Total de visualizações de página

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Matriz de Língua Portuguesa de 8ª série - PROVA BRASIL

Comentários sobre os Tópicos e Descritores
Exemplos de itens

TÓPICO I – PROCEDIMENTOS DE LEITURA
Os textos nem sempre apresentam uma linguagem literal. Deve haver, então, a
capacidade de reconhecer novos sentidos atribuídos às palavras dentro de uma produção
textual. Além disso, para a compreensão do que é conotativo e simbólico é preciso
identificar não apenas a idéia, mas também ler as entrelinhas, o que exige do leitor uma
interação com o seu conhecimento de mundo. A tarefa do leitor competente é, portanto,
apreender o sentido global do texto, utilizando recursos para a sua compreensão, de
forma autônoma.

É relevante ressaltar que, além de localizar informações explícitas, inferir
informações implícitas e identificar o tema de um texto, nesse tópico, deve-se também
distinguir os fatos apresentados da opinião formulada acerca desses fatos nos diversos
gêneros de texto. Reconhecer essa diferença é essencial para que o aluno possa tornarse
mais crítico, de modo a ser capaz de distinguir o que é um fato, um acontecimento, da
interpretação que é dada a esse fato pelo autor do texto.



D1 – Localizar informações explícitas em um texto.
A habilidade que pode ser avaliada por este descritor, relaciona-se à localização
pelo aluno de uma informação solicitada, que pode estar expressa literalmente no texto
ou pode vir manifesta por meio de uma paráfrase, isto é, dizer de outra maneira o que
se leu.

Essa habilidade é avaliada por meio de um texto-base que dá suporte ao item,
no qual o aluno é orientado a localizar as informações solicitadas seguindo as pistas
fornecidas pelo próprio texto. Para chegar à resposta correta, o aluno deve ser capaz
de retomar o texto, localizando, dentre outras informações, aquela que foi solicitada.
Por exemplo, os itens relacionados a esse descritor perguntam diretamente a
localização da informação, complementando o que é pedido no enunciado ou
relacionando o que é solicitado no enunciado, com a informação no texto.

Exemplo de item do descritor D1:

A assembléia dos ratos
Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa
velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de
morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembléia para o
estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos
miados pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
— Acho – disse um deles - que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe
atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e
pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa idéia. O projeto foi aprovado com
delírio. Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
— Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoç o de Faro-
Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo.
Todos, porque não tinham coragem. E a assembléia dissolveu-se no meio de
geral consternação.
Dizer é fácil - fazer é que são elas!
LOBATO, Monteiro. in Livro das Virtudes – William J. Bennett – Rio de
Janeiro:
Nova Fronteira, 1995. p. 308.


Na assembléia dos ratos, o projeto para atar um guizo ao pescoço do gato foi
(A) aprovado com um voto contrário.
(B) aprovado pela metade dos participantes.
(C) negado por toda a assembléia.
(D) negado pela maioria dos presentes.

D3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade de o aluno relacionar
informações, inferindo quanto ao sentido de uma palavra ou expressão no texto, ou
seja, dando a determinadas palavras seu sentido conotativo.
Inferir significa realizar um raciocínio com base em informações já conhecidas, a
fim de se chegar a informações novas, que não estejam explicitamente marcadas no
texto. Com este descritor, pretende-se verificar se o leitor é capaz de inferir um
significado para uma palavra ou expressão que ele desconhece.

Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual o aluno, ao inferir o
sentido da palavra ou expressão, seleciona informações também presentes na
superfície textual e estabelece relações entre essas informações e seus
conhecimentos prévios. Por exemplo, dá-se uma expressão ou uma palavra do texto e
pergunta-se que sentido ela adquire.

Exemplo de item do descritor D3:

O Pavão

E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um
luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na
pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d´água em que a luz
se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes
com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é
a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e
esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de
teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 120)

No 2º parágrafo do texto, a expressão ATINGIR O MÁXIMO DE MATIZES significa o
artista
(A) fazer refletir, nas penas do pavão, as cores do arco-íris.
(B) conseguir o maior número de tonalidades.
(C) fazer com que o pavão ostente suas cores.
(D) fragmentar a luz nas bolhas d’água.

D4 – Inferir uma informação implícita em um texto.
As informações implícitas no texto são aquelas que não estão presentes
claramente na base textual, mas podem ser construídas pelo leitor por meio da realização
de inferências que as marcas do texto permitem. Alem das informações explicitamente
enunciadas, há outras que podem ser pressupostas e, conseqüentemente, inferidas pelo
leitor.
Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade de o aluno reconhecer
uma idéia implícita no texto, seja por meio da identificação de sentimentos que dominam
as ações externas dos personagens, em um nível básico, seja com base na identificação

do gênero textual e na transposição do que seja real para o imaginário. É importante que
o aluno apreenda o texto como um todo, para dele retirar as informações solicitadas.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto, no qual o aluno deve buscar
informações que vão além do que está explícito, mas que à medida que ele vá atribuindo
sentido ao que está enunciado no texto, ele vá deduzindo o que lhe foi solicitado. Ao
realizar esse movimento, são estabelecidas de relações entre o texto e o seu contexto
pessoal. Por exemplo, solicita-se que o aluno identifique o sentido da ação dos
personagens ou o que determinado fato desperte nos personagens, entre outras coisas.

Exemplo de item do descritor D4:

O IMPÉRIO DA VAIDADE
Você sabe por que a televisão, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os
músculos torneados, as vitaminas milagrosas, as modelos longilíneas e as academias de
ginástica? Porque tudo isso dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala do afeto e do respeito entre
duas pessoas comuns, mesmo meio gordas, um pouco feias, que fazem piquenique na praia?
Porque isso não dá dinheiro para os negociantes, mas dá prazer para os participantes.
O prazer é físico, independentemente do físico que se tenha: namorar, tomar milk-shake,
sentir o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço, ficar em casa sem fazer nada. Os
melhores prazeres são de graça - a conversa com o amigo, o cheiro do jasmim, a rua vazia de
madrugada - , e a humanidade sempre gostou de conviver com eles. Comer uma feijoada com
os amigos, tomar uma caipirinha no sábado também é uma grande pedida. Ter um momento de
prazer é compensar muitos momentos de desprazer. Relaxar, descansar, despreocupar-se,
desligar-se da competição, da áspera luta pela vida - isso é prazer.
Mas vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se se tornou um problema. O prazer
gratuito, espontâneo, está cada vez mais difícil. O que importa, o que vale, é o prazer que se
compra e se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da competição. Estamos submetidos a
uma cultura atroz, que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neuróticos. As filhas precisam ser
Xuxas, as namoradas precisam ser modelos que desfilam em Paris, os homens não podem
assumir sua idade.
Não vivemos a ditadura do corpo, mas seu contrário: um massacre da indústria e do
comércio. Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais gorda, não
porque querem que sejamos mais saudáveis - mas porque, se não ficarmos angustiados, não
faremos mais regimes, não compraremos mais produtos dietéticos, nem produtos de beleza,
nem roupas e mais roupas. Precisam da nossa impotência, da nossa insegurança, da nossa
angústia.
O único valor coerente que essa cultura apresenta é o narcisismo.

LEITE, Paulo Moreira. O império da vaidade. Veja, 23 ago. 1995. p. 79.

O autor pretende influenciar os leitores para que eles
(A) evitem todos os prazeres cuja obtenção depende de dinheiro.
(B) excluam de sua vida todas as atividade incentivadas pela mídia
(C) fiquem mais em casa e voltem a fazer os programas de antigamente.
(D) sejam mais críticos em relação ao incentivo do consumo pela mídia.

D6 – Identificar o tema de um texto.
O tema é o eixo sobre o qual o texto se estrutura. A percepção do tema
responde a uma questão essencial para a leitura: “O texto trata de quê?” Em muitos
textos, o tema não vem explicitamente marcado, mas deve ser percebido pelo leitor
quando identifica a função dos recursos utilizados, como o uso de figuras de linguagem,
de exemplos, de uma determinada organização argumentativa, entre outros
A habilidade que pode ser avaliada por meio deste descritor refere-se ao
reconhecimento pelo aluno do assunto principal do texto, ou seja, à identificação do que
trata o texto. Para que o aluno identifique o tema, é necessário que relacione as
diferentes informações para construir o sentido global do texto.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto para o qual é solicitado, de
forma direta, que o aluno identifique o tema ou o assunto principal do texto.

Exemplo de item do descritor D6:

A PARANÓIA DO CORPO
Em geral, a melhor maneira de resolver a insatisfação com o físico é cuidar da parte
emocional.
LETÍCIA DE CASTRO

Não é fácil parecer com Katie Holmes, a musa do seriado preferido dos teens, Dawson's
Creek ou com os galãs musculosos do seriado Malhação. Mas os jovens bem que
tentam. Nunca se cuidou tanto do corpo nessa faixa etária como hoje. A Runner, uma
grande rede de academias de ginástica, com 23 000 alunos espalhados em nove
unidades na cidade de São Paulo, viu o público adolescente crescer mais que o adulto
nos últimos cinco anos. “Acho que a academia é para os jovens de hoje o que foi a
discoteca para a geração dos anos 70”, acredita José Otávio Marfará, sócio de outra
academia paulistana, a Reebok Sports Club. "É o lugar de confraternização, de diversão."
É saudável preocupar-se com o físico. Na adolescência, no entanto, essa
preocupação costuma ser excessiva. É a chamada paranóia do corpo. Alguns exemplos.
Nunca houve uma oferta tão grande de produtos de beleza destinados a adolescentes.
Hoje em dia é possível resolver a maior parte dos problemas de estrias, celulite e
espinhas com a ajuda da ciência. Por isso, a tentação de exagerar nos medicamentos é
grande. "A garota tem a mania de recorrer aos remédios que os amigos estão usando, e
muitas vezes eles não são indicados para seu tipo de pele”, diz a dermatologista Iara
Yoshinaga, de São Paulo, que atende adolescentes em seu consultório. São cada vez
mais freqüentes os casos de meninas que procuram um cirurgião plástico em busca da
solução de problemas que poderiam ser resolvidos facilmente com ginástica, cremes ou
mesmo com o crescimento normal. Nunca houve também tantos casos de anorexia e
bulimia. "Há dez anos essas doenças eram consideradas raríssimas. Hoje constituem
quase um caso de saúde pública”, avalia o psiquiatra Táki Cordás, da Universidade de
São Paulo.
É claro que existem variedades de calvície, obesidade ou doenças de pele que
realmente precisam de tratamento continuado. Na maioria das vezes, no entanto, a
paranóia do corpo é apenas isso: paranóia. Para curá-la, a melhor maneira é tratar da
mente. Nesse processo, a auto-estima é fundamental. “É preciso fazer uma análise
objetiva e descobrir seus pontos fortes. Todo mundo tem uma parte do corpo que acha
mais bonita”, sugere a psicóloga paulista Ceres Alves de Araújo, especialista em
crescimento. Um dia, o teen acorda e percebe que aqueles problemas físicos que
pareciam insolúveis desapareceram como num passe de mágica. Em geral, não foi o
corpo que mudou. Foi a cabeça. Quando começa a se aceitar e resolve as questões
emocionais básicas, o adolescente dá o primeiro passo para se tornar um adulto.
CASTRO, Letícia de. Veja Jovens. Setembro/2001 p. 56.

A idéia CENTRAL do texto é
(A) a preocupação do jovem com o físico.
(B) as doenças raras que atacam os jovens.
(C) os diversos produtos de beleza para jovens.
(D) o uso exagerado de remédios pelos jovens.

D14 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

O leitor deve ser capaz de perceber a diferença entre o que é fato narrado ou
discutido e o que é opinião sobre ele. Essa diferença pode ser ou bem marcada no texto
ou exigir do leitor que ele perceba essa diferença integrando informações de diversas
partes do texto e/ou inferindo-as, o que tornaria a tarefa mais difícil.
Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade de o aluno identificar, no
texto, um fato relatado e diferenciá-lo do comentário que o autor, ou o narrador, ou o
personagem fazem sobre esse fato.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto, no qual o aluno é solicitado a
distinguir partes do texto que são referentes a um fato e partes que se referem a uma
opinião relacionada ao fato apresentado, expressa pelo autor, narrador ou por algum
outro personagem. Há itens que solicitam, por exemplo, que o aluno identifique um trecho
que expresse um fato ou uma opinião, ou então, dá-se a expressão e pede-se que ele
reconheça se é um fato ou uma opinião.

Exemplo de item do descritor D14:

No mundo dos sinais

Sob o sol de fogo, os mandacarus se erguem, cheios de espinhos.
Mulungus e aroeiras expõem seus galhos queimados e retorcidos, sem folhas, sem
flores, sem frutos.
Sinais de seca brava, terrível!
Clareia o dia. O boiadeiro toca o berrante, chamando os companheiros e o
gado.
Toque de saída. Toque de estrada.
Lá vão eles, deixando no estradão as marcas de sua passagem.
TV Cultura, Jornal do Telecurso.

A opinião do autor em relação ao fato comentado está em
(A) “os mandacarus se erguem”
(B) “aroeiras expõem seus galhos”
(C) “Sinais de seca brava, terrível!!”
(D) “Toque de saída. Toque de entrada”.

Nenhum comentário: