Mais um final de férias chegando. Tenho somente mais dois dias. Certamente que vou aproveitá-los ao máximo. Dessa vez quero fazer tudo o que não fiz nos outros anos. Ou seja, nada. Isso mesmo, nadinha de nada. Vou deixar pra arrumar a casa quando voltar a trabalhar, talvez então tenha mais vontade, pois vou precisar me encontrar dentro dela. Durante esses dois dias quero ficar de pernas pro ar, assistir tv, rever os amigos queridos, passear, ler, ler muito e curtir a vida. Afinal de contas, eu estou de férias... pelo menos por enquanto.
Dia desses, conversando com meu filho não pude acreditar no que estava ouvindo. O garoto me dizia que não aguentava mais de saudades da escola e me perguntou se ainda faltava muito pra as férias terminarem. Pode isso?! Quando questionei o porquê daquela ansiedade ele me disse simplesmente que não sabia responder. Mas em seus olhinhos era como se pudesse ver uma fogueira ardendo dentro dele. Saudade dos amigos, das brincadeiras (que nós adultos já não conseguimos entender), do futebol e o desejo por novas descobertas. Só então percebi que a mágica é invisível aos olhos. É preciso ter um coração puro e sensível para despertar os sentidos e permitir que a magia aconteça.
Entretanto, vivenciar cenas como essa não é algo muito comum, mas valeu a experiência e o aprendizado. É possível observar com isso que a arte de produzir estímulos que encantam e seduzem os pequenos na escola ainda se faz presente. E, portanto, aos professores, um grande obrigado, porque desencadear vibrações tão boas assim é para poucos.
Em um outro momento estávamos curtindo nossos presentes natalinos, quando ele, que entre tantas coisas ganhou também uma assinatura de revistas em quadrinhos (foram 8 exemplares e aproximadamente 600 páginas) reclamou em pleno meados de janeiro que já não tinha mais nada para ler.
Meu lado maternal ficou feliz da vida... uau, um filho leitor, que maravilha! Mas o escorpião que estava dentro do bolso me picou algumas vezes. Estou paralisada até agora. Percebo que será preciso render-me. Não me preocupar em entender de finanças e abraçar uma boa causa, pois como Machado de Assis afirmou "só as grandes paixões são capazes de grandes ações".
A infância bem se sabe, é um período de grande desenvolvimento, tanto físico quanto psicológico e, é nela que a complexa arte da leitura deve ser iniciada, pois deve tonar-se um hábito e um prazer, além de um desafio. Entretanto, o exercício de ensinar o hábito da leitura nas escolas não se encaixa muito bem com a prática de fazer simpatizantes entre os alunos. Pode até não dar certo, mas só vou saber se arriscar.
Mas isso já é um assunto para ser pensado, discutido e trabalhado depois dos meus dois últimos e merecidos dias de férias.
Rosilda da Silva
