Total de visualizações de página

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Olhares sobre o Patrimônio Arqueológico da cidade de Joinville

A arqueóloga Dione da Rocha Bandeira afirma que "a região de Joinville é a mais importante do Brasil, talvez do mundo", em relação a sambaquis - patrimônio arqueológico - mas pouco estudada e valorizada.
 Grande parte da população desconhece a história desses locais e a eles atribuem valores e novos usos que os cientistas julgam inadequados.  Entretanto, qual o sentido em preservar quando não se sabe o porquê se preserva? Se contemplamos, nos apropriamos, atribuímos valor pela forma como olhamos, usamos e sentimos esses espaços,  quem e por que determina que esses sentidos aos novos usos e atribuições cotidianas precisam ser diferentes? 

        Populações pré-históricas, formadas por grupos  coletores-pescadores, viveram na região há cerca de 5.000 anos produzindo os sambaquis, locais onde eram depositados os restos de alimentos, formando “morros de conchas” e constituindo suas residências por meio de grande interação com a esfera natural, o que se justifica devido a sua localização em regiões próximas a manguezais, lagoas e rios, pois no alto ficariam protegidos das marés e possíveis ataques de animais.
Essa noção de patrimônio, como diria Menezes Costa, “nem sempre foi assim, sua função foi sendo modificada ao longo dos séculos, incorporando novos valores e perdendo antigos referenciais”. Mas, projetar o futuro à base de feitos do passado é uma representação que pode não ser apropriada por aqueles que constroem novos significados para antigos significantes.
A leitura da CARTA DE LAUSANNE nos elucidou sobre os sambaquis, apresentando-os como um recurso cultural, frágil e não renovável e mostrou que os planos de ocupação do solo, decorrentes de projetos de desenvolvimento devem ser regulamentados a fim de minimizar sua destruição.  Sobre isso, alguns cientistas sugerem que para uma sociedade sustentável é necessário preservar o patrimônio cultural, abrangendo a população diretamente envolvida, evidenciando sua memória e a identidade dos cidadãos que nela residem, mas que cresceu consideravelmente e ocupa os espaços de forma desordenada, consequência inevitável em meio aos percalços que a contemporaneidade oferece.

            Elaborar estudos, teorias e probabilidades em relação ao patrimônio arqueológico talvez possa responder a tantos questionamentos que nos inquietam, mas basta percebermos a evolução social para sabermos que as respostas para nossas inquietações, serão apenas contribuições para as mais diversas discussões nesse âmbito, porque pensar o patrimônio arqueológico é propor sempre novas e outras investigações, tecer relações entre passado e presente fazendo germinar novos olhares e muitas possibilidades.

Rosilda da Silva
Ana Carla Jacintho

Nenhum comentário: