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sábado, 25 de junho de 2011

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A intertextualidade bíblica presente no conto "Virgem Louca, louco beijos", de Dalton Trevisan, bem como a importância da personagem feminina e sua representação social foi o que se propôs como objeto de estudo desta monografia.

Dalton, que iniciou carreira aos 20 anos, com  a Revista Joaquim, construiu sólido trajeto na escrita, mas foi no conto que seu trabalho conquistou grandeza.

O "Vampiro de Curitiba", como ficou conhecido, traz em suas obras o retrato dos excliídos pela sociedade, incorpora o tema da marginalidade e apresenta através de seus personagens o horror da exploração, quando um se converte em objeto para o outro e só resta o gosto da miséria.  Em suas narrativas Trevisan faz críticas e denúncias que vão ao fundo dos acontecimentos.  Essa sua marca de sinceridade e inquietação atinge o leitor porque Dalton apresenta aqueles que são considerados marginais.

O resultado deste estudo que foi dividido em três capítulos, apresenta em cada parte passos fundmentais para a compreensão da escrita daltoniana no conto em questão.


No primeiro capítulo, "Contextualização histórica e social da obra "Virgem louca, loucos beijos", de Dalton Trevisan, optou-se por resgatar elementos que apresentassem a protagonista e a cidade de Curitiba, pano de fundo da obra, com denúncias de uma sociedade em conflito e de indivícuos que se anulam em meio à multidão.  Essas denúncias comprovam o comprometimento do autor com seu leitor,  pois torna público o conhecimento de verdades que ninguém ignora, de verdades que não se esgotam no submundo retratado, mas que são alijadas do espaço social aparentemente imaculado.

Ainda no primeiro capítulo delineou-se um breve traçado sobre a escrita de Dalton, o que em muito ajudou para a análise da obra estudada, que por sinal traz mostras de acurada elaboração e a utilização de uma linguagem direta, enxuta e restrita, mas que revela o poder da escolha de cada palavra e sua alocação.

No segundo capítulo a abordagem realizada foi sobre a recorrêcia da intertextualidade bíblica na literatura, foco de suma importância para este estudo e que produziu resultados interessantes para análise do capítulo seguinte.  Viu-se que nenhum texto é original por si só, mas que tornado possível a partir de outro, pois se repetem e se transformam constantemente.  No caso de Dalton Trevisan e da obra escolhida para a análise, a intertextualidade bíblica presnte no texto se processa de maneira a encontrar em seus leitores uma oposição, pois é comum confundir o literário com o que se considera verdade nos texto bíblico, gerando polêmicas.  Entretanto, observou-se que o literário não nega a significação do outro com o qual está relacionado, mas que produz novos sentidos e que estes devem ser atentamente examinados, como o foram nesta análise, para o desvelamento das novas verdades, denúncias ou críticas.

Já no terceiro capítulo, foi desenvolvida uma retrospectiva histórica do papel da mulher na sociedade, um traçado de mulheres bíblicas, a análise do personagem masculino na ficção de Dalton Trevisan, bem como a analise da protagonisa.

Em primeira instância traçou-se seu perfil histórico, passando pelo surgimento da família, das vitórias e derrotas femininas no âmbito social até chegar à problemática da prostituição, que existiu desde os tempos bíblicos e ainda se faz presente, e é tratada de forma única pelo autor do conto analisado.

Em seguida traçou-se um breve relato de personagens femininas na bíblia, incluindo aquela que dá à protagonista do conto em análise seu apelido Mirinha, a jovem Miriã, buscando-se uma possível aproximação entre ambas.  Percebeu-se dessa forma, que há características nas quais elas são semelhantes.  O desenrolar de suas histórias também se assemelha, permitindo assim uma leitura intertextual. Também foram citadas Maria, mãe de Jesus, e Maria Madalena, pois o nome de Mirinha, apenas uma vez citado no conto, é na verdade Maria.

Partiu-se depois para a análise do personagem masculino, o homem no conto de Dalton, secundário mas indispensável, pois é partindo da relação da mulher com o homem, por vezes o amante, por vezes o pai, que se constrói a história da vida da personagem principal.

Finalmente, faz-se a análise da protagonista Mirinha retomando as relações intertextuais que se acredita estarem presentes na obra,  relações que comprovam o posicionamento crítico do autor diante da sociedade, com suas denúncias por vezes até agressivas.  Mirinha representa, assim, a mulher que faz escolhas erradas, a "virgem louca" que não soube cuidar da sua lâmpada, representa a jovem que retorna ao lar e não é recebida com a mesma efusão que o Filho Pródigo "homem" o é.

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