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sexta-feira, 26 de julho de 2013

TÓPICO V – RELAÇÃO ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO

O uso de recursos expressivos possibilita uma leitura para além dos elementos
superficiais do texto e auxilia o leitor na construção de novos significados. Nesse sentido,
o conhecimento de diferentes gêneros textuais proporciona ao leitor o desenvolvimento de
estratégias de antecipação de informações que o levam à construção de significados.

Em diferentes gêneros textuais, tais como a propaganda, por exemplo, os
recursos expressivos são largamente utilizados, como caixa alta, negrito, itálico, etc. Os
poemas também se valem desses recursos, exigindo atenção redobrada e sensibilidade
do leitor para perceber os efeitos de sentido subjacentes ao texto.

Vale destacarmos que os sinais de pontuação, como reticências, exclamação,
interrogação, etc., e outros mecanismos de notação, como o itálico, o negrito, a caixa alta
e o tamanho da fonte podem expressar sentidos variados. O ponto de exclamação, por
exemplo, nem sempre expressa surpresa. Faz-se necessário, portanto, que o leitor, ao
explorar o texto, perceba como esses elementos constroem a significação, na situação
comunicativa em que se apresentam.



D16 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade do aluno em reconhecer os
efeitos de ironia ou humor causados por expressões diferenciadas, utilizadas no texto
pelo autor, ou, ainda, pela utilização de pontuação e notações.

Essa habilidade é avaliada por meio de textos verbais e não-verbais, sendo
muito valorizado nesse descritor atividades com textos de gêneros variados sobre temas
atuais, com espaço para várias possibilidades de leitura, como os textos publicitários, as
charges, os textos de humor ou as letras de músicas, levando o aluno a perceber o
sentido irônico ou humorístico do texto, que pode estar representado tanto por uma
expressão verbal inusitada, quanto por uma expressão facial da personagem. Nos itens
do Saeb, geralmente é solicitado ao aluno que ele identifique onde se encontram traços
de humor no texto, ou informe por que é provocado o efeito de humor em determinada
expressão.

Exemplo de item do descritor D16:


O que torna o texto engraçado é que
(A) a aluna é uma formiga.
(B) a aluna faz uma pechincha.
(C) a professora dá um castigo.
(D) a professora fala “XIS” e “CÊ AGÁ”.

D17 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras
notações.

A habilidade que pode ser avaliada por este descritor refere-se à identificação,
pelo aluno, dos efeitos provocados pelo emprego de recursos da pontuação ou de outras
formas de notação, em contribuição à compreensão textual, não se limitando ao seu
aspecto puramente gramatical.

Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual é requerido do aluno que
ele identifique o sentido provocado por meio da pontuação (travessão, aspas, reticências,
interrogação, exclamação, etc.) e/ou notações como, tamanho de letra, parênteses, caixa
alta, itálico, negrito, entre outros. Os enunciados dos itens solicitam que os alunos
reconheçam o porquê do uso do itálico, por exemplo, em uma determinada palavra no
texto, ou indique o sentido de uma exclamação em determinada frase, ou identifique por

que usar os parênteses, entre outros.

Exemplo de item do descritor D17:


Angeli. Folha de São Paulo, 25/04/1993.

No terceiro quadrinho, os pontos de exclamação reforçam idéia de
(A) comoção.
(B) contentamento.
(C) desinteresse.
(D) surpresa.

D18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada
palavra ou expressão.

Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade do aluno em reconhecer a
alteração de significado decorrente da escolha de uma determinada palavra ou
expressão, dependendo da intenção do autor, a qual pode assumir sentidos diferentes do
seu sentido literal.

Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual o aluno é solicitado a
perceber os efeitos de sentido que o autor quis imprimir ao texto a partir da escolha de
uma linguagem figurada ou da ordem das palavras, do vocabulário, entre outros.

Exemplo de item do descritor D18:

“Chatear” e “encher”

Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”. Chatear é assim:
você telefona para um escritório qualquer da cidade.
— Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
— Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo:

— O Valdemar, por obséquio.
— Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
— Mas não é do número tal?
— É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
— Por favor, o Valdemar chegou?
— Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca
trabalhou aqui?
— Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
— Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo.
— Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado? O outro desta vez
esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
— Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?

CAMPOS, Paulo Mendes. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, v.2, p. 35.

No trecho “Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar” (l. 7), o emprego do termo
sublinhado sugere que o personagem, no contexto,

(A) era gentil.
(B) era curioso.
(C) desconhecia a outra pessoa.
(D) revelava impaciência.

D19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos
ortográficos e/ou morfossintáticos.

A habilidade que pode ser avaliada por meio deste descritor, refere-se à
identificação pelo aluno do sentido que um recurso ortográfico, como, por exemplo,
diminutivo ou, aumentativo de uma palavra, entre outros, e/ou os recursos
morfossintáticos (forma que as palavras se apresentam), provocam no leitor, conforme o
que o autor deseja expressar no texto.

Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual se requer que o aluno
identifique as mudanças de sentido decorrentes das variações nos padrões gramaticais
da língua (ortografia, concordância, estrutura de frase, entre outros). no texto.

Exemplo de item do descritor D19:

A CHUVA

A chuva derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os
transeuntes. A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A
chuva enfureceu as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua
cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de
canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu
brilho prateado. A chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou
os guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva
caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o pára brisa.
A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A chuva com a sua crina.
A chuva encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas. A chuva de pingos pretos.
A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A chuva sem pena. A
chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os livros. A chuva
corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de vidro. A chuva
inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva multiplicando insetos. A chuva
sobre os varais. A chuva derrubando raios. A chuva acabou a luz. A chuva molhou
os cigarros. A chuva mijou no telhado. A chuva regou o gramado. A chuva arrepiou
os poros. A chuva fez muitas poças. A chuva secou ao sol.

ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1996.

Todas as frases do texto começam com "a chuva".
Esse recurso é utilizado para

(A) provocar a percepção do ritmo e da sonoridade.
(B) provocar uma sensação de relaxamento dos sentidos.
(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva.

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