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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Sobre Tipologia do Discurso - Eni Puccinelli Orlandi

Citações 

"...toda formação discursiva se caracteriza por sua relação com a formação ideológica... Essa afirmação traz no bojo a contrariedade da noção de sujeito... os processos discursivos não têm sua origem no sujeito."  [218]

"A distinção das duas espécies de contexto de situação - o imediato, ou de enunciação, e o amplo ou sócio-histórico, ideológico - está refletida nas diferentes formas com que se constituem as diversas tipologias."  [218]

"...ocorre, normalmente, é que todas as análises de discurso supõem uma tipologia.  Isto significa, a meu ver, duas coisas: a) que a tipologia é condição necessária da análise e b) que o tipo está inscrito nas condições de produção do discurso sob dois aspectos: enquanto modelo e enquanto atividade."  [219]


"...o fato de se usar uma ou outra tipologia dá uma direção à análise.  Diante de um material a ser analisado, o fato de se utilizar uma ou outra tipologia resultará em um recorte que é seletivo, isto é, que salientará este ou aquele dado, este ou aquele traço.  Acreditamos ainda que a escolha da tipologia não se faz "em abstrato" mas deriva da concepção de discurso do analista, da sua posição em relação ao problema da ideologia, do modelo de análise que utiliza, do domínio de conhecimento no qual se insere, etc." [220]

"...escolha da tipologia, na análise, deriva dos objetivos da análise proposta. Além disso, na relação com os objetivos, entra um outro fator, também decisivo, que é o da natureza do texto.  Assim, são esses dois fatores em sua relação que consideramos como dominantes na escolha da tipologia que vai fazer parte das condições de produção da análise:  objeto da análise.  são esses fatores, em sua relação, que determinam a tipologia adotada na análise de qualquer discurso."  [220]

"Maingueneau (1976) diz que análise de discurso tem por especificidade procurar construir modelos de discurso articulando estes modelos sobre condições de produção."  [220]

"...em Dubois, temos a distinção de tipos de discurso segundo distinções da enunciação: a tensão, a distância, a modalidade e a transparência."  [221]

"...os objetivos da análise determinam fortemente a forma da tipologia adotada."  [221]

"J. Rey-Debove(1971) que considera três modos de dizer, segundo o discurso citado: a) modo do como ele diz (intertextualidade: diálogo com outros textos), b) modo do como se diz (discurso com encadeamento de lugares-comuns, dicionário de ideias recebidas: código linguístico que o eu não assume completamente) e c) o modo do como eu digo (citações de si mesmo: se opõe ao como se diz, violenta o código das unidades linguísticas ao mesmo tempo que a ideologia).  Ainda uma outra forma de se considerar a distinção, relativa ao discurso citado é a que assume que todo discurso é ao mesmo tempo referido e referidor. Referidor, porque contém sempre uma análise dos outros discursos, responde sempre a um outro discurso e prevê outro (é a questão da intertextualidade).  Referido, porque é sempre no interior de instituições que possuem regras precisas - que determinam quem pode falar, sobre que tema, em que momento, etc. - que os discursos são produzidos; logo, se encontram encaixados em sistemas referidores (tendo ou não uma forma linguística).  [223]

"...todo discurso deve ser referido a uma formação ideológica, isto é, há uma relação necessária entre discurso e ideologia."  [224]

"Gostaria de citar, inicialmente, Halliday (1976), cuja definição de registro permite uma distinção tipológica. Para ele, o registro é definido por 'traços linguísticos tipicamente associados com uma configuração de traços situacionais.  Quanto mais especificamente se pode caracterizar o contexto de situação, mais especificamente se podem predizer as propriedades do texto nessa situação'... o registro define a substância do texto (o que o texto significa), pois o registro é um 'contexto de significados, a configuração de modelos semânticos que são tipicamente delineados em condições específicas, junto a palavras e estruturas que são usadas na realização desses significados."  [226]

"Em relação à sociolinguística, seria interessante observar que, a partir do conceito de variação social e estilística e através da noção de registro, pode-se estabelecer uma clara distinção de discursos: o discurso formal e o informal (Labov, 1976)."  [227]

"Há ainda distinções que remetem a diferenças de classe: o discurso da classe média, da alta burguesia, etc.  Ou diferentes tipos estabelecidos pelas divisões sociais em geral:  da mulher, do homem, do negro, do caboclo, etc.  Assim como há distinções de discurso que remetem à ideologia em geral:  o discurso dominante e os outros que se relacionam com ele no processo de dominação.  Sem esquecer, também, as distinções em termos de profissões: o discurso médico, o terapêutico, o dos economistas, etc."  [228]

"...na análise do discurso, o objeto da explicação é o discurso e a unidade de análise é o texto."  [229]

"O texto reflete essa duplicidade de sua constituição: enquanto objeto teórico, o texto não é um objeto acabado; enquanto objeto empírico, o texto pode ser um objeto acabado (um produto) com começo, meio e fim.  Quando o consideramos na perspectiva da análise de discurso, lhe devolvemos sua incompletude, pois o referimos a suas condições de produção."  [229]

"...é possível procurar no texto o que faz com que ele funcione, e é essa sua qualidade discursiva; paralelamente, é no texto, na sua materialidade específica (seus traços) que se constitui a discursividade."  [230]



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