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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Para descontrair

COMUNICAÇÃO - (Luis Fernando Veríssimo)
[Agosto/2004]



É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome?
"Posso ajudá-lo, cavalheiro?"
"Pode. Eu quero um daqueles, daqueles..."
"Pois não?"
"Um... como é mesmo o nome?"
"Sim?"
"Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima."
"Sim senhor."
"O senhor vai dar risada quando souber."
"Sim senhor."
"Olha, é pontuda, certo?"
"O quê, cavalheiro?"
"Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que está e mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?"
"Infelizmente, cavalheiro..."


"Ora, você sabe do que eu estou falando."
"Estou me esforçando, mas..."
"Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?"
"Se o senhor diz, cavalheiro."
"Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero."
"Sim senhor. Pontudo numa ponta."
"Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?"
"Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós?"
"Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho."
"Sinto muito."
"Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando."
"Eu não estou pensando nada, cavalheiro."
"Chame o gerente."
"Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?"
"É de, sei lá. De metal."
"Muito bem. De metal. Ela se move?"
"Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim."
"Tem mais de uma peça? Já vem montado?"
"É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço."
"Francamente..."
"Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa."
"Ah, tem clique. É elétrico."
"Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar."
"Já sei!"
"Ótimo!"
"O senhor quer uma antena externa de televisão."
"Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo..."
"Tentemos por outro lado. Para o que serve?"
"Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa."
"Certo. Esse instrumentos que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e..."
"Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!"
"Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!"
"É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?"

...
(Fonte: VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comunicação. In: PARA gostar de ler, v.7. 3.ed. São Paulo: Ática, 1982. p. 35-37.) )

3 comentários:

Giulia disse...

Giulia e Daniel 9º2
A coisa
Um indivíduo entra num comércio impróprio à ele , sem saber como explicar sua necessidade de adquirir o objeto, pergunta ao vendedor :
- Boa tarde, gostaria de comprar aquele negócio muito procurado pelos homens.
- Não entendi sua exigência, o senhor poderia explicar melhor?
- Eu e meu marido preferimos preto.
- Me desculpe, ainda não compreendi.
- Aquele duro, que precisa segurar e pressionar com força, para haver efeito – Diz o indivíduo com as mãos demonstrando em tal posição.
O vendedor então se expressa:
- Por favor, isso é um comércio de família, temos já à 4 gerações.
- Não me leve a mal, mas é que eu necessito muito, o senhor não sabe mesmo ? É aquela coisa cabeçuda, cumprida e grossa, que geralmente os homens usam pra bater, e dói , dói muito, quando entra em atrito corporal, uma vez quase chorei por esse motivo, e agora ele que vai sentir a dor, MUAHAHAHAHA!
- Por favor, vá embora, a senhora esta louca!
- Esta bem, eu vou, mas são vocês que vão sair perdendo, fui.
A moça furiosa olha pra trás e pergunta:
- Mas aí não é uma loja de armamento militar ? CASSETETE, lembrei, é isso mesmo, mas agora não irei comprar também.

Gabriel Duarte Ribeiro disse...

O que?

- Bom dia?
- Bom dia.
- O que o senhor deseja?
- Aquilo o que?
-Aquilo que bota no buraco, assim, sabe?
- Não, senhor eu não estou entendendo.
- Mas o senhor não entende nada né ?
- Não senhor, me explique de volta.
- Ah de volta?
- Sim senhor.
- Ta, eu vou explicar.
- Está bem senhor, vamos logo.
- É aquele negócio, que pode ser de vários tamanhos dependendo da pessoa, ah e também é redondo.
- Meu senhor eu ainda não estou entendendo.
- É aquele negócio que enfia no buraco da blusa ou da calça.
- Ah sim! O senhor quer um botão?
- Isso mesmo, desculpe pelo modo de falar mas é que eu tinha esquecido o nome do maldito botão.
- Haha, sim! Vai querer compra-lô?
- Vou sim!
- Então ficou tudo certo senhor?
- Sim, da próxima vez eu trago escrito.
Gabriel Duarte número: 06 9° ano 2

Anônimo disse...

O tal presentinho misterioso

Estava indo em uma loja para comprar um presentinho. Quando entrei, aconteceu uma coisa muito estranha, de repente, eu havia esquecido o que ia comprar, andei pela loja inteira para tentar me lembrar mas não deu certo. A vendedora veio até aonde eu estava e perguntou:
- Olá moça, posso ajudar?
- Pode. Eu queria aquele negócio lá, como que é o nome mesmo?!
- Me explique como é este negócio...
- Ah! Tem de vários tamanhos, vários tipos, você sabe?
- Não, mas isso se usa? Tente me explicar.
- Este negócio é colocado nos buraquinhos.
- Buraquinhos? Como assim?
- Sim. É colocado mais em mulheres mas os homens geralmente também colocam.
- Huuuummm... Já sei, é um...
- Ah! Lembrei o que eu estava querendo comprar, é um piercing é claro.
- Atá, é que eu pensei que era... Deixa pra lá. É para presente?

Lindianara e Bruna 9°2.