Total de visualizações de página

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A pós-modernidade e as verdades universais: a desconstrução dos vínculos e a descoberta da alteridade - Euler Renato Westphal

Introdução

Segundo Maffesoli (2004), as relações fluidas e descompromissadas entre as pessoas, bem como os bacanais, são expressões da pós-modernidade. Assim sendo, determinam-se os relacionamentos pelas vantagens que cada um pode ter. Os vínculos são tidos como eternos enquanto o outro está proporcionando satisfação e prazer. A responsabilidade moral pela outra pessoa torna-se frouxa, destituída de laços estáveis. Desse modo, os vínculos ficam fluidos pela debilidade e pela vulnerabilidade (MAFFESOLI, 2004). O eu passa a ser o eixo e o critério para o agir moral. A pergunta fundamental é: "O que eu ganho ao ser ético na relação com o outro?".
Conforme Zygmunt Bauman (2004), se o eixo do agir ético gira em torno do que cada um pode ganhar, haveria uma conspiração contra a confiança, enquanto expressão de que a vida é possível. Assim, os relacionamentos humanos se tornariam autofágicos (BAUMAN, 2004). A pós-modernidade trouxe conflitos éticos significativos, pois desconstruiu vínculos históricos e sociais fundamentais, como o sentimento de pertença familiar. O processo de drogadição juvenil é uma forma de romper com essa construção coletiva e com a objetivação do convívio humano. Com base nessas observações, pretendemos analisar alguns aspectos da fundamentação teórica da pós-modernidade, especialmente a partir da expressão mais forte da secularização: o teólogo Friedrich Nietzsche. Propomos o conceito alteridade como um conceito fundamental para a reconstrução dos vínculos humanos.



A errância como critério ético

A cultura do excesso é expressão do rito de inversão que rompe com a ordem e com os contratos sociais. Assim, a errância, de acordo com Michel Maffesoli (2001, p. 133), é gozar o instante sem se preocupar com os vínculos. A particularidade hedonista tem direito à cidadania. Acomodar-se ao mundo é vagabundar na aventura que se busca nas diversas festas. São estas que marcam os relacionamentos sociais. Maffesoli (2001, p. 133) descreve tal nomadismo ou vagabundagem cultural e ética da seguinte forma: "Cada um vivendo de sua droga específica: drogas, strícto sensu (alucinógeno, álcool), cultura, religião, política, trabalho, esporte, música etc. Ou antes, cada um vagabundando de uma droga a outra, de um modo às vezes caótico ou, ao contrário, de um modo totalmente harmonioso".
Observa-se que adolescentes e jovens dependentes de substâncias psicoativas, incluindo o álcool, perderam, em grande medida, os valores como construções culturais e percepção ética. Desse modo, o sentimento de vínculo social foi desestruturado. A tese de discussão é que a pós-modernidade rompeu com os vínculos, pois particularizou a percepção da realidade ao romper com os valores universais, como família, religião e valores (NAZÁRIO, 2008). Segundo Albert Schweizer, há uma relação intrínseca entre ética e cultura, tanto na construção do patrimônio cultural como na ruptura da ética com a cultura. Assim sendo, cidadania, ética, sustentabilidade e as expressões tangíveis de cultura condicionam-se (SCHWEIZER, 1996). 
De fato, a sociedade é constituída pelo conjunto das relações sociais e culturais de comunidades humanas, as quais constróem sua identidade coletiva por meio de valores tangíveis e intangíveis que se expressam na construção do simbólico como elemento de estabilidade social. O patrimônio cultural tangível, material, é a objetivação de todos esses complexos e mútuos processos da convivência humana que se expressa na cidadania e na sustentabilidade. As rupturas da pós-modernidade estendem-se às objetivações da convivência humana, sobretudo ao convívio familiar.
A ausência de valores e de referências e o vazio de sentido são preenchidos por atitudes autodestruidoras por parte de muitos jovens. Há um nexo causai entre a ausência dafigura paterna nos relacionamentos familiares e os filhos dependentes de substâncias psicoativas. Vários teóricos constatam que a cultura pós-moderna está sendo desafiada a retomar a discussão em torno de valores éticos agregadores (LORENZ, 1983; FROMM, 1987; SENNET, 2004b). Isso é necessário porque estão sendo priorizadas as promessas de desenvolvimento e de progresso - bens materiais -, sem, contudo, priorizar os bens imateriais, como valores, família e vínculos sociais. Assim, tem-se uma cultura do ter em detrimento do ser, que não consegue estabelecer relações de sentido com os bens culturais materiais e tangíveis (SENNET, 2004a).
A partir disso, explica-se, pelo menos em parte, a destruição de patrimônioshistóricose culturais, aexemplodaspichaçõesedadestruição das mais variadas expressões de bens culturais. Segundo Boaventura de Sousa Santos, "a idéia moderna da racionalidade global da vida social e pessoal acabou por se desintegrar numa miríade de minirracionalidades ao serviço de uma irracionalidade global, inabarcável e incontrolável" (2006, p. 102). Assim, a ética da pós-modernidade é caracterizada pela diluição de todos os valores universais (ENGELMANN, 1993; LYOTARD, 1993, 1986). Com a perda da consciência de que o indivíduo está inserido em processos históricos, perde-se o vínculo com a objetivação de todos os complexos e mútuos processos da convivência humana, que é o patrimônio tangível e material.
Para Lipovetsky (2004), na pós-modernidade, o conjunto coletivo e os comportamentos individuais são determinados pelos extremos.
De um lado, constata-se a obsessão pela saúde e pela qualidade de vida e, ao mesmo tempo, vive-se a anarquia comportamental, o consumo extremo, o uso de drogas e as patologias individuais. Além disso, a crise de sentido é preenchida pela química, na medida em que se espera que os conflitos existenciais sejam superados por meio de fármacos, como Prozac, Zoloft e outros (WESTPHAL, 2006b).
O vazio de sentido também pode ser preenchido com as drogas ilícitas, como a cocaína, o crack, ou mesmo com as drogas lícitas, a exemplo das bebidas alcoólicas. Esse é o cenário que se observa nas casas de recuperação, denominadas comunidades terapêuticas. Conforme Maffesoli, o uso de drogas lícitas e ilícitas, como metanarrativa da pós-modernidade, assume o lugar das metanarrativas éticas e políticas. Assim, rompe-se com a consciência de cidadania, sem perspectivas de uma existência economicamente sustentável. De outro lado, constata-se que a agressão pode ser uma força criadora de novas expressões de patrimônio cultural tangível, como a música, a pintura, a dança, a escultura e tantas outras (LORENZ, 1969; HUXLEY, 1969).


A morte de Deus: condição e possibilidade para o pensamento pós-moderno

Analisaremos o contexto filosófico e conceituai da pós-modernidade ao investigar o pensamento de alguns representantes e críticos do pensamento pós-moderno. Observa-se um interesse crescente em recuperar dimensões que se perderam ao longo da história recente, o que privilegiou o discurso da desconstrução do simbólico universal (SENNET, 2004a). Diante disso, pretendemos analisar a questão da ruptura dos valores e da ética na pós-modernidade com base em autores que abordam esse assunto, com destaque a Gianni Vattimo, importante filósofo italiano (2002; 2004,2006). Para ele, a tese de Nietzsche de que Deus está morto é que dá sustentação à cultura pós-moderna.
Donizete Rodrigues (2007) inicia o processo de análise da secularização citando a famosa frase de Nietzsche, "Deus está morto", encontrada na obra O Anticristo. Entretanto, para Rodrigues, a modernidade como expressão da cultura protestante ainda não decretaria a morte de Deus. A característica de toda a tradição protestante é a secularização, que enfatiza a racionalidade científica e técnica, a liberdade de pensamento e a autonomia para com as instituições. Isso não significa necessariamente um distanciamento de Deus, mas uma outra forma de se relacionar com o divino. O principal modo de relacionamento é o trabalho, como vocação, Berufung (RODRIGUES, 2007). Desse modo, a pós-modernidade desenvolve uma cultura que pode ser denominada pós-humana e pós-histórica e que se caracteriza pelo niilismo, o vazio de sentido (WESTPHAL, 2004).
Decorrente disso, o estudo de textos de Nietzsche (1981, 1983) é fundamental para compreender a pós-modernidade. A proposta de eliminar a dimensão dos valores morais e das metanarrativas universais em Nietzsche é igualmente encontrada na lógica da pós-modernidade, sobretudo na cultura da exclusão por meio da afirmação do poder (JONAS, 1995).
Semelhantemente ao pensamento moderno, a pós-modernidade também tem sua mística e sua cosmologia (SELL; BRÜSEKE, 2006). O mundo moderno, contudo, vivia das descobertas e de conhecimentos estanques, que descreviam a realidade do mundo de forma precisa. Trata-se de uma concepção que encontramos na interpretação positivista da natureza e da sociedade em Charles Darwin ou em Karl Marx (JAMESON, 2000). Entretanto as verdades universais da modernidade não são mais aceitas (DERRIDA, 1993; CONNOR 1996; HARVEY, 1999). Outras utopias são inventadas.
Conforme Zygmunt Bauman (1998), a ciência pós-moderna cria as contradições entre a tecnologia que prolonga a vida, porém ao mesmo tempo exclui a possibilidade de sua aplicação universal. O vazio de sentido passa a ser o dogma da pós-modernidade. Segundo o filósofo existencialista Karl Jaspers (1975), o niilismo não propõe esperança, mas aprofunda o vazio desesperador, e o mundo é regido por caóticas coincidências.
Atualmente vemos a erosão da visão humanista do homem - da sua centralidade nas relações sociais igualitárias, fraternas e no postulado de liberdade -, tão cara para a modernidade e para as sociedades que se organizaram a partir da razão autônoma de Kant A sociedade pós-moderna radicalizou a máxima do lluminismo, a qual dizia que o ser humano é a medida de todas as coisas.
Ao mesmo tempo, aprofundou a alienação (Entfremdung) do ser humano para consigo mesmo, para com os seus semelhantes e com a natureza. O ser humano passou a ser apenas uma coisa, que existe à medida que interessa ao mercado. Assim, o próprio homem colocou o fundamento conceituai para falar da dignidade do ser humano e estabeleceu os critérios para falar da humanidade do ser humano. Nesse contexto, de acordo com Gianni Vattimo (2002), a pós-modernidade rompe com a noção de história, dilui a visão humanística e rompe com a tradição judaico-cristã, ou seja, a pós-modernidade é pós-humana, pós-histórica e pós-cristã. Segundo ele, o conceito de humanismo e a identidade histórica da cultura ocidental estão fundamentados na tradição hebraico-cristã.
Portanto, na pós-modernidade a desumanização é tida como uma expressão de humanismo. Os critérios que se buscam não estão mais ligados ao falso ou verdadeiro, ao justo ou injusto, mas ao critério da competência e da performatividade, ou seja, da eficiência e da lucratividade. Jean-François Lyotard (1994, p. 150) diz: "A pergunta não é mais se isto é verdade, e sim: para que serve isto? No contexto da mercantilização do conhecimento, esta última pergunta significa mormente: Isto pode ser vendido? E no contexto da escalada do poder: Isto é eficiente?".


A doença para a morte

Entendemos que, de fato, se trata da aplicação do naturalismo antropológico. Tal modelo pensa encontrar este princípio na natureza: o ser humano seria a coroação do processo evolutivo, que, por sua vez, criou muitas formas de vida. Seria a natureza quem poderia nos dar os critérios para o fazer ético? Conforme esse princípio, bom é tudo aquilo que contribui para que o mais forte sobreviva e mau é aquilo que faz com que o mais fraco sobreviva.
Nessa compreensão, o processo de seleção natural privilegia os "bons". Por conseguinte, o processo evolutivo seria visto como algo eticamente bom e desejado. Quais as implicações antropológicas de tal proposta? Rejeitam-se todos os esforços de auxiliar as pessoas inabilitadas, as mais fracas. Segundo essa visão, a natureza quer eliminar a sobrevivência destas e, portanto, não é recomendável que se interfira no processo de seleção natural, ou seja, proteger aquilo que a natureza não quer preservar (WESTPHAL, 2006a).
O direito do mais astuto e do mais forte impõe-se sobre o mais fraco, não importando os prejuízos que o fraco venha a sofrer. O mais ardiloso sempre escapa imune e é o único vencedor. O pecado capital da pós-modernidade é não poder ser vencedor sobre outros. O insucesso tornou-se o pecado imperdoável da pós-modernidade. O que importa é estar no topo, mesmo que a existência tenha sido marcada pela desumanidade (BAUMAN, 2004). Encontramos essa proposta na economia de mercado, de maneira especial.
Para Vattimo (2006), em um mundo no qual Deus está morto dissolveram-se as metanarrativas, os valores universais e a dignidade humana. Kierkegaard (1995), considerado o pai dafilosofia existencialista, falava com razão que a falta de esperança para a eternidade (o desespero) seria a doença para a morte, a prisão radical na qual o ser humano se encontra. A ambigüidade, marcada pelas possibilidades técnicas e pelo seu abuso, também está presente no convívio social. A violência assume hoje proporções ameaçadoras. O ser humano é morto como se fosse objeto; matam-se pessoas sob o pretexto de que elas não têm muito valor.
Bauman (2004) chama atenção para a construção das cidades que originalmente foram projetadas para oferecer segurança. Ao contrário do que se desejava, hoje elas estão associadas ao perigo e à violência. Exemplo disso são as barreiras físicas, os muros, construídos em todas as partes. Na cidade de São Paulo, encontramos essa estética urbana "segregacionista e exclusivista de forma inescrupulosa e desavergonhada" (BAUMAN, 2004, p. 131).
Afluidez do amor, que deteriora as relações humanas e desumaniza o humano, pode ser experimentada na organização arquitetônica e urbanística. Tal concepção de realidade está profundamente ancorada na existência dos homens e das mulheres que nasceram e foram criados em um mundo fluido, que é a sociedade desregulamentada e individualizada, carente de relacionamentos sólidos (BAUMAN, 2004).
Como conseqüência, a distância em relação ao outro e a perda da noção de alteridade. A indiferença no tocante às necessidades do outro torna-se o fundamento de uma cultura fluida. Para Bauman (2004), o líquido mundo moderno consiste em relacionamentos leves, frouxos e descartáveis. Nesse contexto, os relacionamentos são ambivalentes, visto que, de um lado, buscam a segurança do convívio e a mão amiga que lhes dê segurança na aflição e, do outro, não se assumem os compromissos e os encargos para com a mão amiga, como compromisso permanente de fidelidade. As pessoas querem relacionar-se, mas pedem distância; querem usufruir o relacionamento, porém não assumem nem reivindicam compromissos. O que importa é a liquidez do convívio, conforme o interesse e as necessidades de consumo do momento (BAUMAN, 2004).
O critério aplicado para os bens de consumo também passa a ser o critério de utilidade no relacionamento com o outro ser humano. Ele é útil à medida que possa trazer algum benefício. Na pior das condições, o outro pode ser eliminado, pois se perdeu a noção básica de dignidade humana. O psicanalista brasileiro Jurandir Freire Costa (2003, p. 5) diz assim: 
A amoralidade ou imoralidade do consumismo [...] começou a ocorrer quando os corpos e os sentimentos passaram a ser novas "mercadorias" de manipulação comercial e publicitária. A partir daí, o próprio estofo da moralidade, a realidade fisico-emocional humana teve seu valor ético degradado, e a compra de objetos supérfluos se transformou em uma compulsão cega, alheia a seu objetivo inicial, a felicidade emocional privada. Desde então, falamos de um "consumo" de bens materiais ou símbolos de status, sem perceber que o que está sendo verdadeiramente "consumido" é a vitalidade de nossos corpos e mentes, diariamente vendida e comprada, usada e abusada para azeitar a máquina ensandecida do lucro. 

O homem pós-moderno: Dionísio, o Cristo secularizado

Partimos do pressuposto de que há uma relação entre a morte de Deus, decretada pelo teólogo luterano Friedrich Nietzsche (1844-1900), e a desumanização da pós-modernidade. Segundo Nietzsche, Deus morreu e com isso o humanismo morreu. A solidariedade do Übermensch consiste no abandono do amor ao próximo e na opção por aqueles que ele mesmo escolhe, os que lhe são simpáticos. Expressa-se, assim, um processo de seleção e de exclusão.
O Übermensch de Nietzsche não é um super-homem, mas o homem que está além do bem e do mal, do certo e do errado, do ódio e do amor, da vida e da morte, ou seja, é um Übermensch que vive radicalmente o vazio. Por isso, ele precisa viver heroicamente a sua solidão e assumir o lugar de Deus, porque os céus estão vazios: Deus morreu (NIETZSCHE, 1981; WESTPHAL, 2006a).
Conforme Nietzsche (1974, p. 399), "o homem é agora forte o bastante para poder envergonhar-se de uma crença em Deus: agora pode, de novo, fazer o papel do advocatus diaboli ". Assim, na compreensão do autor, temos a desvalorização dos valores supremos, porque a experiência da autenticidade no mundo não é mais possível. Segundo ele, a rigor, a autenticidade é Deus e, porque Deus morreu, a experiência de autenticidade no mundo é uma impossibilidade a ser pensada e experimentada. Vattimo (2002, p. 2) comenta sobre Nietzsche:

Assim - e os exemplos se encontram em toda a parte -, à desvalorização dos valores supremos, à morte de Deus, só reage com a reivindicação - patética, metafísica - de outros valores "mais verdadeiros" (por exemplo: os valores das culturas marginais, das culturas populares, opostos aos das culturas dominantes; a eversão dos cânones literários, artísticos etc).

Para Nietzsche, há dois tipos antagônicos: Dionísio e o Crucificado. Maffesoli tem uma postura favorável à cultura dionisíaca. Segundo ele, Dionísio é afigura emblemática que descreve o nosso tempo e deveriam ser honrados os valores da barbárie, como o hedonismo e o aproveitar intensamente o aqui e o agora (NAZÁRIO, 2008). Ele corrobora esse pensamento da seguinte maneira: "Dionísio é uma figura emblemática que não se preocupa com a ação organizada que é a economia do mundo, nem com a previsibilidade familiar que é a economia sexual" (MAFFESOLI, 2001, p. 132). O pensamento pós-moderno de Maffesoli vem na esteira do pensamento de Nietzsche. O Dionísio é a referência conceituai de Nietzsche (1974, p. 402):

Dionísio contra o "Crucificado": aí tendes a oposição. Não é uma diferença quanto ao martírio, é só que ele tem um outro sentido. A vida mesma, sua eterna fecundidade e retorno, condicionam o tormento, a destruição, a vontade de aniquilamento. No outro caso, o sofrer, o "crucificado como inocente", vale como objeção contra esta vida, como fórmula de sua condenação. - Adivinha-se: o problema é o do sentido do sofrer: se é um sentido cristão, se é um sentido pagão. No primeiro caso, deve ser o caminho para um ser que seja santo; no segundo, o ser vale como santo o bastante para justificar ainda uma monstruosidade de sofrimento. O homem trágico afirma ainda o mais acerbo sofrer: ele é forte, pleno, divinizante o bastante para isso; o cristão nega ainda a sorte mais feliz sobre a terra: ele é fraco, pobre, deserdado o bastante, para em cada forma ainda sofrer com a vida. O deus na cruz é uma maldição sobre a vida, um dedo apontando para redimir-se dela; o Dionísio cortado em pedaços é uma promessa de vida: eternamente renascerá e voltará da destruição.

Os reformadores.que influenciaram decisivamente a modernidade, falavam do ser humano como um ser incurvatus en se (encurvado em si mesmo) (LUTERO, 1993), que é a pessoa ensimesmada, voltada para dentro do seu egoísmo. Todos, sem exceção, somos cativos de nossa própria imagem refletida no espelho. Somos condenados à liberdade de nosso próprio reflexo, que não é idêntico a nós enquanto sujeito. O pecado primordial é que somos prisioneiros do nosso narcisismo.
A geração pós-moderna está apaixonada por si mesma. Nesse sentido, Fromm fala do ser egocêntrico que rompe com todas as relações, porque o homem quer viver heroicamente a sua finitude. Assim, o ensimesmado vive o amor por si mesmo no consumo, uma forma que encontrou para presentear a si mesmo e fazer-se feliz (FROMM, 1981). A lógica do consumo, a imposição dos padrões de beleza, os shopping centers conferem cidadania e identidade às pessoas. O desejo é o impulso de consumir, que por sua vez é a vontade de absorver, devorar e aniquilar. Para Bauman (2004, p. 27),

guiada pelo impulso ("seus olhos se cruzam na sala lotada"), a parceria segue o padrão do shopping e não exige mais que as habilidades de um consumidor médio, moderadamente experiente. Tal como outros bens de consumo, ela deve ser consumida instantaneamente (não requer maiores treinamentos nem uma preparação prolongada) e usada uma só vez, "sem preconceito". É, antes de mais nada, eminentemente descartável.

Assim, a lógica do ser é substituída pelo ter. Não se está mais centrado no caráter da pessoa, na sua honestidade, na solidariedade, mas nas jóias que usa, no carro que dirige, nas roupas que traja. A sociedade moderna é doente por organizar-se em torno do ter. O sentido da existência está no ter e no ser visto e invejado pelos outros.
Segundo Erich Fromm (1981), para a psicanálise o caráter anal pode ser determinante na vida adulta, na medida em que o ser humano concentra suas energias na acumulação de propriedades e de bens materiais. Isso acontece em detrimento dos sentimentos, das emoções, das relações, das palavras e dos gestos. Para o autor, a pessoa que se dedica apenas a ter bens e propriedades está psiquicamente doente e é neurótica. A partir disso, de acordo com ele, poder-se-ia dizer que vivemos numa sociedade constituída pela estrutura do caráter anal, que é indiferente aos vínculos estáveis.
Nesse contexto, Vattimo, em sua crítica a Nietzsche, enfatiza a dimensão do Deus livre e amoroso. Conforme ele, somos aceitos por Deus pela kénosis, que é a humilhação radical e a solidariedade existencial de Cristo com os excluídos do mundo (VATTIMO, 2004). Na concepção de Fromm, cuja origem do pensamento está na tradição hebraica do Antigo Testamento, "sem fé o ser humano será infrutífero, sem esperança e amedrontado até o âmago de seu ser" (1981, p. 50).
 Na esteira da mesma tradição hebraica, Zygmunt Bauman chama atenção para a relação entre humanização e fé, ou seja, o amor ao próximo como um salto de fé é o "ato de origem da humanidade" (2004, p. 98). Assim, a moralidade do amor ao próximo é condição e possibilidade para "a sobrevivência da humanidade no humano" (BAUMAN, 2004, p. 98). Para Vattimo (2006, p. 66),

Lyotard e os teóricos do pós-moderno não viram e não disseram que Nietzsche e Heidegger falam não somente do interior do processo moderno de dissolução das metanarrativas, mas antes de tudo do interior da tradição bíblica. Não é tão absurdo sustentar que a morte de Deus anunciada por Nietzsche é, em muitos sentidos, a morte de Cristo na cruz narrada pelos Evangelhos.

Portanto, a partir da observação de Vattimo, pode-se dizer que a secularização da tradição cristã, expressada com as palavras de ordem de Dionísio ("a vontade de poder"), ameaça os vínculos com a história, com a cultura e gera a degradação dos relacionamentos humanos[1]. Também é verdade que a secularização trouxe grandes benefícios para a humanidade. Vattimo (2004, p. 96-97) sustenta ainda que

o que são na verdade a Europa ou o Ocidente ou a modernidade senão, acima de tudo, civilizações da racionalidade científica, econômica e tecnológica? Essa racionalidade, contudo, tal como nos ensinou Max Weber, e tal como já repetimos ao infinito, não se realizou em nenhuma outra cultura do planeta, mesmo quando presentes todas as outras condições materiais, porque somente no Ocidente agia a tradição religiosa judaico-cristã. O monoteísmo (resumo aqui rápida e toscamente) é a condição para pensarmos a natureza sob a perspectiva unitária de uma ciência física, base indispensável para o domínio tecnológico da própria natureza; enquanto a ética cristã, sobretudo protestante, é a condição para


[1] Análise semelhante àquela de Vattimo é encontrada em Donizete Rodrigues (2007, p. 148).
concebermos o trabalho, a poupança, o sucesso econômico, como imperativos religiosos e, portanto, capazes de suscitarem um empenho profundo e total.

A secularização vive dos benefícios materiais da cultura protestante desconectada do seu referencial religioso. Para Donizete Rodrigues (2007), assim como para Vattimo, a Reforma foi o primeiro e grande movimento de desencantamento do religioso que abriu caminhos para a modernidade. A Reforma Protestante é a ruptura com o religioso, ou seja, é um jeito não religioso de viver a relação com Deus. Esse modo de viver não religioso se dá no trabalho, como vocação, bem como no domínio técnico e científico. Para o protestantismo, não é mais a vocação religiosa que conta, e sim a vocação de transformar o mundo como serviço ao próximo. O serviço a Deus somente acontece pelo serviço concreto ao próximo. Tanto que, conforme Donizete Rodrigues, a secularização e a modernidade são vistas como fenômenos especificamente protestantes. A cultura tecnológica e a felicidade centralizada na riqueza material são expressões da secularização do próprio protestantismo.
A secularização do protestantismo transformou a ética da solidariedade vivida no próximo em obsessão pelo desenvolvimento material. A partir disso, a ingratidão, a inveja e a obsessão pelo consumo transformaram-se em virtudes. A vontade de consumir acaba gerando violência e neuroses. De qualquer forma, a violência rural e a urbana são tão reais e absurdas que muitos filósofos e cientistas têm insistido na necessidade de recuperar a sacralidade da vida e da pessoa humana (dimensão eliminada pela autonomia científica do lluminismo) para que a humanidade não seja vítima de um holocausto global.
Nesse sentido, o psicanalista brasileiro Freire Costa fala da fobia e da repulsa aos estranhos e conhecidos. Uma sociedade marcada pelo convívio inescrupuloso de uma cultura fluida em seus relacionamentos torna-se autofágica. A cultura de Dionísio não somente é criativa, mas é profundamente ensimesmada e destruidora. Para ele, a desregulamentação dos relacionamentos mostra-se na violência generalizada. Freire Costa (2003, p. A22) assim escreve:
Na delinqüência urbana, de forma análoga [à guerra contra o Iraque] para matar não são necessários maiores pretextos. Se a arma está engatilhada e o ímpeto diz sim, ai de quem está à mão! Mata-se a avó por dinheiro para comprar cocaína; uma adolescente de 14 anos morre, porque alguém quis roubar qualquer coisa no metrô e enfrentou o tiroteio da polícia; mata-se um professor universitário porque não deveria estar ali, na hora do assalto; matam-se policiais porque são "policiais", e bandidos porque são "bandidos". Enfim, mata-se, mata-se e mata-se. E o mais duro é que, se perguntarmos qual a verdadeira razão de tantas mortes, a resposta vem nua e crua: mata-se para manter vivo um estilo de vida nefasto e em vias de extinção. As matanças em massa que assistimos exprimem a fúria de um mundo agonizante. Essa monstruosidade social definha e, nos últimos estertores, devora corpos e esperanças, em uma espécie de canibalismo genocida que parece saído das histórias de ficção científica.

Nesse sentido, a solução para a violência não está no aperfeiçoamento do aparato policial nem nas ações meramente técnicas de inclusão social ou de educação formal. A cultura da violência apresenta um vazio existencial profundo, os sentimentos são áridos de compaixão e a consciência nutre-se dos jogos da violência e cria um imaginário voltado à banalização da morte (BAUMAN, 2004; JONAS, 2000).
Para Kierkegaard, ao contrário do que mais tarde preconizava Nietzsche, ser um Ser humano é existir de forma autêntica. Segundo Kierkegaard, isso somente é possível diante da alteridade primordial, que é Deus[1]. Não é por acaso que Heidegger, influenciado por Kierkegaard,


[1] Segundo o estudioso de Kierkegaard, France Farago (2006, p. 173), "a interpretação kierkegaardiana da existência cristã foi transposta por Karl Jaspers em sua obra própria. Mas sobretudo a análise do Dasein de Heidegger parece ser uma apresentação filosófica profana da concepção neotestamentária do ser humano: o homem que existe historicamente no cuidado de si mesmo, sobre um fundo de angústia, no instante sempre renovado da decisão entre o passado e o futuro, determinando se quer se perder no mundo do existente bruto (Vorhanden), do man (a gente; em francês: ori), ou chegar à própria autenticidade no abandono de toda segurança, e na abertura sem reservas ao futuro".

 dizia, com certa pitada de ironia, que "nur noch ein Gott kann uns retten" ("somente um Deus pode nos salvar") (apud VATTIMO, 2006, p. 75). A partir disso, poderíamos pensar o conceito alteridade na condição de ser em abertura ao outro e ao futuro, como condição e possibilidade para uma cultura de autenticidade humana.


Alteridade e autenticidade: pilares para reconstrução

Constata-se que a ausência de valores e de referências e o vazio de sentido são preenchidos por atitudes autodestruidoras por parte de muitos jovens. Há um nexo causai entre a ausência da figura paterna - de uma alteridade autêntica - nos relacionamentos familiares e os filhos dependentes de substâncias psicoativas (FORWARD; BUCK, 1990). Maffesoli (2004, p. 163) afiança acertadamente que a cultura pós-moderna se abre desde o vazio, com vistas ao vazio, que é o niilismo, da seguinte maneira:

Assim, o orgiasmo musical e as drogas que lhe servem de coadjuvantes são um "método" trágico de gritar e viver a eternidade. Uma eternidade imanente, enraizada no húmus. Numa palavra, uma eternidade humana. É um método de criação como outro qualquer, por exemplo, o do trabalho moderno. Neste sentido, o êxtase dionisíaco, que segundo Nietzsche "destrói os limites e as fronteiras da existência", exacerba o corpo individual, exibe-o em espetáculo, para corroborar o corpo coletivo, o corpo da tribo.

De modo semelhante como Nietzsche e Heidegger secularizaram o cristianismo, a cultura pós-moderna, em sua forma dionisíaca, seculariza o Cristo dos cristãos. O vazio é a abertura para a eternidade como evento futuro e para relacionamentos dionisíacos. Essas religações - ou seja, o religioso como religação - acontecem nas suas formas não tradicionais, possivelmente a partir do vazio para o vazio, que é o nihil. Entendemos que a alteridade constitui um instrumento teórico fundamental que ajuda a redirecionar as questões dos valores e a proporcionar o fortalecimento dos vínculos familiares na vida de crianças, adolescentes e jovens nas escolas públicas e particulares, bem como a propor políticas públicas que fortaleçam os vínculos sociais, a construção de sentido e projetos de vida, a fim de superar a cultura do vazio dionisíaco (SENNET, 2004b).
A cultura de cidadania é o resgate da noção de humanidade, somente construída nos processos complexos de alteridade. Os valores cidadãos são, de fato, valores à medida que promovem a causa da dignidade humana. Bauman (2004, p. 103) enfatiza a autenticidade humana do seguinte modo: "Todas as coisas valorosas na vida humana nada mais são que diferentes fichas para a aquisição do único valor que torna a vida digna de ser vivida. Aquele que busca a sobrevivência assassinando a humanidade de outros seres humanos sobrevive à morte de sua própria humanidade".
Essa relação também poderia ser entendida como respeito diante do outro para reconhecer o rosto do outro como alteridade, que está fora do eu narcisista. O foco estaria no processo de conhecimento do outro, expressado nos relacionamentos históricos e interpessoais. O primeiro discurso do outro é o seu rosto, é a sua presença, que lhe dá identidade. Lévinas (1993, p. 59) afirma que "a manifestação do rosto é o primeiro discurso. Falar é, antes de tudo, este modo de chegar por detrás de sua aparência, por detrás de sua forma, uma abertura na abertura".
Inclui-se no processo de humanização o reconhecimento da face do outro (GADAMER, 2002). A mediação para exercer as mais variadas formas de poder é a linguagem nas multifacetadas expressões. A nossa tese fundamental diz que o núcleo e o fundamento de toda a preocupação humanística estão ancorados no outro como alteridade, que tem o direito de poder e de autoridade reconhecido. As possibilidades de respeitar o outro moral são muitas, e suas formas são plurais.
A relação entre o eu e o tu como alteridades mostra-se fundamental para que possa existir cultura, ética e sociedade, pois no convívio concreto entre as subjetividades se constrói o processo cultural. O conceito de eu-tu como alteridade foi tematizado profundamente e de maneira pioneira por Martin Buber (1995). Para ele, "o ser humano se torna eu diante do tu" (1995, p. 28). No outro (a alteridade), ele se revela como também se esconde, e os relacionamentos se densificam e desaparecem. Na troca, paulatinamente, cresce a consciência de sua identidade da mesma companhia e, com isso, da consciência do eu. Na relação com o tu o eu é construído e, na relação, o eu se transforma em um tu para o outro, que por vezes é um eu (BUBER, 1995).
Para o autor, a reação entre o eu e o tu acontece em uma troca permanente de revelar a identidade ao outro e, ao mesmo tempo, de escondê-la. O revelar-se ao outro também implica preservar a identidade ao não revelá-la de todo ao outro. Estamos diante do paradoxo do revelar e do esconder, como processos simultâneos. Desse modo, o ser humano é respeitado em sua autenticidade, não podendo ser coisificado e, com isso, desumanizado. A filosofia de tradição hebraica trabalha com os paradoxos, que ficam explicitados no seguinte: "A palavra que fundamenta o Eu-Tu somente pode ser compreendida como totalidade do ser. A palavra Eu-Tu nunca pode ser falada abarcando todo o ser" (BUBER, 1995, p. 3).
A partir de Buber, a alteridade tornou-se um conceito fundamental para a ética e a cultura, haja vista o outro ser o interlocutor moral. O esforço de compreender o outro exige a noção de dignidade humana, uma vez que a presença do outro comunica solidariedade. Segundo Lévinas (1993, p. 57), os gestos, a linguagem corporal, as linguagens oral e artística revelam e escondem o que é o outro: "Eu me reencontro diante do Outro. Ele não é nem uma significação cultural, nem um simples dado. Ele é primordialmente sentido, pois ele confere à própria expressão, e é por ele somente que um fenômeno como o da significação se introduz, de per si, no ser".
Além de informar, a linguagem, a cultura e a ética caracterizam a própria humanidade do ser. O ser humano tem uma profunda necessidade de se comunicar e estabelecer vínculos e relacionamentos por meio das diferentes formas da linguagem. Tais processos de comunicação são inerentes à vida humana. A comunicação e a ética como expressão cultural podem ser resumidas assim:

Emmanuel Lévinas é conhecido por insistir em que a pergunta "por que eu deveria ser ético" (ou seja, pedindo argumentos do tipo "o que ganho com isso?", "o que essa pessoa me fez para justificar minha atenção?" ou "será que outra pessoa não poderia fazer isso em meu lugar?") não é o ponto de partida da conduta moral, mas sim um sinal de morte, da mesma forma que toda amoralidade começou com a pergunta de Caim: "Serei eu o protetor de meu irmão?" (BAUMAN, 2004, p. 114).


Referências

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
____________. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução de Mauro Gama e Cláudia Martinelli Gama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

BUBER, Martin. Ich und Du. Stuttgart: Philipp Reclam, 1995.

CONNOR, Steven. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1996.
COSTA, Jurandir Freire. A fúria de um mundo agonizante. Folha de São Paulo, São Paulo, le abr. 2003. Caderno Mundo.

DERRIDA, Jacques. Die différance. In. ENGELMANN, Peter (Ed.). Postmoderne und Dekonstruktion: Texte franzõsischer Philosophen der Gegenwart. Stuttgart: Reclam, 1993. p. 76-113.

ENGELMANN, Peter (Ed.). Postmoderne und Dekonstruktion: Texte franzõsischer Philosophen der Gegenwart. Stuttgart: Reclam, 1993.

FARAGO, France. Compreender Kierkegaard. Tradução de Ephraim Alves. Petrópolis: Vozes, 2006.
FORWARD, Susan; BUCK, Craig. Pais tóxicos: como superar a interferência sufocante e recuperar a liberdade de viver. Tradução de Rose Nânie Pizzinga. Rio de Janeiro: Rocco, 1990.
FROMM, Erich. Haben oder Sein: die seelischen Grundlagen einer neuen Gesellschaft. 9. ed. Stuttgart: DTV, 1981.

__________. Ter ou ser? Tradução de Nathanael C. Caixeiro. 4. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1987.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Tradução de Flávio Paulo Meurer. 4. ed. Petrópolis, Vozes, 2002.
HARVEY David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 8. ed. São Paulo: Loyola, 1999.

HUXLEY, Sir Julian. Foreword. In: LORENZ, Konrad. On aggression. Tradução de Marjorie Latzke. Londres: Methuen & Co, 1969. p. 7-13.

JAMESON, Frederic. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. Tradução de Maria Elisa Cevasco. São Paulo: Ática, 2000.
JASPERS, Karl, Was ist Philosophie?: ein Lesebuch. Munique: R. Piper, 1975.
JONAS, Hans. Das Prinzip Hoffnung: Versuch einer Ethik für die Technologische Zivilisation. 17. ed. Frankfurt: Suhrkamp, 2000.

________________. Das Prinzip Verantwortung. 17. ed. Frankfurt Meno: Insel Verlag, 1995.
KIERKEGAARD, Sõren. Die Krankheit zum Tode. Hamburg: Felix Meiner Verlag, 1995.
LÉVINAS, Emmanuel. O humanismo do outro homem. Tradução de Pergentino S. Pivatto. Petrópolis: Vozes, 1993.

LIPOVETSKY, Gilles. Tempo contratempo, ou asociedade hipermoderna. In: LIPOVETSKY, Gilles; CHARLES, Sébastien (Orgs.). Os tempos hipermodernos. Tradução de Mário Vilela. São Paulo: Barcarolla, 2004.

LORENZ, Konrad. A demolição do homem: crítica à falsa religião do progresso. Tradução de Horst Wertig. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983.
_______________. On aggression. Tradução de Marjorie Latzke. Londres: Methuen
& Co, 1969.

LUTERO, Martinho. De servo arbítrio. Tradução de Luis Marcos Sander, Luis Henrique Dreher e llson Kayser. Obras selecionadas. Vol. 4. São Leopoldo: Sinodal, 1993.

___________. Das postmoderne Wissen. 3. Aufl. Wien: Passagen-Verlag,
1994.

______________. O pós-moderno. Tradução de Ricardo Corrêa Barbosa. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
____________ . Randbemerkungen zu den Erzãhlungen. In: ENGELMANN, Peter (Ed.). Postmoderne und Dekonstruktion: Texte franzõsischer Philosophen der Gegenwart. Stuttgart: Reclam, 1993.

MAFFESOLI, Michel. A parte do diabo: resumo da subversão pós-moderna. Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 2004.

___________. Sobre o nomadismo. Tradução de Marcos de Castro. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 2001.

NAZARIO, Luiz. Quadro histórico do pós-modernismo. In: GUINSBURG, J.; BARBOSA, Ana Mae (Orgs.). O pós-modernismo. São Paulo: Perspectiva, 2008. p. 24-42.
NIETZSCHE, Friedrich. Also sprach Zarathustra: Ein Buch für alie und keinen. 3. ed. Augsburg: Goldmann Verlag, 1981.

______________. Obras incompletas. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Série Os pensadores).

______________. Obras incompletas: sobre o niilismo e o eterno retorno, v. 32.
Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Série Os pensadores).
RODRIGUES, Donizete. Sociologia da religião: uma introdução. Porto: Edições Afrontamento, 2007.

RORTY, Richard; VATTIMO, Gianni. O futuro da religião: solidariedade, caridade e ironia. Tradução de Eliana Aguiar e Paulo Ghiraldelli. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2006.
SCHWEIZER, Albert. Kultur und Ethik. München: Beck, 1996.

SELL, Carlos Eduardo; BRÜSEKE, Franz Josef Mística e sociedade. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí; São Paulo: Paulinas, 2006.

SENNET, Richard. A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Tradução de Marcos Santarrita. 8. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 2004a.
_________. Respeito: a formação do caráter em um mundo desigual. Tradução de Ryta Vinagre. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 2004b.

SOUSA SANTOS, Boaventura de. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

VATTIMO, Gianni. A idade da interpretação. In: RORTY Richard; Gianni VATTIMO. O futuro da religião: solidariedade, caridade e ironia. ZABALA, Santiago (Org.). Tradução de Eliana Aguiar e Paulo Ghiraldelli. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2006.
 ___________ Depois da cristandade: por um cristianismo não religioso.
Tradução de Cynthia Marques. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 2004.

____________. O fim da modernidade: niilismo e hermenêutica na cultura
pós-moderna. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

WESTPHAL, Euler Renato. Brincando no paraíso perdido: as estruturas religiosas da ciência. São Bento do Sul: União Cristã, 2006a.

____________ O oitavo dia na era da seleção artificial. São Bento do Sul: União Cristã, 2004.
 Para entender bioética. São Leopoldo: Sinodal, 2006b. 

Fonte: Pro(posições) Culturais, 2010




Nenhum comentário: