—Não
digas isso, Flora; é comissão de confiança para fins nobremente
políticos.
Creio que sim, mas daí a saber o
objeto especial e real, ia largo espaço. Também não se sabe como
foi parar à mãos de Batista aquele recado do governo. Sabe-se que
ele não desprezou a escolha, quando um amigo íntimo correu a
chamá-lo ao palácio do generalíssimo. Viu que era reconhecer nele
muita finura e capacidade de trabalho. Não é menos certo, porém,
que a comissão entrava a aborrecê-lo, posto que na correspondência
oficial dissesse exatamente o contrário. Se tais papéis mostrassem
sempre o coração da gente, Batista, cujas instruções eram, aliás,
de concórdia, parecia querer levar a concórdia a ferro e fogo; mas
o estilo não é o homem. O coração de Batista fechava-se, quando
ele escrevia, e deixava ir a mão adiante, com a chave do coração
apertada... "Já é tempo, suspirava o músculo, já é tempo de
um lugar de governador."
Quanto a D. Cláudia, não queria ver
acabada a comissão, que restituía ao esposo a ação política;
faltava-lhe somente uma cousa, oposição. Nenhum jornal dizia mal
dele. Aquele prazer de ler todas as manhãs as descomposturas dos
adversários, lê-las e relê-las com os seus nomes feios, como
látegos de muitas pontas, que lhe rasgavam as carnes e a excitavam
ao mesmo tempo, esse prazer não lhe dava a comissão reservada. Ao
contrário, havia uma espécie de aposta em achar o comissário
justo, equitativo e conciliador, digno de admiração, tipo cívico,
caráter sem mácula.
Tudo isto ela conheceu outrora, mas para lhe
achar sabor foi sempre preciso que viesse entremeado de ralhos e
calúnias. Sem eles, era água insossa. Também não tinha aquela
parte de cerimônias a que obrigava o sumo cargo, mas não lhe
faltavam atenções, e era alguma cousa.
LXXII
O Regresso
O Regresso
Quando
o Marechal Deodoro dissolveu o congresso nacional, em 3 de novembro,
Batista recordou o tempo dos manifestos liberais, e quis fazer um.
Chegou a principiá-lo, em segredo, empregando as belas frases que
trazia de cor, citações latinas, duas ou três apóstrofes. D.
Cláudia reteve-o à beira do abismo, com razões claras e robustas.
Antes de tudo, o golpe de Estado podia ser um benefício. Serve-se
muita vez a liberdade parecendo sufocá-la. Depois, era o mesmo homem
que a havia proclamado que convidava agora a nação a dizer o que
queria, e a emendar a constituição, salvo nas partes essenciais. A
palavra do generalíssimo, como a sua espada, bastava a defender e
consumar a obra principiada. D. Cláudia não tinha estilo próprio,
mas sabia comunicar o calor do discurso ao coração de um homem de
boa vontade. Batista, depois de a escutar e pensar, bateu-lhe no
ombro imperativamente:
—Tens razão, filha.
Não rasgou o papel escrito; queria
guardá-lo como simples lembrança, e a prova é que ia escrever uma
carta ao Presidente. D. Cláudia também lhe tirou esta ideia da
cabeça. Não havia necessidade de lhe mandar o seu sufrágio;
bastava conservar-se na comissão.
—O governo não está satisfeito com
você?
—Está.
—Vendo que você se conserva,
conclui que aprova tudo, e basta.
—Sim, Cláudia, concordou ele após
alguns instantes. Ao contrário, qualquer cousa que escrevesse contra
a assembleia sediciosa que o Presidente acaba de dissolver, pareceria
falta de piedade. Paz aos mortos! Tens razão, filha.
Conservou-se
calado, operando, fiel às instruções recebidas. Vinte dias depois,
o Marechal Deodoro passava o governo às mãos do Marechal Floriano,
o congresso era restabelecido e todos os decretos do dia 3 anulados.
Ao
saber de tais fatos, Batista pensou morrer. Ficou sem fala por alguns
instantes, e D. Cláudia não achou a menor parcela de animo que lhe
desse. Nenhum contara com a marcha rápida dos acontecimentos, uns
sobre outros, com tal atropelo que parecia um bando de gente que
fugia. Vinte dias apenas; vinte dias de força e sossego, esperanças
e grande futuro. Um dia mais e tudo ruiu como casa velha.
Agora
é que Batista compreendeu o erro de haver dado ouvidos à esposa. Se
tem acabado e publicado o manifesto no dia 4 ou 5, estaria com um
documento de resistência na mão para reivindicar um posto de honra
qualquer, — ou só estima que fosse. Releu o manifesto; chegou a
pensar em imprimi-lo, embora incompleto. Tinha conceitos bons, como
este: "O dia da opressão é a véspera da liberdade".
Citava a bela Roland caminhando para a guilhotina: "Ó
liberdade, quantos crimes em teu nome!" D. Cláudia fez-lhe ver
que era tarde, e ele concordou.
—Sim, é tarde. Naquele dia é que
não era tarde, vinha à hora própria, para o efeito certo.
Batista amarrotou o papel
distraidamente; depois alisou-o e guardou-o. Em seguida, fez um exame
de consciência, profundo e sincero. Não devia ter cedido —
resistência era o melhor; se tem resistido às palavras da mulher, a
situação seria outra. Apalpou-se, achou que sim, que podia muito
bem haver-lhe trancado os ouvidos e passado adiante. Insistiu muito
neste ponto. Se pudesse, faria voltar atrás o tempo, e mostraria
como é que a alma escolhe de si mesma o melhor dos partidos. Não
era preciso saber nada do que anteriormente sucedeu; a consciência
dizia-lhe que, em situação idêntica à do dia 3, faria outra
cousa... Oh! com certeza! faria cousa muito diversa, e mudaria o seu
destino.
Um ofício ou telegrama veio arrancar
Batista à comissão política e reservada. A volta para o Rio de
Janeiro foi breve e triste, sem os epítetos que o haviam regalado
por alguns meses, nem acompanhamento de amigos. Só uma pessoa vinha
alegre, a filha, que rezara todas as noites pela terminação daquele
exílio.
—Parece que estás contente com o
desastre de teu pai, disse-lhe a mãe já a bordo.
—Não,
mamãe; alegro-me de ver que acabou esta canseira. Papai pode muito
bem fazer política no Rio de Janeiro, onde é muito apreciado. A
senhora verá. Eu, se fosse papai, apenas desembarcasse, ia logo ao
marechal explicar tudo, mostrar as instruções e dizer o que tinha
feito — dizia mais que a dispensa veio muito a propósito, a fim de
não parecer que ficara amofinado. Depois pedia-lhe para trabalhar lá
mesmo...
D. Cláudia, a despeito do amargor dos
tempos, gostou de ver que a filha pensava e dava conselhos em
política. Não advertiu, como fez o leitor, que a alma do discurso
da moça era não sair da capital, fazer aqui mesmo o seu congresso,
que em breve seria uma só assembleia legislativa, como no Rio Grande
do Sul; mas a qual das câmaras, Pedro ou Paulo, caberia esse único
poder político? Eis o que ela mesma não sabia.
Ambos se lhe apresentaram a bordo,
logo que o paquete entrou no porto do Rio de Janeiro. Não foram em
duas lanchas, foram na mesma, e saltaram com tal presteza para a
escada, que escaparam de cair ao mar. Talvez fosse o melhor desfecho
do livro. Ainda assim não acaba mal o capítulo, porque a razão da
presteza com que eles saltaram para a escada foi a ambição de ser o
primeiro que cumprimentasse a moça; aposta de amor, que ainda uma
vez os igualou na alma dela. Enfim chegaram, e não consta qual
efetivamente a cumprimentou primeiro; pode ser que ambos.
LXXIII
Um Eldorado
Um Eldorado
No cais Pharoux esperavam por eles
três carruagens, — dous coupés e um landau, com três belas
parelhas de cavalos. A gente Batista ficou lisonjeada com a fineza da
gente Santos, e entrou no landau. Os gêmeos foram cada um no seu
coupé. A primeira carruagem tinha o seu cocheiro e o seu lacaio,
fardados de castanho, botões de metal branco, em que se podiam ver
as armas da casa. Cada uma das outras tinha apenas o cocheiro, com
igual libré. E todas três se puseram a andar, estas atrás daquela,
os animais batendo rijo e compassado, a golpes certos, como se
houvessem ensaiado, por longos dias, aquela recepção. De quando em
quando, encontravam outros trens, outras librés, outras parelhas, a
mesma beleza e o mesmo luxo, A capital oferecia ainda aos
recém-chegados um espetáculo magnífico. Vivia-se dos restos
daquele deslumbramento e agitação, epopeia de ouro da cidade e do
mundo, porque a impressão total é que o mundo inteiro era assim
mesmo. Certo, não lhe esqueceste o nome, encilhamento, a grande
quadra das empresas e companhias de toda espécie. Quem não viu
aquilo não viu nada. Cascatas de ideias, de invenções, de
concessões rolavam todos os dias, sonoras e vistosas para se fazerem
contos de réis, centenas de contos, milhares, milhares de milhares,
milhares de milhares de milhares de contos de réis. Todos os papéis,
aliás ações, saíam frescos e eternos do prelo. Eram estradas de
ferro, bancos, fábricas, minas, estaleiros, navegação, edificação,
exportação, importação, ensaques, empréstimos, todas as uniões,
todas as regiões, tudo o que esses nomes comportam e mais o que
esqueceram. Tudo andava nas ruas e praças, com estatutos,
organizadores e listas. Letras grandes enchiam as folhas públicas,
os títulos sucediam-se, sem que se repetissem, raro morria, e só
morria o que era frouxo, mas a princípio nada era frouxo. Cada ação
trazia a vida intensa e liberal, alguma vez imortal, que se
multiplicava daquela outra vida com que a alma acolhe as religiões
novas. Nasciam as ações a preço alto, mais numerosas que as
antigas crias da escravidão, e com dividendos infinitos.
Pessoas do tempo, querendo exagerar a
riqueza, dizem que o dinheiro brotava do chão, mas não é verdade.
Quando muito, caía do céu. Cândido e Cacambo... Ai, pobre Cacambo
nosso! Sabes que é o nome daquele índio que Basílio da Gama cantou
no Uruguai. Voltaire pegou dele para o meter no seu livro, e a ironia
do filósofo venceu a doçura do poeta. Pobre José Basílio! tinhas
contra ti o assunto estreito e a língua escusa. O grande homem não
te arrebatou Lindoia, felizmente, mas Cacambo é dele, mais dele que
teu, patrício da minha alma.
Candido e Cacambo, ia eu dizendo, ao
entrarem no Eldorado, conta Voltaire que viram crianças brincando na
rua com rodelas de ouro, esmeralda e rubi; apanharam algumas, e na
primeira hospedaria em que comeram quiseram pagar o jantar com duas
delas. Sabes que o dono da casa riu às bandeiras despregadas, já
por quererem pagar-lhe com pedras do calçamento, já porque ali
ninguém pagava o que comia, era o governo que pagava tudo. Foi essa
hilaridade do hospedeiro, com a liberalidade atribuída ao Estado,
que fez crer iguais fenômenos entre nós, mas é tudo mentira.
O
que parece ser verdade é que as nossas carruagens brotavam do chão.
As tardes, quando uma centena delas se ia enfileirar no Largo de S.
Francisco de Paula, à espera das pessoas, era um gosto subir a Rua
do Ouvidor, parar e contemplá-las. As parelhas arrancavam os olhos à
gente; todas pareciam descer das rapsódias de Homero, posto fossem
corcéis de paz. As carruagens também. Juno certamente as aparelhara
com suas correias de ouro, freios de ouro, rédeas de ouro, tudo de
ouro incorruptível. Mas nem ela nem Minerva entravam nos veículos
de ouro para os fins da guerra contra Ílion. Tudo ali respirava a
paz. Cocheiros e lacaios, barbeados e graves, esperando tesos e
compostos, davam uma bela ideia do ofício. Nenhum aguardava o
patrão, deitado no interior dos carros, com as pernas de fora. A
impressão que davam era de uma disciplina rígida e elegante,
aprendida em alta escola e conservada pela dignidade do indivíduo.
"Casos
há, — escrevia o nosso Aires — em que a impassibilidade do
cocheiro na boléia contrasta com a agitação do dono no interior
carruagem, fazendo crer que é o patrão que, por desfastio, trepou à
boleia e leva o cocheiro a passear."
LXXIV
A alusão do texto
A alusão do texto
Antes de continuar, é preciso dizer
que o nosso Aires não se referia vagamente ou de modo genérico a
algumas pessoas, mas a uma só pessoa particular. Chamava-se então
Nóbrega; outrora não se chamava nada, era aquele simples andador
das almas que encontrou Natividade e Perpétua na Rua de S. José,
esquina da Misericórdia. Não esqueceste que a recente mãe deitou
uma nota de dous mil-réis à bacia do andador. A nota era nova e
bela; passou da bacia à algibeira, no fundo de um corredor, não sem
algum combate.
Poucos meses depois, Nóbrega
abandonou as almas a si mesmas, e foi a outros purgatórios, para os
quais achou outras opas, outras bacias e finalmente outras notas,
esmolas de piedade feliz. Quero dizer que foi a outras carreiras. Com
pouco deixou a cidade, e não se sabe se também o pais. Quando
tornou, trazia alguns pares de contos de réis, que a fortuna dobrou,
redobrou e desdobrou. Enfim, alvoreceu a famosa quadra do
"encilhamento". Esta foi a grande opa, a grande bacia, a
grande esmola, o grande purgatório. Quem já sabia do andador das
almas? A antiga roda perdera-se na obscuridade e na morte. Ele era
outro; as feições não eram as mesmas, senão as que o tempo lhe
veio compondo e melhorando.
Se a grande bacia, ou qualquer das
outras recebeu notas que tivessem o destino da primeira, é o que se
não sabe, mas é possível. Foi por esse tempo que Aires o viu de
carro, quase a sair pela portinhola fora, cumprimentando muito,
espiando tudo. Como o cocheiro e o lacaio (creio que eram escoceses)
salvassem a dignidade pessoal da casa, Aires fez a observação do
fim do outro capítulo, sem nenhuma intenção geral. Posto não
achasse já nenhum conhecido antigo, Nóbrega tinha medo de tornar ao
bairro, onde andara a pedir para as primeiras almas. Um dia. porém
tais foram as saudades dele que pensou em afrontar o perigo e lá
foi. Tinha cócegas de mirar as ruas e as pessoas, recordava as casas
e as lojas, um barbeiro, os sobrados de grade de pau, onde mereciam
tais e tais moças... Quando ia a ceder. teve outra vez medo e enfiou
por outra parte. Só passava de carro; depois quis ver tudo a pé,
devagar, parando, se fosse possível, e revivendo o extinto.
Lá se foi a pé: desceu pela Rua de
S. José, dobrou a da Misericórdia, foi parar à Praia de Santa
Luzia, tornou pela Rua de D. Manuel, enfiou de beco em beco. A
princípio olhava de esguelha, rápido. O s olhos no chão. Aqui via
a loja de barbeiro, e o barbeiro era outro. Dos sobrados de grade de
pau debruçaram-se ainda moças, velhas e meninas e nenhuma era a
mesma. Nóbrega foi-se animando e encarando. Talvez esta velha fosse
moça, há vinte anos. a moça talvez mamasse, e dá agora de mamar a
outra criança. Nóbrega acabou parando e andando devagar.
Voltou
mais vezes. Só as casas, que eram as mesmas, pareciam reconhecê-lo,
e algumas quase que lhe falavam. Não é poesia. O ex-andador sentia
necessidade de ser conhecido das pedras, ouvir-se admirar delas,
contar-lhes a vida, obrigá-las a comparar o modesto de outrora com o
garrido de hoje, e escutar-lhes as palavras mudas: "Vejam,
manas, é ele mesmo". Passava por elas, fitava-as,
interrogava-as, quase ria, quase as tocava para sacudi-las com força:
"Falem, diabos, falem!"
Não
confiaria de homem aquele passado, mas às paredes mudas, às grades
velhas, às portas gretadas, aos lampiões antigos, se os havia
ainda, tudo o que fosse discreto, a tudo quisera dar olhos, ouvidos e
boca, um boca que só ele escutasse, e que proclamasse a prosperidade
daquele velho andador.
Uma
vez, viu a matriz de S. José aberta e entrou. A igreja era a mesma,
aqui estão os altares, aqui está a solidão, aqui está o silêncio.
Persignou-se, mas não orou — olhava só a um lado e outro, andando
na direção do altar-mor. Tinha receio de ver aparecer o sacristão,
podia ser o mesmo, e conhecê-lo. Ouviu passos, recuou depressa e
saiu.
Ao
subir pela Rua de S. José, encostou-se à parede, para deixar passar
uma carroça. A carroça subiu a calçada, ele refugiou-se num
corredor. O corredor podia ser qualquer; aquele era o próprio em que
ele fez a operação da nota de dous mil-réis de Natividade. Olhou
bem, era o mesmo. Ao fundo estavam os três ou quatro degraus da
primeira escada que dobrava à esquerda e pegava com a grande Sorriu
do acaso reviu por um instante aquela manhã, viu no ar a nota de
dous mil-réis. Outras lhe teriam vindo às mãos por maneiras assim
fáceis, mas nunca lhe esqueceu aquela graciosa folha gravada com
tantos símbolos, números, datas e promessas, entregue por uma
senhora desconhecida, sabe Deus se a própria Santa Rita de Cássia.
Era a sua particular devoção. Sem dúvida, trocou a nota e
gastou-a, mas as partes dispersas não foram senão levar a outras
notas um convite para a algibeira do dono, e todas acudiram a
mancheias, obedientes e caladas, para que não as ouvissem crescer.
Por
mais que ele olhasse pela vida dentro, não achava igual obséquio do
Céu, ou sequer do inferno. Mais tarde, se alguma joia lhe levou os
olhos, não lhe levou as mãos. Tinha aprendido a respeitar o alheio,
ou ganhara com que o comprar. A nota de dous milréis... Um dia.
ousando mais, chamou-lhe presente de Nosso Senhor.
Não,
leitor, não me apanhas em contradição. Eu bem sei que a princípio
o andador das almas atribuiu a nota ao prazer que a dama traria de
alguma aventura. Ainda me lembram as palavras dele: "Aquelas
duas viram passarinho verde!" Mas se agora atribuía a nota à
proteção da santa, não mentia então nem agora. Era difícil
atinar com a verdade. A única verdade certa eram os dous mil-réis.
Nem se pode dizer que era a mesma em ambos os tempos. Então, a nota
de dous mil-réis equivalia, pelo menos, a vinte (lembra-te dos
sapatos velhos do homem); agora não subia de uma gorjeta de
cocheiro,
Também não há contradição em pôr
a santa agora e a namorada outrora. Era mais natural o contrário,
quando era maior a intimidade dele com igreja. Mas, leitor dos meus
pecados, amava-se muito em 1871, como já se amava em 1861, 1851 e
1841, não menos que em 1881, 1891 e 1901. O século dirá o resto. E
depois, é preciso não esquecer que a opinião do andador das almas
acerca de Natividade foi anterior ao gesto do corredor, quando ele
agasalhou a nota na algibeira. t duvidoso que, depois do gesto, a
opinião fosse a mesma.
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