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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Manhã




Estou 
e num breve instante 
sinto tudo 
sinto-me tudo 
 
Deito-me no meu corpo 
e despeço-me de mim 
para me encontrar 
no próximo olhar 


 
Ausento-me da morte 
não quero nada 
eu sou tudo 
respiro-me até à exaustão 
 
Nada me alimenta 
porque sou feito de todas as coisas 
e adormeço onde tombam a luz e a poeira 
 
A vida (ensinaram-me assim) 
deve ser bebida 
quando os lábios estiverem já mortos 
 
Educadamente mortos 
 
(Mia Couto) 

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