Objetivos
|
Aprender a escutar; ler; compreender; interpretar; declamar e produzir;
revisar; editar e socializar poemas. Reconhecer e fazer uso do gênero bem
como de recursos característicos do poema como verso, estrofe, rima, linguagem poética, sonoridade e linguagem
figurada; diferenciar eu-lírico de narrador; reconhecer os poemas em suas
mais varias formas; perceber a relação com outros textos lidos; diferenciar
poema de prosa
|
Conteúdos
específicos
|
Recursos da linguagem poética, quanto à sonoridade: rima e ritmo,
e quanto ao significado das palavras: linguagem figurada, conotação e
denotação, metáfora;
Estrofes e Versificação;
Pontuação, como marca expressiva;
Intertextualidade;
Escolha do vocabulário
|
Sequência Didática
1- Compartilhando a proposta de trabalho com os alunos
Inicialmente
apresentar o poema “Delícias” sem mencionar que é um poema
Delícias – (Rosilda da Silva)
Bilhetinho
escondido
enquanto a
professora fala,
caderninho de
perguntas
que a magia
abraça,
bala no canto
da boca,
alívio pra
aula chata...
E
posteriormente questionar que tipo de texto é.
Ouvir todas as respostas (que poderão ser elaboradas em grupos) e anotar
no quadro.
2- Mapeando o conhecimento prévio dos alunos
Verificar se
alguma delas é poema ou poesia e questionar:
Qual é a diferença entre poema e poesia?
|
-
Ouvir as possibilidades de respostas e posteriormente conferir com as
definições corretas - através de um cartaz previamente elaborado, no
datashow, ou em não havendo alternativa, no quadro mesmo;
caso fique somente na oralidade o aluno pode esquecer.
Poesia – É a linguagem que comove, encanta e
desperta sentimentos, confere ao texto (seja ele em versos ou prosa) harmonia
e beleza. É a arte de criar com palavras, está presente no poema.
|
Poema – Obra literária apresentada em versos,
caracterizada pela criatividade e emprego de figuras de linguagem. É a obra que se faz com a poesia e na qual
há a presença do eu-lírico,
|
Atividade diagnóstica
|
|
Se
houver tempo pedir para que os alunos leiam os poemas de seus colegas no cartaz
e depois escolham um para declamar. Nada
impede que o seu próprio poema seja o escolhido.
### FIM DA PIMEIRA AULA ###
3 – Ampliando
o repertório dos alunos
Apresentar
em datashow, cartaz ou em folhas entregues para os alunos alguns exemplos de
variados tipos de poemas. Declamar para os alunos alguns dos poemas levados,
posteriormente solicitar voluntários para declamar outros. É importante que
esse momento inicie com o professor para que os alunos possam observar a
impostação da voz, as pausas, o ritmo, a musicalidade, o entusiasmo e a
segurança no tom de voz.
Professor,
caso não tenha muita habilidade para declamar poemas, favor treinar antes.
Exemplos:
Quadrinhas
Costumei tanto os meus olhos
A namorarem os teus,
Que de tanto confundi-los,
Nem já sei quais são os meus.
|
Quem me dera a liberdade
Que a réstia do luar tem,
Entrava pela janela,
Ia falar do meu bem.
|
Companheiro me ajude
Que eu não posso cantar só.
Eu sozinho canto bem,
Com você canto melhor.
|
Eu
chupei uma laranja,
As
sementes deitei fora.
Da
casca fiz um barquinho:
- Meu
amor, vamos embora
|
Com rimas Em
versos livres ou brancos
A PORTA
(Vinicius de Moraes)
Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.
Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa...)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo neste mundo
Só vivo aberta no céu.
|
Tereza
(Rosilda
da Silva)
Rainha e guerreira és,
no mundo impetrando sua marca,
de mulher sábia e fecunda.
Reza escondido quando não pode
e até quando não quer.
Esmaga com o olhar as
imprevidências
noite adentro se preciso for
e só então balbucia,
já cansada,
com seu toque galhofeiro
de mãe, mulher amada
que a vida necessita de ajustes,
talvez até uma gambiarra,
pois a noite chegou envelhecendo o
dia
e escurecendo o brilho de sua casa
asseada.
|
INVERNO
chuva
fininha,
molha
bobo
e criança
Só não molha velhinha
!
!
!
!
! !
! ! Poema
Cinético ou Visual
Após os
exemplos é interessante conversar com os alunos e perguntar se alguém lembra
outro poema que gostaria de mencionar ou declamar para a turma.
Em seguida,
distribuir livros de poemas na sala ou levar os até a biblioteca da escola para
fazer a leitura de outros poemas de autores diversos.
Professor – verifique com a bibliotecária a possibilidade de
um livro de poemas para cada aluno. Podendo ser de sonetos, quadrinhas,
cordel, haikais, visuais, ou o que houver disponível na escola, de autores
consagrados ou não.
|
Importante – Solicitar que cada aluno empreste um livro e leve
para a leitura diária em casa também.
|
Tarefa
Escolher um poema do qual tenha
gostado e copiar em seu caderno. Não se
esqueça de copiar também o título do poema e o nome do poeta.
Providenciar para a próxima aula cópias
do texto Casa Arrumada, de Carlos Drummond de Andrade, uma cópia para cada
aluno.
### FIM DA SEGUNDA AULA ###
Explique para a classe
que, juntos, vocês vão ampliar a compreensão da linguagem poética, dedicando-se
agora ao estudo específico da metáfora. Aproveite para introduzir o assunto e
conhecer o que pensam os alunos sobre o tema, pergunte:
Você sabe o que é metáfora?
O que é linguagem subjetiva e linguagem objetiva?
Em que a linguagem de um texto científico é diferente da linguagem
de um poema?
Alguém da classe já escreveu um poema? Qual?
Dê um tempo para a classe
discutir as questões em pequenos grupos. Depois, abra uma roda de conversa e
solicite que comentem sobre o que conversaram. Esse momento dará a você uma ideia
do que seus alunos já sabem ou pensam sobre metáfora e linguagem subjetiva e
objetiva. Na roda de conversa, eles estarão expondo o conhecimento prévio que
têm do tema.
Depois de ouvir as respostas dos alunos, distribuir cópias
do texto “Casa Arrumada” de Carlos Drummond de Andrade e realizarem a primeira
leitura, silenciosamente. Em seguida, em voz alta, que poderá ser feita
por um aluno.
Atividades
1
– Leitura do texto “ Casa Arrumada” de Carlos Drummond de Andrade.
Casa Arrumada - Carlos Drummond de
Andrade (1902-1987)
Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.
Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.
Leia atenciosamente cada pergunta antes de responder e volte
ao texto se for preciso tantas vezes quanto necessário para um melhor entendimento.
|
2 – Discuta com um
colega e responda: O texto lido pode ser
considerado um texto poético? Por quê?
Sugestão: Ouvir as respostas de todos ou dos que se
voluntariarem, conforme disponibilidade de tempo. Depois de ouvidas as respostas, explicar que
este é realmente um texto poético e apresentar algumas frases que contenham
figuras de linguagem, como por exemplo: “casa pra mim tem que ser casa e não
centro cirúrgico...”, “Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem
das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar”.
3 – O que significa pra você uma casa arrumada?
Ouvir todos que quiserem
reportar seu entendimento da questão.
4 – Há diferença
entre o que você considera uma casa arrumada e o que sua mãe pensa sobre o
assunto? Comente.
Essa
questão fica mais interessante quando os alunos podem discutir com os colegas,
comentar o que pensam, ouvir o outro e depois então escrever uma resposta em
seu caderno.
5 – Ao
longo de seus anos de estudo, você certamente aprendeu que um texto para ficar bem elaborado não deve
repetir demasiadamente as palavras.
Entretanto, no que você acabou de leu a palavra casa aparece várias
vezes. Em sua opinião, por que isso
acontece?
Sugestão: caso nenhum aluno perceba ou comente que um
texto poético é diferente dos outros, justamente por permitir estas liberdades
na escrita, é tarefa sua, professor, fazer a mediação oportunizando assim uma
reflexão sobre o fazer poético.
6 – Algumas frases do texto terminam com
reticências, como por exemplo:
Aqui tem vida...
|
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
|
Netos, pros vizinhos...
|
Arrume sua casa todos os dias...
|
E, sabendo que as reticências são um recurso para marcar a interrupção de
determinada fala ou pensamento e que servem para dizer muito mais do que “dizer
dizendo”, como podem ser entendidas as reticências usadas nas frases
acima? Discuta com um colega para
responder a questão.
Sugestão: Depois de ouvir
as respostas apresentar o poema “Dá discrição” de Mário Quintana, para ilustrar
o que significa “é mais forte dizer sem dizer do que dizer dizendo”.
“Não te abras com teu
amigo
Que ele um outro amigo
tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...”
7 – A partir do texto “Casa Arrumada”,
elabore 10 frases poéticas juntamente com um colega, apenas deslocando as
palavras do texto, trocando-as de lugar, sem, contudo, mudar as palavras. Crie metáforas, como no exemplo abaixo: da
questão anterior.
Observe
o exemplo:
Reconhecer a casa da gente é uma boa
festa para mim.
As
reticências também podem ser utilizadas, desde que sirvam para aumentar o
significado da frase e diminuir sua extensão.
Observe
o exemplo:
No sofá sem mancha ninguém namora...
Esta é uma atividade que deve ser
corrigida oralmente e de preferência pelo menos uma frase de cada aluno.
Correção da tarefa
A correção poderá ser realizada em
duplas, trocando os cadernos com o colega de trabalho. Os alunos deverão ler os
poemas copiados e averiguar se há alguma figura de linguagem. Destacá-la e explicar o significado oralmente,
após a leitura do poema.
Para criar um ambiente favorável ao
estudo, leve para a classe imagens e breves biografias dos poetas que serão
lidos em sala de aula. Os alunos devem ser solicitados para também
pesquisarem imagens e biografias. Organize um painel num canto da sala com
esse material e dê um título a ele ou faça um concurso entre os alunos para a
escolha do nome da área. Na medida em que o trabalho avançar, ali podem ser
fixados poemas de autores escolhidos pelos alunos ou poemas produzidos por
eles mesmos, que poderão ser tanto em atividades na sala de aula quanto aqueles
desenvolvidos ou criados em casa, com ou sem a orientação do professor. Para iniciar o painel poderá ser afixada a
biografia do poeta Carlos Drummond de Andrade, do texto lido em sala.
|
### FIM DA TERCEIRA AULA ###
4
– Produzindo textos coletivos
Para
iniciar a aula, declamar o poema “Convite”, de José Paulo Paes e posteriormente
ler e afixar a biografia do poeta no painel da sala, bem como o poema
declamado.
Convite – José Paulo Paes (1926 -1998)
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio,pião
de tanto brincar
se gastam.
bola, papagaio,pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
Continuação das atividades da aula anterior
7
– Tendo como exemplo o texto “Casa Arrumada”, em equipes de 3 ou 4 alunos,
elaborar um texto poético sobre a escola.
Sejam criativos, pois a produção final será exposta em mural e no blog
da escola.
Lembre-se: Estes itens os
alunos deverão copiar no caderno, destacando-os, para consultar sempre que
necessário.
Apresente o
tema de forma interessante;
|
Use
linguagem adequada ao gênero;
|
É possível
estabelecer relação com outros textos;
|
Evite o use
de clichês;
|
Esbanje
originalidade;
|
A pontuação
é um recurso bastante expressivo em textos poéticos;
|
Não se
esqueça de que todo texto deve ter um título;
|
Elabore um
primeiro rascunho;
|
Troque
informações e ouça a opinião dos seus colegas e do seu professor;
|
Reescreva-o
quantas vezes você julgar necessário;
|
Preparem-se
para apresentar para a turma antes de elaborar o mural e divulgar no blog.
|
O professor deverá estar passando
nas equipes e verificando a escrita dos textos, colaborando com ajustes
quando necessário, orientando quanto aos aspectos do gênero e do tema e
incentivando a participação de todos os envolvidos. Em cada equipe pela qual
passar, elogiar pelo menos um aspecto da produção, como forma de estímulo
para a continuidade do trabalho.
|
### FIM DA QUARTA AULA ###
Continuação
da atividade da aula anterior
Essa aula deverá ficar para os
alunos passarem seus textos a limpo, fazerem a entrega do mesmo e ensaiarem
para apresentar/declamar, para a turma.
Depois de corrigido pelo
professor, postar o texto no blog.
### FIM DA QUINTA AULA ###
Continuação da atividade da aula anterior
Apresentações dos textos
para a turma
v Para
interagir oralmente é preciso, em qualquer apresentação, se expressar de forma
diferente daquela conversa informal entre os amigos, lembre-se, situações
diferentes exigem produções de fala diferentes.
v Montagem
do mural para exposição, por parte da equipe;
v Digitação
para postagem no blog da escola pela outra parte da equipe.
### FIM DA SEXTA AULA ###
Audição do CD O Prazer da
Poesia de José Mindlin, poema “O
Caso do Vestido” de Carlos Drummond de Andrade de 1978.
Quando lemos um livro de poesias, elas nos emocionam e nos
fazem refletir, buscar interpretações possíveis e tirar conclusões. E se
alguém contar que essa obra foi escrita durante uma guerra, por exemplo,
quando todos os escritores eram perseguidos? Ou chamar a nossa atenção para a
estrutura do poema e nos fizer pensar por que o autor usa cada palavra, cada
figura de linguagem? Com certeza, nossa visão sobre a obra vai mudar e vamos
entender melhor aquele conjunto de versos. É isso que acontece quando se alia
o ensino da literatura às práticas de leitura. Os alunos aproveitam a teoria
para ampliar o olhar sobre os livros.
|
v Discussão do tema “Separação de pais”;
v Leitura silenciosa e individual ouvido
“O Caso do Vestido”;
v Comentar sobre outros textos que
tratem do mesmo tema, como por exemplos nas músicas;
v Lembrar
que para uma obra ser artística é preciso que haja a intenção estética, como no
caso do poema a ser lido.
Caso do Vestido
Carlos
Drummond de Andrade
Nossa
mãe, o que é aquele
vestido,
naquele prego?
Minhas
filhas, é o vestido
de
uma dona que passou.
Passou
quando, nossa mãe?
Era
nossa conhecida?
Minhas
filhas, boca presa.
Vosso
pai evém chegando.
Nossa
mãe, dizei depressa
que
vestido é esse vestido.
Minhas
filhas, mas o corpo
ficou
frio e não o veste.
O
vestido, nesse prego,
está
morto, sossegado.
Nossa
mãe, esse vestido
tanta
renda, esse segredo!
Minhas
filhas, escutai
palavras
de minha boca.
Era
uma dona de longe,
vosso
pai enamorou-se.
E
ficou tão transtornado,
se
perdeu tanto de nós,
se
afastou de toda vida,
se
fechou, se devorou,
chorou
no prato de carne,
bebeu,
brigou, me bateu,
me
deixou com vosso berço,
foi
para a dona de longe,
mas
a dona não ligou.
Em
vão o pai implorou.
Dava
apólice, fazenda,
dava
carro, dava ouro,
beberia
seu sobejo,
lamberia
seu sapato.
Mas
a dona nem ligou.
Então
vosso pai, irado,
me
pediu que lhe pedisse,
a
essa dona tão perversa,
que
tivesse paciência
e
fosse dormir com ele…
Nossa
mãe, por que chorais?
Nosso
lenço vos cedemos.
Minhas
filhas, vosso pai
chega
ao pátio. Disfarcemos.
Nossa
mãe, não escutamos
pisar
de pé no degrau.
Minhas
filhas, procurei
aquela
mulher do demo.
E
lhe roguei que aplacasse
de
meu marido a vontade.
Eu
não amo teu marido,
me
falou ela se rindo.
Mas
posso ficar com ele
se
a senhora fizer gosto,
só
pra lhe satisfazer,
não
por mim, não quero homem.
Olhei
para vosso pai,
os
olhos dele pediam.
Olhei
para a dona ruim,
os
olhos dela gozavam.
O
seu vestido de renda,
de
colo mui devassado,
mais
mostrava que escondia
as
partes da pecadora.
Eu
fiz meu pelo-sinal,
me
curvei… disse que sim.
Sai
pensando na morte,
mas
a morte não chegava.
Andei
pelas cinco ruas,
passei
ponte, passei rio,
visitei
vossos parentes,
não
comia, não falava,
tive
uma febre terçã,
mas
a morte não chegava.
Fiquei
fora de perigo,
fiquei
de cabeça branca,
perdi
meus dentes, meus olhos,
costurei,
lavei, fiz doce,
minhas
mãos se escalavraram,
meus
anéis se dispersaram,
minha
corrente de ouro
pagou
conta de farmácia.
Vosso
pai sumiu no mundo.
O
mundo é grande e pequeno.
Um
dia a dona soberba
me
aparece já sem nada,
pobre,
desfeita, mofina,
com
sua trouxa na mão.
Dona,
me disse baixinho,
não
te dou vosso marido,
que
não sei onde ele anda.
Mas
te dou este vestido,
última
peça de luxo
que
guardei como lembrança
daquele
dia de cobra,
da
maior humilhação.
Eu
não tinha amor por ele,
ao
depois amor pegou.
Mas
então ele enjoado
confessou
que só gostava
de
mim como eu era dantes.
Me
joguei a suas plantas,
fiz
toda sorte de dengo,
no
chão rocei minha cara,
me
puxei pelos cabelos,
me
lancei na correnteza,
me
cortei de canivete,
me
atirei no sumidouro,
bebi
fel e gasolina,
rezei
duzentas novenas,
dona,
de nada valeu:
vosso
marido sumiu.
Aqui
trago minha roupa
que
recorda meu malfeito
de
ofender dona casada
pisando
no seu orgulho.
Recebei
esse vestido
e
me dai vosso perdão.
Olhei
para a cara dela,
quede
os olhos cintilantes?
quede
graça de sorriso,
quede
colo de camélia?
quede
aquela cinturinha
delgada
como jeitosa?
quede
pezinhos calçados
com
sandálias de cetim?
Olhei
muito para ela,
boca
não disse palavra.
Peguei
o vestido, pus
nesse
prego da parede.
Ela
se foi de mansinho
e
já na ponta da estrada
vosso
pai aparecia.
Olhou
pra mim em silêncio,
mal
reparou no vestido
e
disse apenas: — Mulher,
põe
mais um prato na mesa.
Eu
fiz, ele se assentou,
comeu,
limpou o suor,
era
sempre o mesmo homem,
comia
meio de lado
e
nem estava mais velho.
O
barulho da comida
na
boca, me acalentava,
me
dava uma grande paz,
um
sentimento esquisito
de
que tudo foi um sonho,
vestido
não há… nem nada.
Minhas
filhas, eis que ouço
vosso
pai subindo a escada.
Atividades
A literatura, nos seus
mais variados gêneros, pode ou não se utilizar da norma culta. Seu objetivo
não é “ficar dentro das regras”, mas buscar qualquer dialeto ou registro que
melhor consiga expressar a linguagem
do mundo criado por ela, com seus significados.
|
1 – A partir do que foi
exposto sobre literatura e relendo o poema “O Caso do Vestido”, é possível
afirmar que não fazem parte da norma culta? Cite exemplos.
2 – Que outras palavras ou
expressões poderiam ser substituídas por essas que você encontrou?
3 – Relendo os versos destacados abaixo, diga
se estão no sentido figurado – conotativo, ou no sentido real – denotativo.
Caso você considere-os nos sentido figurado, não esqueça de mencionar qual pode
ser o significado deles.
“...chorou no prato da carne...”
|
“...andei pelas cinco ruas...”
|
“...beberia seu sobejo...”
|
4 - Leia
atentamente as questões abaixo antes de começar a responder.
a)
Normalmente quando se usa a palavra mas é
para expressar ideias contrastantes, pensamentos opostos e restritivos. Observe os excertos e dê sugestões de outras
palavras ou expressões que poderiam substituí-la, com sentido equivalente.
“...Eu
não amo teu marido,
me
falou ela se rindo.
Mas posso ficar com ele...”
|
“...não
comia, não falava,
tive
uma febre terçã,
mas a morte não chegava...”
|
“...Eu não tinha amor por ele,
ao
depois amor pegou.
Mas então ele enjoado...”
|
“...não
te dou vosso marido,
que
não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido...”
|
Importante
Várias palavras juntas não podem ser
consideradas um texto. É preciso que
haja entre elas uma ligação, uma conexão entre as ideias, orações e parágrafos
ou versos. É o correto uso dessas palavras, desses conectivos, que faz um texto progredir
estabelecendo sentidos entre suas partes.
5 – A substituição realizada na questão anterior alterou o sentido do
verso? Por quê?
Sugestão: comentar com os alunos que muitas palavras diferentes
desempenham a mesma função, portanto, na hora da escrita, substituir palavras
por outras equivalentes evitando a repetição é um ponto positivo.
Providenciar cópias
para as próximas aulas dos textos e agendar aula na sala informatizada.
Boneca de pano – Zelândia Thomazi Bartti
Dois e dois: Quatro – Ferreira Gullar
A boneca – Olavo Bilac
Mundo Pequeno – Manoel de Barros
Interiores do Musgo – Rita de Cássia Alves
Os Sinos – Manuel Bandeira
Canção do Exílio – Gonçalves Dias
O Filho que eu quero ter – Vinícius de Moraes
Meus oito anos – Cassemiro de Abreu
As Duas Flores – Castro Alves
Sedução – Adélia Prado
### FIM DA SÉTIMA AULA ###
Atividade em pequenos grupos ou duplas
1 - Dividir a turma em
pequenos grupos ou duplas; levar os alunos até a sala informatizada para
pesquisar a biografia dos autores e acrescentar no painel da sala, bem como
pelo menos mais um poema de cada poeta pesquisado. Cada equipe receberá o nome
de um poeta para pesquisar.
### FIM DA OITAVA AULA ###
Atividade de Revisão
1 –
Complete com o que falta, construindo uma unidade de sentido em relação a poema
e poesia.
a-
Pode-se dizer que Poesia é
___________________________________________
_______________________________________________________________________
e que ela pode ser pode ser encontrada textos
como_____________________________
_______________________________________________________________________.
b- Por
outro lado, entende-se por poema___________________________________
_________________________________________________________________
e eles podem se apresentar de diversas formas,
tais como:________________________
_______________________________________________________________________
2 – Assinale a alternativa correta:
É
correto afirmar que os versos brancos são aqueles que:
A – São menores que os demais.
B – São os mais longos dos poemas.
C – Possuem rimas.
D – Não possuem rimas.
Podemos
afirmar que rimas são:
A –
Palavras que tem obrigatoriamente a mesma terminação, como palhaço e estardalhaço
B – A semelhança de sons entre as palavras, sem
necessariamente ter a mesma terminação, como céu e papel.
C- Poemas escritos com
rimas são os que representam o tempo passado.
D – As rimas em um poema
sempre acontecem com as últimas palavras de cada verso.
Em se tratando de estrofes, é possível afirmar que:
A – Todos os poemas são
divididos em estrofes em pelo menos 2 estrofes.
B - É um conjunto de versos.
C - Não é correto construir poemas com mais de
10 estrofes.
D – O menor número de
versos admitido em uma estrofe é 4.
Realizar a atividade individualmente, de preferência, entregar
uma cópia para cada aluno que deverá colar no caderno para possíveis
consultas, se necessário.
Trocar entre os alunos as atividades e fazer a correção oral,
envolvendo a turma para melhor fixação do conteúdo e entendimento do gênero.
|
O restante da aula deverá
ser utilizado para leitura individual de livros de poemas, previamente trazidos
para a sala de aula.
### FIM DA NONA AULA ###
1 – Dividir a sala em equipes, as mesmas da
pesquisa realizada na sala informatizada;
2 – Entregar para cada equipe um poema do autor
pesquisado, que deverá ser lido,
estudado e ensaiado para apresentação;
3 – Explicar que o trabalho poderá acontecer
através de encenação, teatro de
bonecos, fantoches, musical ou de alguma outra forma, bem criativa, para ser
apresentado para outras turmas no dia 14/03 – Dia da Poesia.
4 – Toda a confecção de cenário, ensaios e
outros ajustes para a apresentação deverão ocorrer em sala de aula, tendo em
vista que é norma da escola não permitir trabalhos em grupo como atividades
para casa.
5 – Todos os grupos terão 08 aulas disponíveis
para distribuição de tarefas e organização da performance, construção do
cenário e ensaios.
Lembrar:
|
Recitar com entusiasmo; manter um tom de voz que possa ser ouvido
por todos expressando segurança; dar ritmo e cadência às falas; usar a
criatividade para escolher a forma de apresentar (teatro de bonecos,
fantoches, encenação, musical...); boa postura e respeito com o público é
essencial.
|
### FIM DAS AULAS 10 – 17###
Na
primeira aula depois das apresentações o professor deverá fazer uma avaliação
juntamente com os alunos, do trabalho desenvolvido pelas equipes.
Para incentivar a produção escrita final
do gênero Poema, convidar um poeta local para conversar com os alunos acerca do
fazer poético e para apresentar seu trabalho aos alunos.
Sugestões de alguns autores:
Sandra Pereira
Rita de Cássia Alves
J.B.
Rubens da Cunha
Maria Rosa de Miranda Coutinho
Rita Pabst Martins
### FIM DAS AULAS 18 – 20 ###
5
– Produzindo texto individualmente
Avaliação
final do gênero estudado: Poema
Preferencialmente
realizar a atividade no início da aula, quando os alunos ainda não estão
cansados e se sentem mais dispostos para atividades escritas.
|
Chegou
a hora de você ser o poeta. Releia os poemas recebidos em sala, relembre dos
que foram apresentados pelos colegas, a fala do poeta que visitou nossa escola,
ou outros dos quais você goste, escolha um tema interessante, concentre-se e
solte a imaginação.
Lembre-se:
1 – É obrigatório ser de um tema que
você conheça;
2 – O estilo do poema, e a elaboração
dos versos, com rimas ou brancos,
ficará a critério do aluno;
3 – Use tudo que aprendeu sobre o
gênero para realizar um trabalho bem
feito;
4 – Não esquecer: Sentido figurado –
metáforas - é uma das principais
características da linguagem poética, versos são frases curtas, estrofes
não
são parágrafos, procure não misturar assuntos em um mesmo poema;
5 – Planejar o vai ser escrito,
elaborar, revisar e reescrever são etapas
importantíssimas e que não devem ser esquecidas;
6 - Troque de texto com um
colega, peça que ele leia o seu enquanto você lê o dele.
Verifique se ele seguiu todos os passos
sugeridos, se o título é atraente, sugira
aperfeiçoamentos e correções;
7 -
Aceitar críticas e sugestões nem sempre é tarefa fácil, porém necessária. É hora então
de reescrever seu texto fazendo as
alterações que julgar necessárias.
8
- Depois da escrita final, entregue ao
seu professor para analisar e indicar alterações a
serem feitas.
### FIM DAS AULAS 20 e 21 ###
6 – Revisando e aprimorando o texto – (revisão
coletiva e individual)
Professor, escolha um poema que apresente problemas de
estrutura, falta de características do gênero ou complicações na colocação
das ideias. Converse com o aluno, autor do poema e peça-lhe sua autorização
para construir melhorias no texto juntamente com outra turma. É interessante optar por um texto de outra
turma, não constrangendo nenhum aluno da sala.
Uma boa ideia é digitar o texto e usar o datashow para
apresentá-lo à turma. É importante
explicar que o texto é de algum aluno de outra sala. Apresente o texto, sem, contudo, apresentar
o nome do aluno.
O texto deverá ficar em duas colunas, em uma o original e na
outra as mudanças sugeridas pela turma para melhorá-lo.
Em duplas, as possibilidades de troca de ideias e sugestões são
maiores.
Terminado aprimoramento do poema que serviu como exemplo de
revisão, devolver os textos aos alunos e pedir que baseados no exercício em
conjunto, revisem e melhorem seus próprios textos.
|
Agendar aula na sala informatizada
para digitação dos poemas e posterior postagem no blog da escola
### FIM DAS AULAS 22 e 23 ###
7
– Socializando a produção final
v Resgatar
o texto inicial, aquele que ficou afixado no cartaz em sala de aula, elaborado
como atividade diagnóstica e comparar com o elaborado ao final da sequência
didática. Houve melhora? Em que
aspectos?
v Cada
aluno deverá observar também o outro cartaz, aquele com as biografias e os
textos dos poetas já lidos em sala e comparar a sua produção com a deles. De qual estilo de escrita mais se aproxima mais
se aproxima o seu? Comente.
Os
textos revisados e passados a limpo deverão ser digitados e postados no blog da
escola.
### FIM DA AULA 24 ###
17 comentários:
Adorei sua publicação, sou professora de uma turma multisseriada e estava precisando dessa sequencia. Muito obrigada.
Gostei muito da Sequência Didática, mas o Poema Casa Arrumada fiz algumas pesquisa e a autoria não é de Carlos Drummond de Andrade. Fiz algumas adaptações e estou trabalhando a sequência.
Trabalho maravilhoso. Parabéns!
Prezada Rosilda, com sua licença, estudarei sua sequência com minha turma de "Literatura e Ensino" no PROFLETRAS/UFTM.
Parabéns pelo belo trabalho!
Carlos Morais
Professora Rosilda, com sua autorização farei uso de alguns passos da sequência didática do estudo de poemas.
Parabéns pelas ideias aqui partilhadas
Profa. Líria
em 09/0/2016
Porto União
Excelente trabalho, parabéns. Vai me ajudar bastante no meu trabalho do profletras.
Parabens e obrigada por disponibilizar.Sao pessoas assim que fazem a diferenca.
Parabens e obrigada por disponibilizar.Sao pessoas assim que fazem a diferenca.
Perfeito, mas fiz algumas adaptações...
Parabéns!!
Amei, mas fiz algumas adaptações.
Parabéns!!!
Olá Suzane, obrigada visita. Que bom que você gostou. Forte abraço.
Olá Deize, obrigada pelo carinho. Volte mais vezes. Forte abraço.
Parabéns Rosilda! Muito boa sua sequência didática. Atividades bem articuladas, linguagem acessível e muito dinâmica.
Parabéns , Rosilda! Muito boa sua sequência didática. Atividades bem articuladas, linguagem acessível e muito dinâmica.
Parabéns professora Rosilda muito bem elaborada essa sequência didática.
Parabéns! Sua sequencia além de ser criativa é os materiais usados são acessíveis a todos.
Adorei. Se puder, disponibiliza outras também pra facilitar a vida gente. Vc faz um excelente trabalho. Parabéns.
Postar um comentário