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sexta-feira, 1 de março de 2013

Documento/Monumento - Jacques Legoff

Citações

"A memória coletiva e a sua forma científica, a história, aplicam-se a dois tipos de materiais: os documentos e os monumentos." [535]

"...os monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do historiador."  [535]

"O monumentum  é um sinal do passado. Atendendo às suas origens filológicas, o monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação, por exemplo, os atos escritos."  [535]


"O documento... parece apresentar-se por si mesmo como prova histórica.  A sua objetividade parece opor-se à intencionalidade do monumento. Além do mais, afirma-se essencialmente como um testemunho escrito."  [536]

"A sua única habilidade (do historiador) consiste em tirar dos documentos tudo o que eles contêm e em não lhes acrescentar nada do que eles não contêm. O melhor historiador é aquele que se mantém o mais próximo possível dos textos."  [536]

"...destacando-se de um conjunto de palavras... que tentavam reunir o novos métodos da memória coletiva e da história, ao desejo de, por um lado provar cientificamente... e, por outro lado, ao renovamento da legislação e do direito, o termo 'documento' colocar-se-ia em primeiro plano."  [538]

"Não há história sem documentos."  [539]

"'Não há notícia sem documentos'; e precisava: 'pois se dos fatos históricos não foram registrados documentos, ou gravados ou escritos, aqueles perderam-se. (1971:17)"  [539]

"'A história faz-se com documentos, escritos, sem dúvida. Quando estes existem. Mas pode fazer-se, deve fazer-se sem documentos escritos, quando não existem.  Com tudo o que a habilidade do historiador lhe permite utilizar para fabricar o seu mel, na falta das flores habituais.  Logo, com palavras.  Signos. Paisagens e telhas. Com as formas do campo e das ervas daninhas. Com os eclipses da lua e a atrelagem dos cavalos de tiro. Com os exames de pedras feitos pelos geólogos e com as análises de metais feitas pelos químicos. Numa palavra, com tudo o que, pertencendo ao homem, depende do homem, serve ao homem, exprime o homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem... (Febvre, 1949, ed 1953: 428)"  [540]

"A memória coletiva valoriza-se, institui-se em patrimônio cultural. O novo documento é armazenado e manejado nos bancos de dados. Ele exige uma nova erudição que balbucia ainda e que deve responder simultaneamente às exigências do computador e à crítica da sua sempre crescente influência sobre a memória coletiva."  [542]

"O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder.  Só a análise do documento enquanto monumento permite a memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa."  [545]

"...a história é uma certa maneira de uma sociedade dar estatuto e elaboração a uma massa documental de que se não separa"  [546]

"...a história é o que transforma documentos em monumentos e o que, onde dantes de decifravam traços deixados pelos homens, onde dantes se tentava reconhecer em negativo o que eles tinham sido, apresenta agora uma massa de elementos que é preciso depois solar, reagrupar, tornar pertinentes, colocar em relação, constituir em conjunto." 

"O documento não é inócuo.  É antes de mais nada o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio.  O documento é uma coisa que fica, que dura,. e o testemunho, o ensinamento ( para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados desmitificando-lhe o seu significado aparente.  O documento é  monumento.  Resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro - voluntária ou involuntariamente - determinada imagem de si próprias.  No limite, não existe um documento-verdade.  Todo documento é mentira.  Cabe ao historiador não fazer papel de ingênuo."  [548]

"...um monumento é em primeiro lugar uma roupagem, uma aparência enganadora, uma montagem.  É preciso começar por desmontar, demolir esta montagem, desestruturar esta construção e analisar as condições de produção dos documentos-monumentos."  [548]


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