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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Guerra Mundial Z

  Outro filme de zumbi? Que pessoal mais sem criatividade. Talvez essa última afirmação seja mesmo verídica. Mas a recente – e problemática – produção Guerra Mundial Z têm um detalhe que faz toda a diferença: Brad Pitt (O Homem da MáfiaA Árvore da Vida). Quando elucidei evidentes problemas em torno da obra, não falava de seu resultado final, mas dos percalços em refilmarem boa parte da trama. O que gerou certo desgaste entre elenco, direção e estúdio, principalmente pelo custo final ter ficado bem acima do projetado. Creio que talvez a alcunha mais indicada para o objeto de resenha em questão, seja: “O novo filme de Brad Pitt.”, ou até mesmo, “O filme de Zumbi de Brad Pitt.” Perceberam quantas vezes escrevi o nome do marido de Angelina Jolie (Kung Fu Panda 2Salt) em menos de dez linhas? O ator, um boa-praça nato, de fato, sempre atraí os holofotes para suas investidas cinematográficas (muito também por ser eficiente e diversificar seus papéis). Mas Pitt têm uma característica que o difere de outras estrelas hollywoodianas: nunca faz seus personagens serem maiores que os filmes. Alguns verão como uma qualidade, outros um demérito.

Extremamente à vontade na pele do unidimensional Gerry Lane, um ex-agente da ONU acostumado a trabalhar em ações de risco, Brad Pitt entrega uma interpretação deveras caricata, porém, de fácil identificação. Quando uma “epidemia zumbi” inexplicável toma conta do planeta, primeiro o homem precisa salvar sua família, gerando no prólogo os vinte melhores minutos de Guerra Mundial Z. É quando a ameaça se faz mais palpável. Em seguida, com seus entes à salvo em um navio repleto de autoridades trabalhando em prol da solução da crise, Gerry é novamente recrutado para liderar a investigação que irá atrás do paciente zero, ou seja, o primeiro zumbi, e assim trabalhar em uma cura. Nesse sentido, o filme dirigido pelo também eclético Marc Forster - A Última Ceia (2001), Em Busca da Terra do Nunca (2004), Mais Estranho que a Ficção (2006) – vai de encontro a produções como o recente Contágio (2011), de Steven Soderberg e à contramão do estilo da popular série de TV The Walking Dead. Pois diferente de sua parente da telinha que foca nos relacionamentos humanos, usando o mote dos zumbis como pano de fundo, Guerra Mundial Z não tem vergonha em se declarar com um exercício de gêneros. Sejam eles suspense, terror e principalmente ação.
Saltando de país em país – no melhor estilo James Bond – Gerry Lane segue sua linha de investigação caótica. A trama de Guerra Mundial Z tenta elucidar suspense, mistério, mas o espectador calejado sabe muito bem onde tudo vai dar. Então é curioso perceber que existem certas ousadias sintomáticas por parte de Forster e possivelmente da trupe de roteiristas (quatro, ao total, incluindo entre eles Drew Goddard do recente e incensado O Segredo da Cabana). Mesmo que seja velado, existe certo humor, deveras irônico, que permeia boa parte da narrativa. Não se furtando em sacar personagens possivelmente importantes para o desenrolar da trama, zombar de clichês batidos – percebam a cena em que um telefone toca exageradamente iniciando a ação -, ou mesmo atrasar o clímax com um cena sem sentido, gratuita, apenas para tirar sarro da cara da audiência.  Como afirmei em algum momento desse parágrafo, essas condições não são escrachadas e quem não embarcar na proposta, pode sentir certo desconforto, acreditando que o roteiro seja mesmo preguiçoso. Ou até seja, mas, particularmente, diria ser presunçoso. Contudo, uma presunção bem-vinda, assertivamente ancorada  no action-hero minimalista de Pitt.
Tal como o seu (criticado) Quantum of Solace (2008) - olha novamente a referência a 007 -, o diretor alemão Marc Forster concebe um filme em que o protagonista salta sem parar de uma sequência agitada para outra. Existe muito pouco tempo para o personagem pensar, assim como para a audiência. Entre um mini-plot e outro, Gerry arregimenta quase que por um passe de mágica suas idéias e embarca em mais ação. Isoladas, tais sequências  poderiam muito bem funcionar como curtas-metragens. Mas não pensem que Guerra Mundial Z é um filme desconexo. Ao contrário, Forster entrega uma história enxuta e que vai direto ao ponto: abstrair o público com um entretenimento simples e eficaz. O que depõe contra é a condição excessivamente artificial dos zumbis, que de tão irreais, não metem medo em ninguém. Os monstros também mesclam características clássicas dos criados por George A. Romero em A Noite dos Mortos Vivos (1968), com a repaginada que Danny Boyle deu nas criaturas em Extermínio (2002).
Se Guerra Mundial Z não é o filme que muitos esperavam, também não é o fracasso prenunciado. É uma obra simples e com prerrogativas metafóricas esvaziadas. No entanto, feito na medida para agradar em uma sessão despretensiosa ao lado de boa companhia.
Fonte: www.cinema.detalhado.com.br


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