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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Curiosidades sobre as cores


Diz o velho provérbio que cores e gostos não se discutem: enquanto no Ocidente a cor do luto é o preto ou o roxo, em muitos países do Oriente é o branco que tem este valor. Nossas noivas ainda se vestem de branco, mas na Índia elas preferem o vermelho e na Noruega, pasmem, elas se casam de verde. No que se refere ao mundo das cores, cada povo difere dos demais nas suas preferências, nas combinações que valoriza e no simbolismo que a elas atribui; é natural, portanto, que as expressões que usam para designar os nomes das cores não possam ser traduzidas literalmente de uma língua para outra. Vemos, abaixo, as principais expressões "coloridas" empregadas no nosso idioma.
BRANCO - Na nossa cultura, associamos ao branco a pureza e a inocência (o vestido de noiva, a roupa do nenê no batizado, etc.), a higiene, a saúde e a limpeza (ambulâncias, hospitais), a sabedoria (os sábios das lendas sempre têm roupas e barbas brancas, os cientistas sempre usam guarda-pós); por causa do preto no branco do papel, na imprensa, esta cor também designa o que está sem marca alguma (livro em branco, cheque em branco).
Há muitas expressões na nossa língua, que contêm a palavra "branco"/"branca", com diferentes significados: assim, "bandeira branca" indica trégua; as "armas brancas" incluem facas, espadas e lâminas de toda espécie; se autorizo alguém a fazer tudo o que for necessário, dou-lhe "carta branca"; quem pratica "magia branca" só admite fazer o bem; na "greve branca", os empregados se declaram em greve, mas continuam trabalhando; "versos brancos" são os que não têm rima; se alguém não foi premiado é porque tinha em mão "um bilhete branco"; se nenhum dos candidatos da cédula foi assinalado, temos um "voto em branco"; posso ficar "branco de medo" ou de susto.

VERDE - O verde é a cor da esperança e, naturalmente, da natureza e da ecologia; por analogia ao crescimento dos vegetais, também simboliza a juventude. Em certos casos, contudo, pode designar algo demoníaco (o monstro verde do ciúme, de Shakespeare) ou estranho (os homenzinhos que pilotam os discos-voadores são, no imaginário popular, sempre verdes, assim como os duendes).
As expressões que contêm a palavra "verde" são muitas. Assim, quem recebe "sinal verde" tem autorização para prosseguir; na adolescência são enaltecidos os saudosos "verdes anos"; chamamos de "fruta verde" toda fruta que não está madura, independentemente de sua cor verdadeira; a Amazônia foi apelidada de "inferno verde" pelos viajantes europeus do séc. XIX; fica-se "verde de inveja" (embora alguns também fiquem roxos); as "verdinhas" servem para designar a nota americana, o dólar, verde e branco em todos os valores; e o "pano verde" designa as mesas de jogos de azar.
AMARELO - É a cor, por excelência, do que precisa ser chamativo (as bolas de tênis, os botes salva-vidas, as capas de chuva de quem trabalha na estrada). O amarelo está associado à luz e ao sol, ao fogo e à energia - mas também à palidez do medo e da doença.

As expressões são facilmente encontradas em nossa língua. Assim, a "imprensa amarela" (também chamada de imprensa marrom) explora o sensacionalismo; "perigo amarelo" era como a contrapropaganda chamava os asiáticos (especialmente chineses e japoneses); um sorriso forçado, contrafeito, é o famoso "sorriso amarelo", enquanto "amarelar" é se acovardar, desistir, não cumprir a palavra.

AZUL - É a cor do infinito e de tudo o que está distante (o azul do horizonte, o mar azul); por sua presença no céu, o azul ficou associado à paz e à tranqüilidade (o azul da ONU, da Comunidade Européia; os capacetes azuis da Força de Paz). Hoje em dia, a cor está muito ligada à água, como se vê na embalagem de qualquer água mineral.
As expressões são bastante ilustrativas. Assim, quem pertence à nobreza tem "sangue azul"; receber o "bilhete azul" é ser demitido; pescar na "água azul" é pescar fora da plataforma continental, no mar profundo; quando tudo corre bem, está "tudo azul"; quem se deixa seduzir pela ambição foi "mordido pela mosca azul".
NEGRO - No Ocidente, o negro sempre foi a cor da noite, da morte e da tristeza; por ser austera, associou-se também à autoridade (basta ver as vestes dos padres e dos magistrados; até há bem pouco tempo, o juiz de futebol usava sempre fardamento preto). Atualmente, a cor denota um toque de elegância: os homens usam smoking e black-tie, enquanto as mulheres portam o seu "pretinho básico". Há também uma associação à rebeldia, à transgressão, ao que está fora da lei.
Expressões em nossa língua é o que não faltam. Assim, a "magia negra", ao contrário da branca, quer sempre prejudicar alguém; na "lista negra", só entram os nomes que vão ser vetados ou boicotados; a "ovelha negra" da família destoa do grupo por seu comportamento reprovável; o "câmbio negro" (assim como o mercado) era clandestino, mas já não é tão combatido, passando a ser chamado de paralelo; o "ouro negro" é usado para designar o petróleo; e a África costumava ser taxada de "continente negro", pela maioria da população de negros.
VERMELHO - Era a cor dos imperadores e da nobreza, do sangue e da paixão; hoje em dia, também está associada ao perigo (o alerta vermelho, a bandeira vermelha das praias), ao fogo (os caminhões de bombeiros, os hidrantes, os extintores de incêndio), aos partidos de esquerda e ao que precisa ser assinalado na escrita (as correções feitas pelo professor, os lançamentos negativos na contabilidade). É considerada a cor favorita das crianças, que sempre preferem balas, doces, bebidas e brinquedos nessa cor.
As expressões dão conta de tais associações. Assim, estender o "tapete vermelho" para alguém é recebê-lo com todas as pompas e honras; Marte é o "planeta vermelho", pela presença de gases nesses tons; um "telefone vermelho" é uma ligação direta entre duas autoridades; levar "cartão vermelho" é ser expulso, ser mandado embora (até de um namoro); quem tem saldo devedor está "no vermelho"; fica "vermelho" quem ainda tem a capacidade de ruborizar-se.
OUTRAS CORES - É pequena a sua contribuição em nossa língua, em função do menor número de expressões encontradas. Mas podemos citar algumas, tais como: vê a "vida cor-de-rosa" quem olha a realidade com um otimismo ingênuo e exagerado; uns têm muita, outros têm pouca "massa cinzenta" (o cérebro); podemos ficar "roxos de vergonha", de fome ou de frio; ter "aquilo roxo" é ter coragem para dar e vender. Por último, chamamos de "vida incolor" ou "descolorida" aquela que é vivida sem graça e sem entusiasmo.
O que não é o nosso caso, não é mesmo?

Fonte: www.velhosamigos.blogspot.com

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