Total de visualizações de página

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Antes do nome

Não me importa a palavra, esta corriqueira. 
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, 
os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”, 
o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível 
muleta que me apóia. 


Quem entender a linguagem entende Deus 
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. 
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, 
foi inventada para ser calada. 
Em momentos de graça, infrequentíssimos, 
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. 
Puro susto e terror. 
 
( Adélia Prado ) 


 

Nenhum comentário: