Chegança - Antonio Nóbrega
Sou Pataxó,
sou Xavante
e Cariri,
Ianonami,
sou Tupi
Guarani, sou
Carajá.
Sou
Pancararu,
Carijó,
Tupinajé,
Potiguar,
sou Caeté,
Ful-ni-o,
Tupinambá.
Depois que
os mares dividiram os continentes
quis ver
terras diferentes.
Eu pensei:
"vou procurar
um mundo
novo,
lá depois do
horizonte,
levo a rede
balançante
pra no sol
me espreguiçar".
eu atraquei
num porto
muito seguro,
céu azul,
paz e ar puro...
botei as
pernas pro ar.
Logo sonhei
que estava
no paraíso,
onde nem era
preciso
dormir para
se sonhar.
Mas de
repente
me acordei
com a surpresa:
uma esquadra
portuguesa
veio na
praia atracar.
De
grande-nau,
um branco de
barba escura,
vestindo uma
armadura
me apontou
pra me pegar.
E assustado
dei um pulo
da rede,
pressenti a
fome, a sede,
eu pensei:
"vão me acabar".
me levantei
de borduna já na mão.
Ai, senti no
coração,
o Brasil vai
começar.
Diversidade Cultural dos Povos Indígenas
Estima-se
a existência de cerca de 200 sociedades indígenas no Brasil. O número exato não
pode ser estabelecido, na medida em que existem grupos indígenas que vivem de
forma autônoma, não mantendo contato regular com a sociedade
nacional.
Os dados
demográficos das sociedades indígenas de hoje devem ser interpretados à luz do
processo histórico, considerando as formas de contato que cada grupo tem
mantido com a sociedade nacional, os efeitos das epidemias e os confrontos que
tiveram com as frentes de expansão.
A
população dessas sociedades é muito variável, havendo grupos relativamente
numerosos como os Tikuna (20 mil), Guarani (30 mil ), Kaingaing (20 mil ),
Yanomami (10 mil ) e outros como os Ava-Canoeiros, cuja população atual é de
apenas 14 pessoas, o que implica que essa sociedade se encontra seriamente
ameaçada de desaparecer.
As
sociedades indígenas são muito diferenciadas entre si e, normalmente, essas
diferenças não podem ser explicadas apenas em decorrência de fatores ecológicos
ou razões econômicas.
Na década de 50, numa tentativa pioneira de caracterizar as semelhanças e diferenças existentes entre os diversos grupos indígenas brasileiros, o antropologo Eduardo Galvão desenvolveu o conceito de áreas culturais. Esse conceito procurou agrupar todas as culturas de uma mesma região geográfica que partilhavam um certo número de elementos em comum.
Na década de 50, numa tentativa pioneira de caracterizar as semelhanças e diferenças existentes entre os diversos grupos indígenas brasileiros, o antropologo Eduardo Galvão desenvolveu o conceito de áreas culturais. Esse conceito procurou agrupar todas as culturas de uma mesma região geográfica que partilhavam um certo número de elementos em comum.
Assim, os
grupos indígenas do Brasil foram classificados em 11 áreas
culturais: Norte-Amazônica; Juruá-Purus; Guaporé; Tapajós-Madeira; Alto-Xingu;
Tocantins-Xingu; Pindaré-Gurupi; Paraná; Paraguai; Nordeste e Tietê-Uruguai.
A área
cultural do Alto-Xingu, por exemplo, adquiriu sua conformação geográfica a
partir da observação de certos costumes comuns e específicos à maioria dos
grupos indígenas da região. Entre esses costumes, destacam-se: a festa dos
mortos, também conhecida como Kuarup; o uso cerimonial do propulsor de dardos;
o uluri, acessório da indumentária feminina; as casas de projeção ovalada e
tetos-parede em ogiva e o consumo da mandioca como base da alimentação desses
grupos.
Decorridos
quase 50 anos do estudo de Galvão, permanece a ideia, como recurso didático, de
distribuir as sociedades indígenas em áreas, chamando atenção para suas
características específicas e, ao mesmo tempo, assinalando a sua diversidade
cultural.
Considerando o fato de que várias sociedades indígenas se situam em região de fronteira e que circulam pelos países limítrofes ao Brasil- onde vivem parentes e outros grupos com os quais se relacionam-, uma nova configuração classificatória para as sociedades indígenas vem sendo proposta pelo antropólogo Julio Cesar Melatti - as áreas etnográficas - que se estende para toda a América do Sul.
Considerando o fato de que várias sociedades indígenas se situam em região de fronteira e que circulam pelos países limítrofes ao Brasil- onde vivem parentes e outros grupos com os quais se relacionam-, uma nova configuração classificatória para as sociedades indígenas vem sendo proposta pelo antropólogo Julio Cesar Melatti - as áreas etnográficas - que se estende para toda a América do Sul.
Para a
definição das áreas etnográficas foram consideradas, sobretudo, as seguintes
questões: a classificação linguística, o meio ambiente e o contato das
sociedades indígenas entre si e com as sociedades nacionais. A classificação
linguística é importante na medida em que existe um fundo cultural comum às
sociedades que falam línguas relacionadas, fazendo supor que sejam oriundas de
uma única sociedade anterior, mais remota no tempo. Por essa concepção foram
estabelecidas 33 áreas etnográficas para toda a América do Sul.
Bibliografia
Galvão, Eduardo. Áreas culturais indígenas do Brasil 1900 - 1959. Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi, n.s., Antropologia, nº 8, Belém, 1960.
Melatti, Julio C. Índios do Brasil. Hucitec, 1980.
Melatti, Julio C. Índios da América do Sul - Áreas Etnográficas. Brasília, UNB, 1997. 2 vol. (mimeo).
Ricardo, Carlos Alberto. Os Índios e a sociodiversidade nativa contemporânea no Brasil. In "A temática indígena na escola". Mec/Mari/Unesco, 1995.
Nenhum comentário:
Postar um comentário