A arqueóloga Dione da Rocha Bandeira afirma que "a região de Joinville é a mais importante do Brasil, talvez do mundo", em relação a sambaquis - patrimônio arqueológico - mas pouco estudada e valorizada.
Grande parte da população
desconhece a história desses locais e a eles atribuem valores e novos usos que
os cientistas julgam inadequados. Entretanto,
qual o sentido em preservar quando não se sabe o porquê se preserva? Se contemplamos,
nos apropriamos, atribuímos valor pela forma como olhamos, usamos e sentimos
esses espaços, quem e por que determina
que esses sentidos aos novos usos e atribuições cotidianas precisam ser
diferentes?
Populações pré-históricas, formadas por
grupos coletores-pescadores, viveram na
região há cerca de 5.000 anos produzindo os sambaquis, locais onde eram
depositados os restos de alimentos, formando “morros de conchas” e constituindo
suas residências por meio de grande interação com a esfera natural, o que se
justifica devido a sua localização em regiões próximas a manguezais, lagoas e
rios, pois no alto ficariam protegidos das marés e possíveis ataques de
animais.
Essa
noção de patrimônio, como diria Menezes Costa, “nem sempre foi assim, sua
função foi sendo modificada ao longo dos séculos, incorporando novos valores e
perdendo antigos referenciais”.
Mas, projetar
o futuro à base de feitos do passado é uma representação que pode não ser
apropriada por aqueles que constroem novos significados para antigos
significantes.
A
leitura da CARTA DE LAUSANNE nos elucidou sobre os sambaquis, apresentando-os
como um recurso cultural, frágil e não renovável e mostrou que os planos de
ocupação do solo, decorrentes de projetos de desenvolvimento devem ser
regulamentados a fim de minimizar sua destruição. Sobre isso, alguns cientistas sugerem que para uma sociedade sustentável é necessário
preservar o patrimônio cultural, abrangendo a população diretamente envolvida,
evidenciando sua memória e a identidade dos cidadãos que nela residem,
mas que cresceu consideravelmente e ocupa os espaços de forma desordenada, consequência
inevitável em meio aos percalços que a contemporaneidade oferece.
Elaborar estudos, teorias e probabilidades em
relação ao patrimônio arqueológico talvez possa responder a tantos
questionamentos que nos inquietam, mas basta percebermos a evolução social para
sabermos que as respostas para nossas inquietações, serão apenas contribuições
para as mais diversas discussões nesse âmbito, porque pensar o patrimônio
arqueológico é propor sempre novas e outras investigações, tecer relações entre
passado e presente fazendo germinar novos olhares e muitas possibilidades.
Rosilda da Silva
Ana Carla Jacintho
Nenhum comentário:
Postar um comentário