Total de visualizações de página

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O Morcego


Meia noite. Ao meu quarto me recolho. 
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde: 
Na bruta ardência orgânica da sede, 
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. 


"Vou mandar levantar outra parede..." 
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho 
E olho o tecto. E vejo-o ainda, igual a um olho, 
Circularmente sobre a minha rede! 

Pego de um pau. Esforços faço. Chego 
A tocá-lo. Minh'alma se concentra. 
Que ventre produziu tão feio parto?! 
                                                                    
A Consciência Humana é este morcego! 
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra 
Imperceptivelmente em nosso quarto! 

Augusto dos Anjos






Nenhum comentário: