiu participei do bate-papo com alunos e professores dos cursos de Direito, Pedagogia e Psicologia na Faculdade Guilherme Guimbala. Tive ali o prazer de reencontrar ex-alunos e isso me deixou exultante, pois é maravilhoso saber que fiz parte do crescimento pessoal desses futuros profissionais.
Na manhã de sábado, 27/04/2019, sentávamos para assistir e discutir os espaços das mulheres na cidade; espaços esses nos quais muitas vezes as mulheres precisam/se obrigam a conviver com o assédio, a violência desenfreada, de gestos, atitudes, palavras, física, moral, sexual, no evento promovido em parceria com a ACE/FGG e o Instituto Aurora, no qual a professora Taysa Schiocchet (UFPR) oportunizou estendermos nosso olhar para além da normalidade.
Em cenas por vezes impactantes retratou a dignidade feminina pisoteada, como um objeto de curta duração de vida útil que deve ser usado e descartado por tornar-se obsoleto, por se ter à disposição muitos e mais novos "modelos".
Trouxe à tona reflexões que perpassam ao longo dos tempos, como questões de gênero, sexualidade, racismo, atribuições de desvalor a uma classe que precisa buscar seu espaço frente às desigualdades, que em inúmeros casos se sente tolhida até mesmo para escolher o que vestir. E, isso nos mostra o quanto ainda há de rastros de tantas vidas carregadas pelo preconceito masculino, por aqueles que se sentem no poder e com direitos de dominação para com a mulher, que tanto já teve que se submeter ao longo de sua trajetória.
Chega de Fiu-fiu trouxe espaço para debate e reflexão; incentivo para tomada de decisões frente a cultura machista, sexista e afrontosa que não reconhece o espaço da dignidade feminina, da igualdade que se projeta para o empoderamento feminino. Trouxe à tona a perpetuação de histórias que se repetem, porque embora os tempos tenham mudado, como um dia retratou Belchior em uma de suas composições "ainda somos os mesmos, e vivemos, como nosso pais..."
Todavia, esses tempos já não nos cabem, é preciso um número maior de políticas públicas e do empoderamento feminino para reconhecer além da sua essência, também sua dignidade e o seu potencial para abrir espaços, mesmo onde lhes for negado.
Hoje, a mulher, enquanto sujeito reflexivo, agente transformador e conhecedora de seu papel e do papel que ainda lhe querem impor, tem por obrigação, tirar a venda de tantos olhos que ainda creem na normalidade de atitudes arbitrárias e de dominação frente a sua sexualidade.
Assédio é violência, e violência fere. Aceitar como normal sair às ruas e ser rotulada pelas escolhas que faz ao usar uma roupa, ou ao ter que ouvir um "fiu-fiu", "gostosa", "oh lá em casa", e tantas outras expressões semelhantes como um elogio, são micro-violências que precisam ser interrompidas, barradas; fechando assim a porta de uma cultura constrangedora que não queremos, tampouco precisamos em nosso dias, em nossas vidas.
Frente a isso, cabe-nos refletir, como sensibilizar a sociedade para desconstruir a precariedade de espaços, posicionamentos, políticas públicas e tantas desigualdades impetradas à mulher...?
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