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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O verbal e o não verbal - Vera Teixeira de Aguiar

Editora - UNESP
Coleção - Paradidáticos
Série - Linguagens e representações
Páginas - 109

9 - Partimos, como o título indica, do pressuposto de que, conhecendo os instrumentos que usamos, nos comunicamos melhor. Então, para manejarmos mais produtivamente as diferentes linguagens, é mister que saibamos de que meio físico se valem, como se organizam e como funcionam. De posse de tais conhecimentos, podemos usá-las com mais eficácia, o que nos garante a descoberta de um mundo novo, onde o cruzamento das mensagens que criamos e recebemos nos identifica como um grupo humano com aspirações comuns.

12 - ...nos conventos, comunicar queria dizer dividir experiências, relacionar consciências.

13 - Todos os significados que encontramos para a palavra comunicação remetem à ideia de relação...

13 - Em todos os casos, é preciso analisar as características do comunicador e do intérprete, a situação de comunicação (próxima ou distante), os códigos utilizados, o contexto da ação, as mudanças de posição dos participantes.

14 - Enquanto relação, a comunicação promove o convívio social entre duas ou mais pessoas.

19 - Quando lemos, o que há de concreto diante de nós é o texto escrito, a mensagem do poeta. Ao nos adentrarmos em suas palavras, nos apossamos do sentimento que elas contêm e que era invisível e comum na vida cotidiana assume nova dimensão e nos provoca, isto é passamos a ver o mundo com outros olhos e a compreendê-lo mais atentamente. Por essas razões, Cecília Meireles pode se referir assim a sua motivação para escrever o poema:

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


23 - Como registra a experiência vivida, o homem acumula informações de toda natureza e lega aos descendentes suas descobertas. Uma nova geração, por seu turno, vai adiante, alargando o patrimônio conquistado. Isso significa que a comunicação humana não se dá apenas de forma horizontal, entre os pares próximos ou distantes de um mesmo momento histórico, mas acontece verticalmente, entre o sujeito e o passado, com o qual ele entra em contato através dos registros deixados por homens de outros tempos, sendo-lhe possível, por essas vias, projetar o futuro.

23 - Cada indivíduo  usufrui da vida em comum, dentro de seu grupo e modifica ele mesmo o modo de ser da comunidade, funcionando como agente do processo de comunicação cultural. Paralelamente, enquanto participa da organização social, constrói a própria subjetividade, pois é no contato com o outro que passa a reconhecer sua identidade. Porque encontra pessoas com ideias, sentimentos e características que lhe são estanhas, consegue avaliar seu modo de ser e definir seu lugar e sua missão no mundo. Por isso, podemos afirmar que é pela comunicação que ele se descobre humano.

24 - Se precisamos estar em constante contato com os outros, é evidente que a comunicação é essencial para a vida humana e a organização social.

27 - ... a língua é um instrumento coletivo, um patrimônio social...

38 - ... por ser imagética, a arte justapõe elementos, salta nexos lógicos e deixa espaços em branco a serem preenchidos pelo receptor.

38 - ... a arte é aberta, não se fecha em uma única interpretação, está sempre pronta para uma nova leitura.

40 - Na linguagem verbal, o significante é a imagem acústica (os sons que formam a palavra cadeira, por exemplo) e o significado é o conceito (como concebemos a cadeira).

41 - ... o significado não é uma "coisa", mas uma representação psíquica da coisa.

41 - ... o significado não é o real nem a fantasia (como uma representação psíquica), mas aquele }"algo" que, quando empregamos o signo, entendemos por ele.

41 - O significante, por seu turno, é sempre material (sons, objetos, imagens) e está ligado a um significado. 

45 - Se na narrativa importam os signos que dizem respeito ao tempo, ao espaço, ao ponto de vista, à construção e às ações das personagens, no poema avultam o ritmo, os jogos sonoros, a imagens. Paulo Leminski nos dá um exemplo de linguagem extremamente econômica:

minha mãe dizia

- ferve água!
- frita, ovo!
- pinga, pia!

e tudo obedecia.

77 - Construída a partir de interesses divergentes, a sociedade civil realiza-se por intermédio de um conjunto de instituições que interagem entre si - família, escola, igreja, polícia, partido político, imprensa, Estado, órgãos culturais, magistraturas etc. - e produzem a divisão social do trabalho, que, por sua vez, gera a luta de classes.

78 - Como a vida social é essencialmente prática e concreta, a missão do intelectual e do artista é a de desvelar a ideologia para transformar o mundo

79 - Para Bakhtin, todo signo é ideológico, pois possui um significado e remete a algo fora de si mesmo.

80 - Todos os signos que criamos estão instalados no mundo em que vivemos, e, como lhes damos um viés ideológico, isso está relacionado com o que defendemos como melhor para nós.  

85 - ... a palavra é o modo mais sensível de relação social, estando presente em destaque no mundo das ideologias, principalmente se considerarmos que todos os outros signos podem ser, e quase sempre são decodificados em palavras.

92 - Estamos no limiar de uma nova era, e há os que afirmam a morte do livro.

92 - ... no papel impresso, dedica-se a uma leitura reflexiva, vertical, concentrada e um tema, passível de ser repetida em qualquer tempo e lugar.

95 - O computador inaugura novos comportamentos dos leitores, permitindo escolhas, cruzamentos, relações em rede. Diante dele, o sujeito cria seu próprio texto, porque pode abrir páginas novas com um mágico clicar e ir estabelecendo uma tessitura combinada segundo seus interesses, sendo possível a cópia de fragmentos que, colados, dão origem a um novo texto. 

96 - Há, sem dúvida, mais liberdade no mundo virtual do computador, mas também maior distanciamento e um sentido provisório de apropriação do texto.
A relação do leitor com o livro impresso é física, corporal, pois ele manuseia o objeto, carrega-o consigo, pode, como dissemos, marcá-lo. Com o computador, a mediação do teclado, e do mouse instaura um afastamento entre o autor, ou o leitor.

101 - Há, no caminho do e-mail ao livro, a intenção de conservar a linguagem que, na rede é instantânea, globalizante, mas efêmera. Por isso, podemos reafirmar que os dois suportes se complementam. Se com o computador a linguagem entra em rede, no livro as modalidades virtuais fazem nascer novos modos comunicativos, que documentam as experiências humanas no tempo e no espaço real.

103 - Fazer perguntas significa conhecer, pois só temos dúvidas, curiosidades, dificuldades a respeito daquilo que já sabemos. Precisamos primeiramente nos apropriar de um objeto do conhecimento, entrar em contato com ele e desvendá-lo, para depois questionarmos sobre aspectos que não dominamos ou sobre as relações que podem ser estabelecidas. 

105 - ... devemos considerar que cada texto dialoga com todos os textos que o antecederam, sendo um portador da história do grupo que o produz.



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